Brûleurs de Loups de Grenoble
Pensei que nunca fosse dizer isso, mas a temporada 2006-07 da Ligue
Magnus foi excitante.
Com quatro times brigando até as últimas rodadas pelo primeiro lugar
geral, além da luta de várias equipes para escapar do rebaixamento,
restou ao torcedor francês cantar, vibrar e rezar — menos pular, é claro,
porque aí iriam suar e então teriam que tomar um banho e...
A distância entre o campeão da temporada regular, os Pingouins de Morzine,
para o quarto colocado, Dragons de Rouen, foi de apenas quatro pontos.
Entre esses dois, ficaram os Brûleurs de Loups de Grenoble e os Diables
Rouges de Briançon. Cenário bem diferente do que vimos no ano anterior,
quando o time Rouen passeou tranqüilo pelos gelos do país, tanto na
temporada regular, quanto nos playoffs.
Para repetir o feito, e chegar ao seu nono título nacional, o Rouen
manteve sua base. Apesar de um início titubeante, eles souberam elevar
seu jogo no decorrer da competição, novamente liderados pelos irmãos
canadenses Marc André Thinel e Sébastien Thinel, que dominaram as principais
estatísticas ofensivas da liga. O primeiro terminou a temporada como
maior pontuador, com 56 unidades, uma a mais do que seu fraterno.
Além dos Thinel, mais três atletas do Rouen ficaram entre os 20 maiores
artilheiros da Magnus: Julien Desrosiers, Eric Fortier e Éric Doucet,
o que justifica o melhor ataque da competição.
O ataque dos Brûleurs de Loups de Grenoble não foi tão prolífero quanto
o do Rouen, mas sua defesa fez com o time ficasse a apenas dois pontos
de obter mando de gelo em toda a pós-temporada. Em uma liga com altíssima
média de gols, a retaguarda da agremiação alpina só foi vazada em 63
oportunidades. Grande parte desse sucesso deveu-se ao bom goleiro Eddy
Ferhi e os defensores Baptiste Amar e Viktor Wallin. A única peça ofensiva
de destaque superlativo, por parte do Grenoble, foi o central tcheco
Ludek Broz.
Já os Pingouins de Morzine foi a grande revelação da Magnus, versão
2006-07. Também situada nos Alpes franceses, essa franquia está há apenas
três anos na divisão de elite do hóquei francês. Após duas boas campanhas,
eles deram um grande salto de qualidade, atingindo uma respeitabilidade
merecida ao chegar, e permanecer, no topo da liga durante a maior parte
da temporada.
Dono do modesto Patinoire de Morzine (1.280 lugares), a equipe fez uma
campanha irretocável, vencendo 22 de seus 26 jogos. O time, que também
homenageia a mais enigmática das aves marinhas, apresentou alguns destaques
individuais, como o goleiro britânico Stevie Lyle, o defensor finlandês
Santeri Immonen e os atacantes Pierre-Claude Drouin, Dan Welch e Jonathan
Zwikel. Esse último foi eleito o melhor atleta francês da temporada.
O treinador Stéphane Gros, também foi agraciado como o melhor em sua
função.
Assim como o Morzine, os Diables Rouges de Briançon são outra agremiação
que buscava seu primeiro título nacional. Para isso reuniu um elenco
que contou com franceses, húngaros, canadenses, eslovenos, tchecos e
eslovacos. Essa mistura deu certo. Os diabos vermelhos foramos que mais
venceram na temporada regular (20) e, assim como o Grenoble, também
ficaram a dois míseros pontos dos pingüins.
O atleta da seleção francesa, Mickaël Perez, formou uma linha interessante
com os canadenses Pierre-Luc Sleigher e Jean-François Dufour. O esloveno
Edo Terglave não teve companheiros tão notáveis ao seu lado, mesmo assim
foi o décimo maior pontuador da Magnus.
Le Chamois de Chamonix passou longe de ter feito uma campanha tão boa
quanto a dos quatro times citados acima, mas vale uma menção, já que
o celeste dos Alpes é o maior vencedor do hóquei francês, com 30 títulos.
Infelizmente o último deles foi conquistado no longínquo ano de 1979.
Integrando o pelotão de equipes cuja pretensão era apenas se classificar
à pós-temporada, Chamonix fez seu trabalho ao obter a sétima colocação
geral. O time foi uma força atuando em sua arena, a Patinoire Richard
Bozon, mas foi uma lástima fora de casa.
No final da tabela vimos o Anglet Hormandi e o Étoile Noire de Strasbourg.
Por sorte, esse último acabou se salvando quando a liga confirmou a
punição ao Ducs de Dijon — a equipe teve seis pontos subtraídos devido
a algo que TheSlot.com.br não teve saco para tentar descobrir.
Ducs e Anglet disputaram uma série extra, para ver quem cairia para
a segunda divisão de forma direta. Quem vencesse não garantiria sua
permanência na divisão de elite de forma imediata, ainda teria que disputar
uma melhor de cinco contra o vice-campeão da série B.
Ducs de Dijon venceu o emparelhamento por 4-1, empurrando o Anglet Hormandi
para a divisão de acesso.
Playoffs
Na Ligue Magnus, os quatro primeiros colocados garantem vaga direta
às quartas-de-final. Seus adversários saem dos confrontos que envolvem
as equipes que terminaram do 5º ao 12° lugar. Disputados em uma melhor
de três jogos, as quatro séries terminaram com o time de melhor campanha
impondo 2-0.
Nas quartas, as séries passaram a ser decididas em uma melhor de cinco.
E novamente quem tinha o mando de gelo, levou a melhor. Morzine eliminou
o Villard-de-Lans em quatro partidas — mesmo número de embates necessários
para o Rouen despachar o Ducs d'Angers. O tradicional confronto entre
Grenoble e Chamonix terminou com varrida imposta pelos Brûleurs de Loups.
Os Gothiques d'Amiens tiveram o mesmo pobre destino em seu confronto
contra o Briançon.
Nas semifinais a juventude dos Penguins de Morzine foi determinante
contra o experiente time do Rouen. Niko Halttunen, Jonathan Zwikel &
cia. eliminaram os campeões de 2006 e chegavam às finais como favoritos.
Seus adversários saíram de uma série bem mais disputada.
Os Diables Rouges de Briançon chegaram a abrir 2-1 contra o Grenoble.
E poderiam ter encerrado a fatura no jogo 4. Pierre Luc Sleigher e Martin
Filip fizeram 2-0 para os diabos vermelhos na partida. Mas o time de
Briançon não conseguiu segurar esse resultado. O tcheco Ludek Broz e
o galo Chistophe Tartari marcaram tentos fundamentais e forçaram uma
decisiva quinta partida.
Grenoble aproveitou a força das 3.500 pessoas que encheram a arena Pole
Sud. Em mais um cortejo disputado, a classe e o oportunismo de Ludek
Broz foi primordial. Vitória por 3-2 e Grenoble teria a chance de vencer
seu quinto título nacional — sua última conquista aconteceu em 1998,
quando Cristobal Huet, hoje no Montreal Canadiens, era o goleiro do
time.
E essa busca começou de forma avassaladora. O britânico Stevie Lyle
teve uma partida para o esquecimento. A derrota de 7-1 no primeiro jogo
poderia causar um efeito devastador no elenco dos Pingouins de Morzine.
E parecia que isso aconteceria. Grenoble chegou a abrir 4-1 nos dois
períodos inicias do jogo 2. Morzine precisava agora de três gols para
forçar uma prorrogação. Não só obtiveram a diferença necessária, quanto
capitalizaram sua primeira chance no tempo extra.
Eddy Ferhi, criticado na partida anterior, fecharia sua meta no jogo
3. A vitória por 3-1 deixou o Grenoble perto do paraíso.
Antes dos cinco minutos, Kevin Hecquefeuille, em vantagem numérica,
começava a deixar esse paraíso ainda mais próximo. Minutos depois o
sueco Roger Jönsson ampliava a vantagem, após vacilo de Lyle. O período
estava próximo do fim quando veio o golpe de misericórdia. A linha 2,
inspirada nessa final, trabalhou novamente bem. De Jönsson para Jimmy
Lindström, dele pro tcheco Martin Massa, que mandou o disco pro fundo
da meta do Morzine.
Martin Paquet e Lindström aumentariam ainda mais a vantagem dos visitantes.
O 5-0 era um resultado brutal, praticamente irreversível. Mas não é
que os pingüins franceses colocaram uma dose gigantesca de dramaticidade
na final! Mathieu Mille, Niko Halttunen, Santeri Immonen e Evan Cheverie
recolocariam o Morzine no páreo. O tento de Cheverie foi marcado quando
faltavam cinco minutos para o término do prélio, deixando a platéia
presente à arena Pole Sud com o coração na mão. Mas Eddy Ferhi garantiria
o título com duas grandes defesas nos segundos finais.
Ludek Broz, artilheiro da pós-temporada, ficou com o prêmio de
atleta mais valioso.
No final de tudo, foi um bom ano para o hóquei galo. Ligue Magnus com
emoção de sobra e a seleção francesa subindo para a divisão de elite
do hóquei.
Elenco campeão
Goleiros: Eddy Ferhi e Frédéric Dorthe.
Defensores: Baptiste Amar, Martin Millerioux, Viktor Wallin, Simon Bachelet,
Jean-François Bonnard e Teddy Trabichet.
Atacantes: Patrik Valcak, Ludek Broz, Benoît Bachelet, Martin Masa,
Roger Jönsson, Jimmy Lindström, Sacha Treille, Martin Paquet, Kévin
Hecquefeuille, Cyril Papa, Christophe Tartari e Nicolas Antonoff.
Arquivo TheSlot.com.br Grenoble festeja seu quinto campeonato francês. |
Arquivo TheSlot.com.br Ludek Broz: o homem dos gols decisivos. |
Arquivo TheSlot.com.br Eddy Ferhi, a muralha dos Alpes franceses. |