Nada é igual à primeira vez. Ela é sempre especial. Ainda me lembro
da minha. Só precisei de R$ 45, meia garrafa de vinho Don Bosco e escolher
a moça menos tosca do saudoso inferninho Rio 40°.
Já os White Caps Turnhout tiveram de rever sua política de contratações
para chegar ao seu primeiro título belga. No lugar de eslovacos, russos
e ucranianos, a direção resolveu apostar em canadenses e suecos. Ou
seja, seguiu uma tendência mundial. No final da temporada, o sueco Pontus
Morén e o canadense Aaron Burrell justificaram o investimento, e, após
25 anos e apenas dois vice-campeonatos como melhores resultados, os
White Caps chegaram ao ponto mais alto da Eredivisie em 2006. E, como
tudo que é bom vicia, o time de Turnhout voltou com força total atrás
do bicampeonato.
Já sem Morén, mas com o brilhantismo e sagacidade do trio ofensivo Andreas
Lind, Jimmy Ögren e Frank De Masi, os White Caps teriam rivais dispostos
o roubar o cedro. Notadamente o Olympia Heist O/d Berg e o Hyc Herentalse
HC.
Mas, como usualmente faço, vamos a um panorama geral da liga para que
ela deixe de ser uma incógnita para nosso fiel leitor — alguém!? Alguém
lendo sobre a Eredivisie?
A liga belga é uma das mais bagunçadas da Europa. E é muito estranho
que isso aconteça com uma competição que existe desde 1912!
Só para ilustrar o que eu digo: enquanto os Phantoms haviam disputado
seis partidas dentro da competição, o IHC Leuven já estava com o dobro
de embates contabilizados. Os três primeiros jogos da temporada tiveram
a participação do Haskey Hasselt e os resultados foram no mínimo bizarros:
derrotas de 15-2 para o Hyc Herentalse HC, 17-0 frente ao Phantoms Deurne
e 12-0 para o IHC Leuven.
O Future Leuven também foi humilhado algumas vezes. E não suportaram
a própria vergonha. Resolveram interromper o massacre e desistir de
seguir participando da Eredivisie. Então, dos oito times que começaram
o torneio, apenas sete restaram — os resultados das partidas disputadas
pelo Future Leuven foram ignorados.
O Hyc Herentalse HC venceu dez de seus doze confrontos, sendo um deles
na prorrogação. Os White Caps Turnhout venceram a mesma quantidade de
partidas, mas, como duas dessas vitórias foram no tempo extra, o Hyc
Herentalse HC acabou obtendo a vantagem de decidir suas séries em casa,
caso necessário. Olympia Heist O/d Berg e IHC Leuven vieram logo a seguir
na tabela, garantido vaga nas semifinais.
Playoffs
Duas séries antagônicas. Era esperado muito equilíbrio do confronto
entre White Caps e Olympia, e um massacre do embate entre Leuven e Herentalse.
Mas a história foi bem diferente.
Apenas quatro pontos separaram White Caps e Olympia ao final da temporada
regular. Mas o que vimos na pós-temporada foi um abismo técnico entre
as agremiações. Uma varrida, com parciais(??) de 5-2, 10-5 e 8-3. O
Olympia Heist O/d Berg, segundo time mais vencedor de campeonatos belgas
(11) nunca foi tão humilhado em sua longa existência.
O duelo entre Leuven e Herentalse foi bem mais atraente. As equipes
dividiram os dois primeiros jogos. No terceiro confronto o castelo do
Herentalse ruiu de forma melancólica com uma derrota de 7-3 em seus
próprios domínios. Com o momento ao seu lado, o IHC Leuven fez a festa
em casa, garantido sua vaga na final com um disputado 3-2. O Hyc Herentalse
HC, time que mais vencera, que mais gols marcara e que menos gols sofrera
na temporada regular, estava fora da decisão.
Então quem seria o favorito para ficar com a Eredivisie? Os White Caps,
que varreram o forte Olympia, com requintes de crueldade, ou o Leuven,
que surpreendeu o planeta hóquei ao eliminar o Herentalse?
A principal unidade do time de Turnhout respondeu a essa questão. Eles
destruíram a defesa do Leuven nos três primeiros jogos da melhor de
sete — goleadas por 5-3 (jogo 1), 8-4 (jogo 2) e 5-1 (jogo 3). Com o
trio Andreas Lind, Jimmy Ögren e Frank De Masi, atuando daquela forma,
as chances dos rivais eram nulas.
Faltava uma vitória para o bicampeonato. A julgar pela facilidade com
que demoliu o IHC Leuven nos três encontros anteriores, essa vitória
viria no confronto seguinte, em plena Leuven. Uma bela ação de Göte
de Pillecijn e mais um tento de Andreas Lind deram uma vantagem de 2-0
ainda no período inicial da partida. Mas algo bizarro estava para acontecer.
Já prevendo outra derrota humilhante, os locais simplesmente abandonaram
o gelo quando ainda faltavam 20 segundos para o término do período.
Pura covardia. Mas o ato mesquinho do Leuven não ocultou a fantástica
campanha do time de Turnhout nessa pós-temporada. O time não se contentou
com o título de 2006 e foi atrás de mais. E os deuses do esporte souberam
premiar essa busca pela consolidação, mantendo o time no topo do hóquei
belga.
Elenco campeão
Goleiros: Jochem van den Heyning, Tomislav Hrelja e Tim Haun
Defensores: Stanislav Vernikov, Niklas Björk, Göte de Pillecijn, Michal
Vlna, Francis Peetermans, David Berglund, Christophe de Ridder, Danny
Moretto, Ray Gallagher e Roman Meder.
Atacantes: Andreas Lind, Jimmy Ögren, Frank De Masi, Ward Szarzynski,
Sjef Szarzynski, Dusan Charvat, Alexander Verherstraeten, Wesley Nagels,
Sammy Schraepen, Tom van Eyck, Steve Verheyen e Bram Bruyninckx
Willy Boeykens Sjef Szarzynski afasta o perigo: White Caps conquista o bi belga ao atropelar o IHC Leuven. |
Willy Boeykens Frank De Masi, um dos heróis da conquista, no momento mais esperado da temporada. |