Adler Mannheim
Como a maioria das copas disputadas paralelamente aos campeonatos nacionais
ao longo do globo, essa aqui também tem caráter de integração. Junta
o que há de melhor com o que existe de mais simplório, mesquinho e medíocre.
Além de clubes da DEL (primeira divisão), também participam da copa
alemã, agremiações da Asstel (segunda divisão) e da Oberliga (terceira).
Em sua quinta edição, o troféu voltou a ser vencido pela equipe que
conquistou a primeira delas. O Adler Mannheim deu uma mostra do que
viria a fazer, meses depois, também no campeonato nacional, ao levar
a Copa para o oeste alemão. Com isso se tornou o primeiro time a vencer
duas vezes a competição — confira no final desta matéria, a lista
dos campeões.
Rumo à final
O Bad Tölz, da terceira divisão, teve a oportunidade única de receber
em casa, um dos times mais populares da Europa, o que seria a oportunidade
ideal para recuperar um pouco sua imagem, já que esse time já foi um
dos grandes da Alemanha — campeão nacional em 1962 e 1966. Como
os emparelhamentos na copa alemã são decididos em um jogo apenas, uma
noite de inspiração total poderia ser o suficiente para fazer história.
Bem, não aconteceu. O passeio só não foi maior porque o time de Mannheim
pisou no freio quando viu que a fatura estava bem liquidada.
Esse prélio serviu também para mostrar como os canadenses — bons
ou não — são os senhores absolutos em território germânico. Todos
os gols, inclusive o único do Bad Tölz, foram marcados por compatriotas
de Dallas James Drake: René Corbet (2), Rick Girard (2), Pascal Trepanier,
Jason Jaspers e Colin Forbes para o Adler, e o de Kurt MacSweyn para
o Tölz.
Nas oitavas, um adversário bem mais tradicional aguardava o Adler: Hamburg
Freezers, que, assim como o time de Mannheim, tem uma torcida fiel,
numerosa e barulhenta — quinta melhor média de público de toda
a Europa na temporada 2006-07. Mas o que o time de Hamburgo não tem
é um grupo de atletas como o do Adler. Os Freezers ficou no caminho
após derrota por 3-0.
As quartas-de-final e o duelo contra o Krefeld Pinguine, do craque letão
Herberts Vasiljevs, foi praticamente uma orgia ofensiva. Nada menos
do que 14 gols foram marcados. O eslovaco Richard Pavlikovský e Vasiljevs
incomodaram bastante. Contudo, mesmo sofrendo seis tentos, o Adler avançava
para mais uma etapa.
Após eliminar os Pingüins de Krefeld, viria outra equipe que homenageia
a mais simpática das aves árticas: o Fischtown Pingüins, equipe da cidade
portuária de Bremerhaven, que milita na segunda divisão alemã. Lembram-se
da competição de caráter de integração que citei? Então, quem melhor
tirou proveito disso foi o modesto time do estado de Bremen.
Em sua gloriosa jornada, Bremerhaven fez história ao empalar o forte
Düsseldorf Metro Stars por 9-2! Marcar quase uma dezena de gols, em
time que terminou a temporada regular alemã na segunda posição foi motivo
de espanto em todo território germânico.
Vale lembrar também que o time de Düsseldorf era o atual detentor do
título. Como se isso não fosse o bastante eles, Fischtown Pingüins,
também eliminaram o Frankfurt Lions — de uma forma mais modesta
(2-1).
Mas o sonho de disputar a final parou no Adler Mannheim. O defensor
russo Mikhail Kozhevnikov chegou a criar ilusões nas duas mil pessoas
que compareceram ao acanhado Eisstadion Bremerhaven, mas o canadense
Jason Jaspers voltaria a ser protagonista, marcando dois dos quatro
gols de seu time. Com um categórico 4-1, a águia de Mannheim garantia
sua vaga nas finais.
O adversário na finalíssima
Kölner Haie (Tubarões de Colônia), oito vezes campeão nacional, e vencedor
da Copa em 2004, avançou com dificuldades. Já no primeiro desafio, precisou
de um tempo extra para eliminar o Ravensburg (time da Oberliga; terceira
divisão). Em seguida eliminou o EHC Wolfsburg (segunda) por 4-0. Nas
quartas e na semifinal venceu, por placares justos, Iserlohn (3-2) e
Eisbären Berlin (2-1), respectivamente.
Entre os nomes de impacto (???) do Kölner Haie estavam Bill Lindsay
(ex-Flórida Panthers), Ivan Ciernik (eslovaco de opaca passagem por
Senators e Capitals), Bryan Adams (!) e o veterano artilheiro Dave McLlwain.
Confronto de times populares
Em 2006-07, o SC Bern, da liga suíça, foi, mais uma vez, o time que
mais público levou às arenas na Europa. Logo a seguir vieram Kölner
Haie (média de 12.711 pagantes) e Adler Mannheim (12.688). Então não
foi de se espantar que a moderna e bela SAP-Arena de Mannheim estivesse
completamente cheia (13.600 torcedores) para a final.
E essas almas puderam ver um jogo de hóquei de muitos gols, de duas
grandes viradas, e que só foi decidido na prorrogação. Foi também um
cortejo marcado pela grande quantidade de penalidades, o que justifica
os seis gols marcados em vantagem numérica e um outro anotado em desvantagem
numérica.
Rick Girard e René Corbet marcaram os únicos gols do período inicial.
Se dermos uma olhada em que serviu esses dois gols para esses dois canadenses,
veremos nomes conhecidos (nem tanto), como Nathan Robinson (ex-Red Wings
e Boston Bruins) e o já citado Colin Forbes.
A segunda etapa foi imprópria para cardíacos. O time da casa foi vendo
sua vantagem ruir, até que a agremiação de Colônia virou — e ainda
aumentou. O 4-2 só não esfriou a torcida local porque, logo após o tento
de Kai Hospelt, René Corbet (quem mais?) e Ronny Arendt (raro destaque
alemão do Adler) empataram o prélio.
O período regulamentar final viu uma nova virada, dessa vez do Mannheim.
O gol do artilheiro François Methot permaneceu como o único da etapa
até os dois minutos restantes. A torcida já comemorava quando o sueco
Daniel Rudslätt surpreendeu o goleiro Jean-Marc Pelletier e empatou
a partida em 5-5. Prorrogação.
O medo de levar um gol foi maior do que a ousadia de tentar marcar no
tempo extra. Sendo assim, uma disputa através de pênaltis parecia inevitável.
Mas nada nesse embate pertenceu à lógica. O central Jason Jespers (9
jogos na NHL pelo Phoenix Coyotes) vestiu o traje de herói. Dessa vez
não foi Pelletier e sim Oliver Jonas, o surpreendido. Após 64 minutos,
11 gols, 85 chutes e inúmeras penalidades, Jespers encerrava a conta
de uma partida memorável.
A Copa da Alemanha, que escapou das mãos do Adler Mannheim após derrota
na final de 2006 contra o Düsseldorf, era agora erguida pelo capitão
René Corbet. E foi apenas o começo do vitorioso vôo das águias nessa
temporada.
Elenco campeão
Goleiros: Robert Müller, Jean-Marc Pelletier, Danny aus den Birken e
Ilpo Kauhanen.
Defensores: Martin Ancicka, Francois Bouchard, Sven Butenschön, Christopher
Fischer, Benedikt Kohl, Felix Petermann, Stephan Retzer, Blake Sloan
e Pascal Trepanier.
Atacantes: Ronny Arendt, Sachar Blank, Fabio Carciola, René Corbet,
Rico Fata, Colin Forbes, Rick Girard, Jason Jaspers, Marcus Kink, Eduard
Lewandowski, Tomáš Martinec, Frank Mauer, Francois Methot, Nathan Robinson,
André Schietzold, Jeff Shantz e Christoph Ullmann Treinador: Greg Poss.
Enchendo lingüiça
Boxscore da final:
08:40 1-0 Rick Girard (Rico Fata, Francois Methot) VN2
14:18 2-0 Rene Corbet (Nathan Robinson, Colin Forbes) VN
27:53 2-1 Dave McLlwain (Stéphane Julien, Mats Trygg) VN
32:35 2-2 Bryan Adams (Mirco Lüdemann) DN
36:00 2-3 Jason Marshall (Bill Lindsay, Daniel Rudslätt) VN
36:40 2-4 Kai Hospelt
37:23 3-4 Rene Corbet (Colin Forbes, Jason Jaspers) VN
39:15 4-4 Ronny Arendt (Tomas Martinec, Markus Kink)
49:29 5-4 Francois Methot (Rico Fata, Nathan Robinson) VN
57:27 5-5 Daniel Rudslätt (Stéphane Julien)
64:25 6-5 Jason Jaspers (François Bouchard, Nathan Robinson)
Campeões da Copa da Alemanha
2002/03 Adler Mannheim
2003/04 Kölner Haie
2004/05 ERC Ingolstadt
2005/06 Düsseldorf Metro Stars
2006/07 Adler Mannheim
Arquivo TheSlot.com.br O oportunista Jasos Jaspers apareceu do nada para marcar o gol decisivo da Copa da Alemanha. |
Arquivo TheSlot.com.br O defensor Francois Bouchard ergue o troféu: as águias conquistaram tudo em solo germânico nessa temporada. |