Por: Eduardo Costa

Difícil não vincular Brad Richards à maior conquista da história do Tampa Bay Lightning.

Foi ele que manteve sua equipe viva nas séries contra Philadelphia Flyers e Calgary Flames. Na finalíssima da Stanley, contra a equipe de Alberta, marcou o único gol da quarta partida, impedindo que os Flames abrissem 3-1 na série, uma desvantagem deveras brutal. Ele apareceria novamente no jogo seis, marcando dois tentos fundamentais para que existisse uma sétima partida a ser disputada do St. Pete Times Forum.

O final da história todos sabem. A Copa foi pela primeira vez para a Flórida e, por seu brilho naquela pós-temporada, Richards acabou imortalizado como o vencedor do Troféu Conn Smythe de 2004. Mas o tempo, aliado a realidade do teto salarial, pode ser cruel. Tampa arriscou ao dar aos seus três ases ofensivos, Vincent Lecavalier, Richards e Martin St. Louis, felpudos contratos. Esse risco acabou não rendendo dividendos para a franquia.

Desde que assinou por cinco anos, recebendo módicos US$ 7,8 milhões por cada um deles, Richards mergulhou fundo nas águas turvas e burocráticas da inconsistência, com produção desproporcional ao alto saldo. Nos dois primeiros anos desse contrato, o atleta acumulou -54 no +/-. 

Recentemente o time fez o mesmo com o defensor Dan Boyle, a peça mais sólida do setor. Foi dado a Boyle um contrato de seis anos, com valor agregado de US$ 40 milhões. Com isso se tornou imperativo um corte substancial. Algum dos três ídolos máximos da franquia teria que sair. A escolha óbvia seria Richards.

Enquanto isso, no Oeste, o Dallas Stars, time mais quente da conferência no momento, buscava alguma peça valiosa para sua engrenagem. As lembranças da
ineficiência ofensiva contra os Canucks nos últimos playoffs ainda estão bem vivas para os membros alta cúpula da equipe texana.

Para não faltar gás novamente, a franquia, munida de um bom pacote de atletas e uma grande parcela de desespero, acabou batendo na porta do gerente geral dos Bolts, Jay Feaster.

O Tampa Bay, além de aliviar sua folha salarial, recebeu o especialista em cobranças de pênaltis Jussi Jokinen, que deve ter espaço em uma das duas principais linhas do time. De Dallas também chegou o veterano central Jeff Halpern. A parte mais atrativa do pacote para os Bolts é Mike Smith, um goleiro que sempre apareceu bem nas poucas chances que teve nos Stars. Smith será mais um a tentar resolver um problema que perdura em Tampa Bay desde a saída de Khabibulin para os Blackhawks em 2005. Certamente não era o nome mais desejado pela torcida dos Bolts — que chegou a sonhar com Turco —, mas é melhor do que nada (Marc Denis).

Para a vaga de Smith os Stars agora possuem Johan Holmqvist, que, felizmente para a torcida dos Stars, esquentará banco para Turco. Além do supracitado
Richards.

Richards é um central bem mais durável e dono de um histórico bem mais rico em jogos de pós-temporada que Mike Ribeiro, o destaque ofensivo dos Stars, que, fiel aos ensinamentos do extinto mágico Harry Houdini, costuma desaparecer na hora H.

Outro atleta da posição, Mike Modano, apesar de ainda ser a face da franquia, já está, infelizmente, em curva descendente na carreira. Em suma, Richards chegará para consumir muitos minutos de gelo por partida.

Muitos estão corretos em afirmar que os Stars poderiam conseguir algo melhor, em especial por esse valor, na entressafra, mas se trata de uma equipe que deseja vencer agora. Por isso, adicionar Richards é o risco que os Stars tinham mesmo que correr para se tornar um real candidato a Copa Stanley de 2008.

A primeira estrela em Dallas

Pense em uma noite perfeita.

Ana Hickmann e Heineken? Boas escolhas. Mas não é disso que estou falando. Pense em uma noite perfeita para quem inicia um ciclo na NHL.

Que tal pontuar já em seu segundo turno e estabelecer alguns recordes pessoais e da franquia, ao contribuir com cinco assistências em uma vitória por 7-4 sobre o Chicago Blackhawks? 

Pois foi esse o cartão de visitas de Brad Richards, em seu debut com a camisa do Dallas Stars.

Nem o mais otimista torcedor da equipe texana poderia prever uma atuação tão produtiva. Provavelmente o treinador Dave Tippett, que usou o novo reforço até mesmo na primeira linha de sua equipe de vantagem numérica, também não.

Agora usando o n.º 91, já que o 19 está aposentado pela franquia, em homenagem ao extinto Bill Masterton, Richards pela primeira vez anotou cinco pontos em um jogo.  Esses cinco passes para gols também era algo inédito para a franquia desde que ela se mudou de Minnesota para o Texas.

E ninguém aproveitou melhor os 19:16 minutos em que o ex-Bolts permaneceu no gelo da American Airlines Arena do que o finlandês Niklas Hagman, que foi para casa com os discos de seu primeiro hat trick na mais prestigiosa das ligas de hóquei.

Seria insano esperar que todos os jogos no horizonte terminarão com êxito parecido para Richards, mas o homem de US$ 7,8 milhões, pelo menos em sua primeira impressão, justificou o arriscado investimento.

Já na Flórida...

Tampa Bay Lightning segue firme em sua jornada rumo ao fundo do poço da liga. Contra o Minnesota Wild o time chegou à sua quinta derrota consecutiva. Também viu o treinador John Tortorella chutar o balde, ao criticar, severamente, alguns atletas em plena coletiva pós-jogo.

Pelo menos poupou as novas faces da organização.

A estréia mais esperada era a de Mike Smith. Assumidamente nervoso pelo desafio, o goleiro chegou a roubar a cena ao parar Marian Gaborik em dois contra-ataques, geralmente mortais quando conduzidos pelo eslovaco. Mas no cômputo geral, Smith não empolgou os que compareceram ao St. Pete Times Forum. Smith, porém, passou longe de ser o vilão de mais um insucesso de sua nova equipe. Três chutes de um total de 30 acabaram passando por ele.

Jeff Halpern, curiosamente o que menos empolgou a torcida assim que a troca foi divulgada, foi o destaque entre os ex-Stars. Conhecido por seu estilo combatente, ele teve participação nos dois gols dos Bolts, marcando um deles. O terceiro elemento, Jussi Jokinen não foi um fator, mesmo sendo centrado em boa parte do tempo por Vincent Lecavalier.

Eduardo Costa manda um abraço para Daniel Kejão, que está no Chile.
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Página publicada em 28 de fevereiro de 2008.