Há uma grande onda sobre as grandes negociações — leia-se Brad Richards/Dallas Stars, Marian Hossa/Pittsburgh Penguins e Brian Campbell/San Jose Sharks — e todas com razão. Mas vale destacar ainda os dois times que fizeram movimentos tidos como medianos, mas que se reforçaram como poucos: Washington Capitals e Colorado Avalanche, ambos na briga por uma vaga nos playoffs. E ainda, a timidez (na venda ou na compra) dos times canadenses, todos eles.

Vamos então a uma breve análise sobre como cada time sai desse dia-limite.

Anaheim Ducks
Embora o histórico de Brian Burke não corrobore, eu esperava que o Anaheim fosse um grande comprador no dia-limite. Encarei as (corretas) declarações de Brian Burke (algo como "comete-se mais erros perto do dia-limite do que durante todo o resto do ano") como despiste, mas ele seguiu à risca o que falou. Nada de Hossa, os Ducks fizeram pequenas e pontuais adições, apenas para compor elenco. Seguem fortes como poucos, já que os maiores reforços são justamente os que retornaram da "aposentadoria", Teemu Selanne e Scott Niedermayer. Para mim é o time a ser batido nos playoffs, mas que deve encontrar rocha atrás de rocha na disputadíssima Conferência Oeste.

Atlanta Thrashers
Eu tenho dificuldade de acreditar que o Atlanta não conseguiu melhores ofertas por Hossa, mas aqui cabe a avaliação pessoal de cada um quanto aos prospectos enviados pelos Pens. Analisando o potencial de um jogador, nem sempre se chega a uma mesma conclusão (lembram-se de um desconhecido François Beauchemin envolvido na troca por Sergei Fedorov?).

Boston Bruins
Para quem estava cotado para tentar Hossa, os Bruins nada fizeram e ficaram para trás.

Buffalo Sabres
Diante dos fantasmas Chris Drury e Daniel Briére, os Sabres fizeram o que tinha de ser feito. E foram bem recompensados com uma primeira escolha e com um bom e jovem jogador, Steve Bernier, por Brian Campbell.

Calgary Flames
Estático. Sem mercado por Alex Tanguay, eles são um dos vários times que poderiam ter encarecido o preço de Vaclav Prospal.

Carolina Hurricanes
Depois da boa troca com os Senators, em que chegaram Joe Corvo e Patrick Eaves, os Canes trouxeram Tuomo Ruutu. Não é nada, não é nada... não é nada mesmo.

Chicago Blackhawks
Andrew Ladd para um time que sonhava trazer um grande atacante é uma baita decepção. Mas é o que restou aos Hawks.

Colorado Avalanche
Peter Forsberg, Adam Foote e Ruslam Salei. Eis um time muito bem reforçado para conseguir chegar aos playoffs e mostrar que a temporada passada foi apenas um percalço na história recente da franquia. Vai depender muito das condições de Forsberg, é claro, mas vale o risco. Acredito que muitos subestimam o impacto que as chegadas de Foote e de um motivado e 100% Forsberg podem fazer ao time, que já conta com o retorno de seus três principais jogadores. De meros concorrentes aos playoffs, os Avs podem tornar-se pedra no sapato dos grandes do Oeste. Ressalte-se ainda a quebra de palavra de Forsberg, que, dias antes, anunciara que não atuaria na NHL nesta temporada.

Columbus Blue Jackets
Se você é torcedor do Columbus, o que diz de uma gerência que, estando na disputa para conseguir chegar pela primeira vez na vida aos playoffs, resolve rifar jogadores importantes do time em vez de se reforçar? A postura da gerência não chega a surpreender, é verdade. Afinal, o Columbus parece existir mesmo somente para apanhar ou para ser o time do futuro.

Dallas Stars
O time que atualmente já é o melhor da NHL deve tornar-se ainda melhor — mas isso vai depender de Brad Richards mostrar que a nova casa também traz uma nova motivação. Isso porque seus últimos tempos no Tampa Bay não eram dos mais interessantes, sobretudo para um jogador que ainda não chegou aos 30 anos de idade. Eu tenho reticências sobre toda a onda feita para cima de Richards, mas reconheço que ele era o melhor central disponível, ainda que por um salário absurdo.

Detroit Red Wings
Com o time defenestrado na defesa, e com um vasto histórico de obtenção de defensores no dia-limite, o gerente Ken Holland saiu a campo e conseguiu o rodado Brad Stuart. Talvez fosse o segundo melhor defensor disponível. Muitos acreditavam que os Wings tentariam algum atacante médio, mas o mercado não estava bom nesse aspecto.

Edmonton Oilers
Nada fez.

Florida Panthers
Nada relevante a comentar.

Los Angeles Kings
Eles agradeceriam muito se Rob Blake tivesse abdicado da clásula que impede sua troca, mas foi em vão. Restou então rifar Brad Stuart e J. S. Aubin por três escolhas razoáveis. Muito pouco para reformular um time.

Minnesota Wild
Chris Simon?! É para aterrorizar?

Montreal Canadiens
Talvez o grande derrotado no dia-limte. Estavam cotados para trazer alguém de peso — ao menos era isso que a gerência dava a entender. Ficaram na expectativa de Hossa até o fim, apenas para ver o Pittsburgh levar. Sem Plano B, os Habs ficaram a ver navios. Para piorar, cederam o bom goleiro Cristobal Huet por uma mera escolha de segunda rodada, numa das mais estranhas negociações do dia. Resumo: os Habs saíram mais fracos do dia-limite.

Nashville Predators
Jan Hlavac traz alguma profundidade, nada além disso.

New Jersey Devils
Um bom e sólido defensor como Bryce Salvador por alguém que talvez venha a ser algo (Cam Janssens) foi excelente negócio para os Devils. Martin Brodeur agradece a grande jogada de Lou Lamoriello.

New York Islanders
Pequenas trocas pouco significativas, mas o principal foi a renovação do bom central Mike Comrie.

New York Rangers
Quatro jogadores chegaram, dois se foram, e nenhum deles adiciona ou subtrai muita coisa.

Ottawa Senators
A real movimentação veio um pouco antes, com a contratação de Cory Stillman numa troca 2 x 2 com o Carolina. Stillman é um bom jogador, escolado em playoffs, que deve fortalecer ainda mais o time. A adição de Martin Lapointe conta pouco a esta altura da carreira do jogador.

Philadelphia Flyers
Jaroslav Modry é um bom defensor e Vaclav Prospal talvez fosse o melhor atacante de segunda linha disponível no mercado, e os Flyers pagaram pouco por este último. Ótimo negócio, ótimo reforço para a equipe baqueada por contusões importantes e concorrente séria a uma vaga nos playoffs.

Phoenix Coyotes
Dois jogadores chegaram, três se foram, e nenhum deles adiciona ou subtrai muita coisa.

Pittsburgh Penguins
Se já eram um time em franca e longa ascensão na temporada, os Pens agora são um sério candidato ao topo da Conferência Leste. Com o craque Marian Hossa no jovem e ofensivo elenco, não há time na liga que vá jogar aberto contra eles. E o mais interessante: além de o preço pago por Hossa não ter sido exagerado, ele não foi parar nos rivais diretos, Ottawa ou Montreal, que também eram sérios candidatos. Próximo passo é verificar como será a adaptação de Hossa ao jovem grupo.

St. Louis Blues
Difícil de acreditar que eles não conseguiriam algo melhor por Bryce Salvador, mas ao menos renovaram com Barret Jackman.

San Jose Sharks
Qualquer time que obtenha o melhor defensor disponível no dia-limite será um time mais forte. O mais importante é que o estilo completo de Brian Campbell encaixa-se como uma luva nas necessidades da equipe. O preço pago não foi baixo, e ainda trouxeram um bom reserva para Evgeni Nabokov: Brian Boucher, aquele que um dia bateu o recorde de shutouts consecutivos numa temporada.

Tampa Bay Lightning
Belo trabalho da gerência. Desfizeram-se do pesado salário de Brad Ricahrds, trouxeram um goleiro seguramente melhor do que todos que já passaram por lá desde Nikolai Khabibulin, trouxeram bons atacantes para complementar elenco e ainda renovaram com Dan Boyle por mais seis anos.

Toronto Maple Leafs
Sabotados por seus dois principais jogadores (Mats Sundin e Tomas Kaberle), que insistem em afundar junto com a tripulação, os Maple Leafs fizeram o que foi possível: livraram-se de três medianos jogadores, mas só obtiveram escolhas médias em retorno. Não conseguiram interessados sequer no gordo salário de Brian McCabe. Muito pouco para o que precisavam, e ainda precisam, fazer.

Vancouver Canucks
Para um time que precisa de mais ofensividade, os Canucks deixaram o bonde passar.

Washington Capitals
Atenção para um novo Sergei Fedorov, motivado e com novos ares. Mais atenção ainda para Cristobal Huet, que pode tomar o posto de goleiro titular de Olaf Kolzig — se ele defender como vinha fazendo em Montreal, o posto será dele. E, já que o foco é os playoffs, Matt Cooke chega para infernizar adversários.

• Capa
• Editorial
• Prorrogação
• Uma lacuna preenchida. E as outras?
• De volta
• Paddock, você está demitido!
• Trocas e mais trocas
• O fim de uma era em Tampa Bay
• Os 50 de Sarajevo
• Retomando o caminho
• Tentando alugar a Copa
• Plano frustrado
• Vencedores e derrotados do dia-limite
• Irmãos de Sangue
• Dá pra acreditar nos Capitals?
• O preço da aposta em Price
• Sorte não muda só pelo recrutamento