Cinco pontos suecos. Uma assistência de Henrik Zetterberg. Uma de Mikael Samuelsson. Duas de Niklas Kronwall. E um gol de Zetterberg. Resume-se a vitória do Detroit Red Wings sobre o Pittsburgh Penguins no jogo 6 da Copa Stanley, que confirmara o título — sem negar, claro, a importância dos gols do estadunidense Brian Rafalski e do finlandês Valtteri Filppula ou as duas assistências do russo Pavel Datsyuk. Mas o assunto aqui são os nove suecos que compõem o elenco do Detroit Red Wings. Em especial, Nicklas Lidstrom, Niklas Kronwall, Henrik Zetterberg, Johan Franzen, Tomas Holmstrom e Mikael Samuelsson, mas dando também a devida importância de Andreas Lilja e lembrando ainda Jonathan Ericsson e Mattias Ritola, que apenas compuseram o elenco, mas ainda assim são suecos. E por que não?

Quando os Red Wings quebraram a seqüência de 41 anos sem conquistar uma Copa Stanley, em 1997, o time possuía um valioso quinteto conhecido por The Russian Five ou O Quinteto Russo. A formação original desta denominação atendia por Sergei Fedorov, Viacheslav Fetisov, Vladimir Konstantinov, Slava Kozlov e Igor Larionov. Na verdade, essa foi a única formação deste grupo de craques russos. Mas seis dias depois da Copa Stanley, Konstantinov sofreu um acidente de limousine e teve sua carreira encerrada. De qualquer forma, Konstantinov foi considerado parte do elenco que venceria o bi-campeonato da Copa Stanley enquanto sua camisa, #16, foi informalmente aposentada pelo clube. Na pós-temporada os Wings acabaram contando com um quinto russo, Dmitri Mironov, que não pode, nem deve, ser considerado um membro do quinteto russo — que refere-se apenas aos cinco jogadores citados na abertura deste parágrafo.

Se ontem havia o Quinteto Russo, hoje podemos dizer que existe um Noneto Sueco?

Os três gols deste jogo 6 da final da Copa Stanley tiveram importante participação sueca. O primeiro com uma assistência de Zetterberg, o segundo com assistências de Samuelsson e Kronwall e o terceiro marcado pelo próprio Zetterberg com nova assistência de Kronwall. Fez falta um ponto de Franzen ou de Holmstrom, que já era membro da equipe durante o Quinteto Russo, assim como Nicklas Lidstrom.

Voltando um pouco na série, temos o jogo 5. Dois dos três gols dos Wings contaram com participação sueca, sendo duas assistências de Zetterberg e uma de Franzen. No jogo 4 o primeiro gol dos Wings foi assinalado por Lidstrom. No jogo 3 tivemos um gol totalmente sueco, marcado por Franzen assistido por Lidstrom e Kronwall seguido de um gol de Samuelsson. No jogo 2 fora mais um gol de Holmstrom com assistência de Zetterberg e uma assistência para Franzen. Relembrando como a campanha do título nestas finais começou, 4-0 para o Detroit no primeiro confronto, dois de Samuelsson sem assistência, um de Zetterberg com ajuda de Holmstrom e Lidstrom.

Dos 17 gols dos Red Wings nessas finais, oito foram marcados por suecos. Nove tiveram assistências suecas. Foram 13 pontos, só em assistência, somados pelos suecos apenas nestas finais. Na pós-temporada como um todo, só Henrik Zetterberg, provável vencedor do Troféu Conn Smythe, marcou 27 pontos — 13 gols e 14 assistências. Franzen é o terceiro, com 18 pontos e o quarto é Kronwall, com 15. Em gols, Zetterberg e Franzen empatam em 13. Em assistências, Kronwall lidera com 14. Estendendo as estatísticas para a temporada regular, foram 92 pontos de Zetterberg e 70 de Lidstrom, e os outros suecos participaram com menos pontos, uma vez que a pontuação foi bem concentrada em cima dos dois já citados e de Datsyuk. Mas dos dez maiores pontuadores do time, cinco são suecos.

E o primeiro a erguer a Copa, ao final do jogo 6, obviamente foi o capitão sueco Lidstrom, que teve 13 pontos nestas finais e marcou três gols importantes. Se formos ao sueco "menos importante" da lista, temos Lilja, com um único ponto. Ericsson e Ritola não chegaram a disputar uma partida de pós-temporada. O primeiro teve oito partidas na temporada regular e chegou a marcar um gol, enquanto o segundo jogou apenas duas, também na temporada regular, e teve uma assistência. Não fazem parte da galera viking sueca, mas vamos considerá-los membros honorários.

Mesmo com importantes participações do finlandês Filppula e do russo Datsyuk, do estadunidense Rafalski, do tcheco Jiri Hudler ou dos canadenses Dan Cleary e Brad Stuart, não há como negar que este foi um campeonato completamente sueco por parte dos Wings. A influência estrangeira aqui é muito superior à época do Russian Five quando tínhamos no gelo Steve Yzerman, Darren McCarty — presente hoje, mas com participação muito menor — ou Brendan Shanahan.

Detroit Blue/Gold Wings ou Swedis Red Wings?
Temos um Swedish Five dos Wings na seleção nacional da Suécia. Nos Jogos Olímpicos onde a Suécia conquistou a incontestável medalha de ouro sobre os rivais finlandeses, a seleção sueca tinha em seu elenco cinco jogadores do Detroit Red Wings: Nicklas Lidstrom, Niklas Kronwall, Henrik Zetterberg, Tomas Holmstrom e Mikael Samuelsson.

Para o Mundial de 2006, com uma base formada por jogadores de clubes suecos, os Wings puseram mais quatro jogadores da casa na seleção: Kronwall, Samuelsson, Franzen e Zetterberg. Kronwall liderou o país em pontos no ano em que ganharam seu primeiro título depois de oito edições do campeonato, em Riga na Letônia. Somando com a Copa Stanley que venceram este ano, Kronwall, Samuelsson e Zetterberg entram para o seleto clube da Tríplice Coroa, com jogadores que venceram a Copa Stanley, o Campeonato Mundial e os Jogos Olímpicos. Os Wings que já tinham nesse clube Fetisov, Larionov, Shanahan, Lidstrom e Jiri Slegr. Apenas 22 jogadores conseguiram tal façanha, nove deles suecos.

Sem nenhum Red Wing no elenco do Mundial deste ano, a Suécia caiu para o Canadá, 5-4 na semifinal, e perdeu a medalha de bronze para a Finlândia com impiedosos 4-0. Mas levemos em consideração que os Red Wings suecos não estavam presente no time justamente por estarem na campanha que resultou neste título de Copa Stanley.

É uma Suécia cada vez mais Red Wings. Ou uma Detroit cada vez mais sueca.

• Capa
• Editorial
  
• À frente, interrogações
• Estranho no ninho?
• Da água para a Copa
• Ele chegou lá!
• 11!
• A origem do elenco campeão
• Dividindo os campeões
• Nunca foi tão sofrido
• A vitória da experiência
• Red Wings: como o time foi montado
• Espantando fantasmas
• O último segundo
• Copa Stanley européia
• Dos Cinco Russos aos Nove Suecos
  
• Herdeiro dos Cinco Russos
  
• Wings pintam Detroit de vermelho
• Mágica do jogo 5 não carregou os Penguins
• Por que Drake foi o segundo
• Babcock completa sua missão
• Para Ilitch, essa foi mais especial
• Sistema de Holland continua eficaz
• Bicampeonato dos Red Wings?