Por: Cam Cole

Enquanto o relógio marcava os últimos minutos do Phoenix Coyotes na quarta-feira na sua casa localizada a vizinhança da civilização, os jogadores patinaram para o centro do gelo, depois do tradicional aperto de mãos com os seus conquistadores, o Detroit Red Wings, e então ergueram seus tacos para saudar os torcedores que encheram a arena para o jogo quatro dos playoffs.

Mas ninguém, lá fundo, poderia ter pensado: "Vê? Existe uma boa base de fãs aqui".

Todo mundo sabia que esse pode ter sido, deve ter sido, o último jogo como mandante na curta e irregular história dessa franquia, então isso significava um evento ímpar, o lugar certo para se estar no vale na quarta-feira à noite se você não se incomodasse com a viagem até Glendale.

Os fãs ficaram em pé e muitos permaneceram depois da derrota por 6 a 3, inclusive alguns foram vistos com olhos avermelhados e ar de choro e velório, enquanto outros apenas aparentavam estar tristes e indiferentes. Então o pessoal da TV foi buscar o capitão Shane Doan para participar de uma entrevista da qual ele realmente parecia não ter vontade de participar.

Eles gostariam que ele tivesse sido sentimental, dissesse todas as coisas certas a serem ditas e então encerrasse com um "até mais Coyotes" entregando uma entrevista bem arrumada para a TV.

Porém quando Doan, um dos poucos caras no esporte a ter personalidade, com sua voz transmitindo emoção, deu respostas elegantes e concisas, pouco cooperativas sobre quaisquer perguntas que se referiam ao futuro da franquia – dando uma de Tiger Woods no seu entrevistador – foi então que você realmente pôde perceber como os jogadores queriam tanto que tivesse dado certo.

O time, sob o comando de Dave Tippet, Dave King e Ulf Samuelsson, tem sido um pequeno milagre nas últimas duas temporadas enfrentando condições impossíveis, com a espada balançando sobre as suas cabeças enquanto eles trabalhavam e venciam com freqüência suficiente para chegarem aos playoffs, apenas para continuar batendo de frente com o Detroit Red Wings.

Alguém poderia supor que se tratava de um pouco de justiça poética, uma vez que o mesmo Red Wings – que matara a última temporada do Winnipeg Jets no seu último jogo em Manitoba antes que os caminhões de mudança chegassem e carregassem embora para o Arizona o time da cidade – tenha aplicado o golpe de misericórdia novamente para começar o derrame de sangue no sentido contrário.

Doan começou a sua carreira em Winnipeg, então ninguém precisa dizer para ele o que o futuro espera, apesar do fato de que a paisagem local mudou bastante nesses últimos 15 anos desde que os Jets saíram da cidade, vítimas de uma arena antiga e de uma economia que fazia o time perder dinheiro, além de um dono que não os queria mais.

É irônico que o único salvador potencial do Phoenix Coyotes, o homem de negócios de Chicago Matthew Hulsizer, também não queira realmente ser o dono do time, a não ser que os contribuintes de Glendale – que já foram amplamente enganados – concordem em distribuir um par de centenas de milhões de dólares em dinheiro e concessões para adicionar ao total de dinheiro que já foi embora pelo ralo.

Ainda assim, Doan foi bastante inteligente em não confirmar ainda o que muitos vêem como o inevitável fim de uma empresa falida em uma localização desafortunada.

A National Hockey League e o comissário Gary Bettman têm sido tão teimosos e por tanto tempo que ninguém duvidaria se eles resolvessem insistir ainda mais um pouco na durabilidade do Coyotes no seu antigo e ainda presente único lar.

Então, para os fãs que criaram o ritual do "Tudo branco" na antiga arena de Winnipeg – uma idéia estranhamente adotada pelos Coyotes na campanha desse ano nos playoffs no deserto, ainda que o time use vermelho – um pequeno conselho no mesmo tema:

Talvez seja prudente aguardar um pouco para começar a abrir o champanhe da festa de bem vindos de volta ao lar até que a bandeira branca seja realmente erguida em Glendale e nos escritórios da NHL, e onde mais que sejam erguidos os bloqueios nas estradas.

Em outras palavras: não esperem que os cachorros do deserto venham quando você os chama. Espere até que você veja o branco dos seus olhos. E ainda assim, tenham cuidado.

Cam Cole escreve para a Vancouver Sun. O artigo original, publicado em 21 de abril, foi traduzido por Alessander Laurentino.

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Página publicada em 28 de abril de 2011.