Kärpät Oulu
Perfeição. Não existe palavra melhor para definir a temporada do Kärpät
Oulu.
Melhor time da temporada regular, dono do melhor ataque e da defesa
menos vazada, o Karpat foi uma locomotiva sem freio na pós-temporada,
onde a equipe do norte finlandês fez história: dez jogos disputados,
dez vitórias. Um aproveitamento monstro, antes alcançado apenas quatro
vezes na SM-Liiga — TPS Turku em 1976, Tappara Tampere em 1977,
Jokerit Helsinki em 1997 e, pela última vez, o HIFK, também da capital
Helsinque, em 1998.
Era realmente esperado que o Kärpät chegasse a essa conquista, embora
não com tanta facilidade. Como também era previsível que o Jokerit e
HPK Hämeenlinna viessem logo a seguir na tabela. Infelizmente a SM-Liiga
viveu um ano sem grandes surpresas.
O único temor do Kärpät estava entre as traves. Nas últimas campanhas
do time, eles contavam com a segurança e talento de Nicklas Backstrom.
Mas como Backstrom foi parar no Minnesota Wild, era preciso confiar
em Tuomas Tarkki. E o jovem arqueiro não decepcionou. Terminou em primeiro
lugar na temporada regular e nos playoffs em percentual de defesas e
vitórias.
Jari Viuhkola, capitão do time, também poderia ter pego o rumo da América
do Norte, mas preferiu ficar e buscar mais um título nacional. Viuhkola,
em um ato nobre, e previsível, assim que recebeu o troféu de campeão
da SM-Liiga, passou o mesmo para as mãos de Hannes Hyvönen, veterano
de muitos campeonatos disputados, e que jamais havia sido campeão.
Situação contrária à do defensor Ilkka Mikkola, que, na tenra idade
de 28 anos, conquistou seu sétimo título nacional em nove temporadas
— além de vencer com o Karpat, já havia conseguido a glória máxima
do hóquei local com o TPS e o Jokerit.
Janne Pesonen, destaque ofensivo do time na temporada, formou uma linha
veloz e agressiva com os tchecos Viktor Ujcik e Michal Bros. O treinador
Kari Jalonen, mestre em construir times coesos e reunir atletas que
se completam nas unidades do time, acertou mais uma vez na mão.
Playoffs
Previsível e, até certo ponto, monótono. Quem tinha o favoritismo ao
seu lado geralmente varreu o oponente. Os únicos times derrotados em
suas séries a vencer uma partida, foram o HIFK, da capital Helsinque,
e o Tappara Tampere.
O HIFK, do defensor Cory Murphy, melhor jogador da SM-Liiga na temporada
2006-07, era tido como uma zebra em potencial contra o HPK, mas o time
de Hämeenlinna ignorou as tentativas de Murphy, Stephen Guolla e companhia.
Ainda nas quartas-de-final, o Jokerit bateu de frente com o Ilves Tampere,
maior vencedor da história da SM-Liiga — 16 campeonatos. Tuuka
Rask, goleiro que em breve deve chegar à NHL, e o veterano Raimo Helminen
eram atletas que mereciam respeito, mas eles não tinham companheiros
bons o suficiente para chegar às semifinais. Jokerit, com um hóquei
agressivo e contando com bons valores individuais, como o artilheiro
Jane Rita, garantia sua vaga nas finais com a varrida na melhor de três.
Kärpät fez o mesmo com os Pelicans. O time de Lahti é um dos mais modestos
do país. Uma das poucas agremiações da divisão de elite que não possui
capital para buscar reforços de fora, os Pelicans pareciam contentes
com o papel de coadjuvante, em sua série contra o favorito máximo ao
título.
Nas semifinais, o HPK chegou a complicar em duas partidas contra o Kärpät,
perdendo ambas na prorrogação, e também foi varrido. O mesmo destino
teve o Espoo Blues, em seu confronto contra o Jokerit. O maior pontuador
da temporada regular, Martin Kariya, foi facilmente anulado pelo defensor
Marko Tuulola, o que dizimou as poucas chances do Espoo na série. Teríamos
então a previsível final entre Jokerit e Kärpät.
Disputada em uma melhor de cinco partidas, a decisão da SM-Liiga colocou
frente a frente um gigante da capital contra a força que vem do interior.
A partida inaugural em Oulu foi a melhor de toda a pós-temporada. O
treinador canadense do Jokerit, Doug Shedden, conseguiu diminuir a velocidade
do adversário e por muito pouco não saiu com um resultado positivo de
Oulu. Mas é complicado combater um time com quatro linhas ofensivas
tão boas, durante 60 minutos. Quando a prorrogação aparecia no horizonte,
Janne Pesonen decidiu a partida para o Kärpät com seu habitual oportunismo.
No embate seguinte, na belíssima Hartwall Arena de Helsinque, a capacidade
de vencer partidas que pintavam complicadas ficou mais uma vez em evidência.
O jogo foi de um equilíbrio brutal, mas no final os comandados de Jalonen
encontraram uma forma de vencê-lo. Mais uma vez, o tento da vitória
foi anotado por Janne Pesonen. O placar adverso de 4-2 frustrou a platéia
local e deixou o time do norte à uma vitória de seu quarto título nacional.
E essa conquista viria em casa, na acanhada Raksila Arena. A velocidade
e agressividade do Kärpät não foram deixadas de lado nesse confronto
final, mas o placar final de 5-2 não mostra o que foi o jogo, já que
dois gols do time de Oulu foram marcados já com a meta do Jokerit vazia.
Mas assim se faz um campeão. Assim como o Anaheim Ducks sempre encontrou
um modo de vencer jogos complicados e parelhos na NHL, o Kärpät fez
o mesmo nessas finais da SM-Liiga. Título merecido. Um conquista que
mais uma vez orgulha o time da maior torcida do norte finlandês.
O jogador mais valioso da pós-temporada foi Janne Pesonen, mas pelo
menos outros quatro atletas do time poderiam ter ficado com o prêmio.
Uma prova que o melhor time teve o final merecido.
Elenco campeão
Goleiros: Tuomas Tarkki e Jaakko Suomalainen.
Defensores: Ross Lupaschuk, Jukka-Pekka Laamanen, Josef Boumedienne,
Topi Jaakola, Jouni Loponen, Oskari Korpikari, Ilkka Mikkola e Antti
Ylönen.
Atacantes: Michal Bros, Jari Viuhkola, Hannes Hyvönen, Janne Pesonen,
Viktor Ujcik, Mika Pyörälä, Juhamatti Aaltonen, Kalle Sahlstedt, Teemu
Normio, Antti Aarnio, Jyri Junnila, Tommi Paakkolanvaara, Tomi Mustonen
e Mikko Alikoski.
Arquivo TheSlot.com.br Todos abraçam Tarkki. O jovem arqueiro cumpriu com louvor a difícil missão de substituir Backstrom. |
Arquivo TheSlot.com.br Janne Pesonen, o mais valioso atleta da pós-temporada. Atleta de gols decisivos contra o Jokerit. |
Arquivo TheSlot.com.br O gigante do norte mais uma vez no topo do hóquei finlandês. |