Dificilmente o Washington Capitals chegará à pós-temporada. Mas o hóquei no gelo é o esporte onde os "milagres" acontecem — desde que seja fisicamente e matematicamente provável, claro. A lógica depende de quem a faz no gelo, e a situação dos Caps é mais ou menos essa.
Nas duas últimas temporadas pós-locaute, os Caps ficaram em último lugar na sua divisão e em penúltimo na Conferência, ostentando também um dos últimos lugares da Liga. Esse desempenho foi uma repetição exata do que aconteceu na última temporada pré-locaute, 2003-04. A temporada 2002-03 foi a última vez que o Washington, que ainda era liderado por Jaromir Jagr, viu a luz da pós-temporada no fim do túnel, mas caiu logo de cara diante de seu rival de divisão Tampa Bay Lightning em seis jogos.
Após o fracasso da temporada 2003-04 veio o recrutamento do fenômeno Alexander Ovechki, o locaute, a primeira (e fracassada) temporada pós-locaute, o retorno de Alexander Semin, mais uma temporada por água abaixo... e assim a temporada 2007-08 também se encaminhava, com o agravante da ameaça de perda de Ovechkin. Quando todos acreditavam na não-renovação de Ovie com os Caps, o jogador surpreende, com um contrato de 13 anos e um discurso piegas de que seu sonho é ganhar uma Copa para Washington.
Se Ovie estava sendo ou não piegas com esse papo de alta fidelidade aos Capitals, não dá pra saber. Mas o fato é que após a renovação do #8, o time melhorou consideravelmente, largando as últimas colocações e se colocando num patamar onde a vaga para a pós-temporada permanece distante, mas não inalcançável, como foi o caso das temporadas anteriores. Na verdade, o Washington começou a campanha bem, com três vitórias nas suas três primeiras partidas — Thrashers, Hurricanes e Islanders. Daí veio a queda. Dos dez jogos seguintes, apenas duas vitórias e oito derrotas secas, sem abocanhar um pontinho sequer nas prorrogações. Em 30 de novembro, TheSlot.com.br comentou a possibilidade da não-renovação de Ovechkin. Em 1º de dezembro, os Capitals deram início a um basta na temporada horrenda que vinham protagonizando e passaram a realizar campanha regular, alternando vitórias e derrotas, com um número de vitórias surpreendentemente superior. Em 14 de janeiro, os Caps renovaram com Ovie por 13 anos, rendendo nova capa em TheSlot.com.br.
Atualmente em 11º na Conferência Leste com 66 pontos, os Capitals pagam o preço de sua campanha sofrível nos meses de outubro e novembro, quando perderam 18 dos 26 jogos que disputaram — dessas 18 derrotas, em apenas duas somaram um ponto, levando o jogo à prorrogação. Tivesse tido um começo de temporada regular pelo menos instável, mas não catastrófico, os Caps agora teriam mais chances de brigar por uma vaga na pós-temporada. Possibilidade, existe. Mas dificilmente o Washington alcança o Buffalo Sabres, 8º colocado com 71 pontos, e mesmo número de jogos: 64. Não é uma diferença simples de ser tirada.
Dia-limite na Capital Federal
Tem gente que espera as negociações de última hora para tirar (ou colocar) alguma carta da (na) manga. Esse é o caso do Washington Capitals. O clube teve a disposição Ilya Bryzgalov, colocado na lista de desistências pelo Anaheim Ducks em novembro. Não se manifestou e um goleiro excelente e promissor foi agüentar o calor do Arizona, transferindo-se para o Phoenix Coyotes. Se estavam insatisfeitos com o trabalho do reserva Brent Johnson para cobrir as ausências de Olaf Kölzig, Bryzgalov seria uma opção sensacional — embora a situação de reserva em Washington não fosse agradar a Bryza. De qualquer forma, os Caps esperaram a data-limite para conseguir seu suplente. No final das contas, apareceu uma boa opção: Cristobal Huet. O francês veio para a capital estadunidense em troca de uma escolha de segunda rodada no recrutamento de 2009.
Mas Huet foi a última transação da tarde em Washington. Antes, as águias-carecas da capital já haviam cedido Joe Motzko em troca de Alex Giroux, em negociação realizada junto ao Atlanta Thrashers; e passaram Matt Pettinger ao Vancouver Canucks por Matt Cooke. O mais incrível de tudo é como Sergei Fedorov ainda consegue chamar atenção. Uma temporada e mais um pouco em Anaheim, ainda no tempo de Mighty Ducks, foi suficiente para que a gerência percebesse que Fedex já não fazia mais a menor diferença, como nos tempos de Red Wings. Foi mandado para Columbus, onde ainda se segurou duas temporadas e meia, com desempenho regular. Agora desembarca em Washington. Qual a diferença que Fedorov pode fazer hoje em dia? Em troca, os Caps mandaram Ted Ruth para os Jackets.
Talvez os Capitals acreditem que Fedorov possa render num time de bons atacantes como Ovechkin, Semin e Viktor Kozlov, coincidentemente (ou não?), todos russos. O ataque não é a área mais deficiente do Washington. Mais uma vez, o trabalho irregular da defesa compromete toda a campanha. Mas um reforço para Ovie e Nicklas Backstrom pode ser bem vindo. Só me pergunto se valeria abrir mão de Ruth, um defensor, posição que os Caps tanto precisam, por um central veterano que há um bom tempo demonstra uma queda considerável de potencial.
No final das contas, Huet é uma boa resposta a um problema básico na defesa — as ausências de Kölzig. Se Fedorv tem algo a acrescentar no ataque, depende em muito da forma que será escalado. Obviamente, Fedex não será o coração da equipe. Nem mesmo o braço direito, função que cabe a Backstrom e a Semin. Num papel consideravelmente coadjuvante, o desempenho regular do russo-sensação de outrora pode funcionar.
Assim como no rinque, os Caps demoraram demais para acordar nas transações, esperarando até o dia-limite. Acabaram conseguindo duas transações badaladas. Para quem não depende de si para chegar à pós-temporada, é pouco. Mas talvez o Capitals esteja pensando um pouco mais na frente, e daí, o que vier ainda em 2007-08 é lucro. Então não custa nada arriscar. No hóquei, muitas vezes, acreditar é a resposta