Por: Alessander Laurentino

O Vancouver Canucks esteve a um passo de entrar definitivamente para a história da NHL, mas não por um feito glorioso ou uma grande marca positiva alcançada. Depois de ter aberto uma liderança de 3 a 0 na série contra o Chicago Blackhawks, os Canucks entraram em colapso a partir do jogo 4 da série e por pouco não foram eliminados na primeira rodada pelo oitavo colocado do oeste.

No fatídico jogo 4, quando muitos apostavam que o time canadense iria encerrar a série, o que aconteceu na verdade é que apenas o time do Chicago compareceu na partida. Foi um verdadeiro massacre e uma lição de como se marcar gols.

Enquanto os Canucks sumiam na partida, o então campeão Chicago Blackhawks se preparava para uma escalada considerada por muitos como impossível. Perdendo a série por 3 a 0, os Hawks jogavam a partida 4 em casa, frente à sua torcida e sob o risco de ver a sua temporada encerrar. O retorno de Dave Bolland ao time, depois de um período afastado por causa médica, teve um impacto fundamental. Bolland teve um gol e três assistências na partida do seu retorno, depois de 17 partidas de ausência. Bolland foi fundamental na partida e mais ainda pelo fato de ser a sua partida de retorno e cair no meio de uma situação muito difícil para o time. O segundo período mostrou a vulnerabilidade dos Canucks, quando os Hawks marcaram nada menos que 4 gols.

No começo do terceiro período eles marcaram o sexto gol e mandaram Luongo para o banco. Além de Bolland, a gente precisa destacar o desempenho de Patrick Sharp com seus dois gols e Frolik e seus 3 pontos na partida.

O destaque negativo foi a quantidade excessiva de penalidades e o jogador John Scott conseguiu a proeza de ter recebido duas penalidades de 10 minutos por conduta antidesportiva em uma mesma partida! Não sei se é um recorde na liga, mas certamente vai para os registros da liga.

Mesmo tendo dado uma surra nos Canucks, os Hawks perdiam a série por 3 a 1, e precisavam vencer mais duas partidas para empatar e a série e tentar vencê-la em um, até então, improvável jogo 7. Para piorar, o jogo 5 seria em Vancouver.

Problemas? Não para os Hawks. Eles simplesmente destruíram os Canucks em sua própria casa e aplicaram uma humilhante e preocupante (para o Vancouver) derrota em plena Rogers Arena. 5 a 0, mais uma vez mandando o goleiro titular e de salário milionário, Roberto Luongo, para o banco depois de ter tomado uma chuva de gols e ter se mostrado incapaz de fazer algumas defesas que ele deveria ter feito.

Jogo 6 em Chicago. Imaginem o clima na arena com o time vindo para casa, ainda enfrentando o perigo de uma eliminação iminente, mas vindo de duas vitórias extremamente convincentes. Do outro lado, um time fragilizado, criticado e assombrado pelos fantasmas das últimas duas temporadas, quando fora eliminado exatamente pelo Chicago Blackhawks.

A situação estava tão difícil em Vancouver que o técnico Alain Vigneault cedeu à pressão (mesmo que ele diga que não) e colocou o novato Corey Schneider como goleiro titular na partida, deixando bem claro a mensagem de que Luongo não estava dando conta do recado e que estava completamente dominado pelo Chicago.

Schneider jogou bem a maior parte da partida, mas errou em dois lances que resultaram em dois gols de empate do Chicago. No terceiro período, ao tentar defender um tiro livre dos Hawks, Schneider se contundiu e teve que deixar a partida. Quis o destino que Luongo estivesse no gol para ver os Hawks marcaram na prorrogação e empatarem a série em 3 a 3.

Incrível, inacreditável. Não existiam adjetivos suficientes para descrever a impressionante escalada do Chicago Blackhawks. Pipocaram matérias nos jornais e sites de internet agora exaltando as qualidades do atual campeão Chicago Blackhawks e explicando porque os Hawks não poderiam ser considerados batidos na série mesmo quando os Canucks abriram 3 a 0.

Engraçado como a maior parte da imprensa esportiva pode mudar de opinião tão rápido. Os mesmos que escreviam que o fim do Chicago na temporada estava próximo e era iminente, então passaram a escrever que era questão de tempo, uma partida 7 mais precisamente, para que os Hawks completassem a virada história, se tornando apenas o quarto time na história da NHL a vencer uma série que perdia por 3 a 0.

Um fato que precisa ser considerado é que nos jogos 4 e 5 vencidos pelos Hawks de maneira impressionante, apenas os Hawks compareceram à partida. Foram jogos de um time só. Ao contrário dos jogos 1 a 3, quando os Canucks ganharam porque foram melhores. Os Hawks ganharam os jogos 4 e 5 não porque foram melhores, mas porque foram os únicos que entraram no gelo.

Na partida 6 os Canucks voltaram a jogar e valorizaram muito a vitória do Chicago. A boa notícia para os torcedores dos Canucks, se poderia existir alguma àquela altura da série, era que o time parecia ter voltado a jogar e poderia pelo menos dificultar um pouco a vida do Chicago no jogo 7. Sim, dificultar, porque naquele momento praticamente ninguém em sã consciência apostaria que os Canucks conseguiriam vencer o jogo 7, não importando o fato de ele ser disputado em Vancouver.

No jogo 7 os times estavam tensos e mostraram muita determinação. Sem dúvida alguma o nome da partida foi o goleiro do Chicago, Corey Crawford, com suas várias defesas espetaculares e importantíssimas. Crawford parecia uma parede praticamente instransponível, exceto no gol de Alex Burrows no começo do jogo.

Com as duas equipes preocupadas em não dar chances extras ao adversário, os árbitros não tiveram muito trabalho com indisciplina, o que resultou em um número anormalmente pequeno de penalidades marcadas em um confronto entre Chicago e Vancouver.

Quando a partida parecia se encaminhar para o seu fim com os Canucks ganhando por 1 a 0, o Chicago se viu inferiorizado numericamente. Faltavam 3 minutos para o fim do jogo e o que seria também o fim da série e os Hawks com um homem a menos. Os Canucks praticamente desistiram de atacar e passaram a gastar o tempo esperando o fim. Grande erro. Os Hawks conseguiram superar mais uma dificuldade aparentemente intransponível e marcaram o gol de empate faltando menos de dois minutos para o final da partida. O gol não poderia ter sido marcado por outro jogador, tinha que ser dele, do capitão, Jonathan Toews. Toews é a cara desse time vencedor do Chicago e representa um verdadeiro líder.

Prorrogação do jogo 7. A série tinha que terminar desse jeito, não poderia ficar melhor do que isso. Para colocar mais tensão nos anfitriões da noite, Alex Burrows, o mesmo que marcou o gol no primeiro período, que perdeu um tiro livre no terceiro período, agora colocava seu time em desvantagem numérica contra o forte Chicago e em plena morte súbita, onde um gol significaria a eliminação dos Canucks, depois de abrir 3 a 0 na série.

Os Canucks conseguiram matar a penalidade. E conseguiram escapar do vexame supremo quando o mesmo Alex Burrows colocou o puck no fundo das redes defendidas por Crawford e fez a Rogers Arena explodir de emoção e em uma comemoração semelhante a uma vitória na final da Copa.

Canucks 2 a 1 no jogo 7 e 4 a 3 na série. Finalmente o time de Vancouver conseguiu eliminar o Chicago em uma série melhor de 7. Apesar do colapso monstruoso da equipe, os Canucks conseguiram a última e mais importante vitória na série.

Agora os Canucks precisam juntar os cacos e ver o que sobrou para a segunda rodada, porque todo o mundo já percebeu que os Canucks não são nenhum time imbatível e podem sim ser derrotados. A porteira foi aberta, resta saber se eles terão condições de fechá-la novamente e seguir em frente nos playoffs, ou se a famosa maldição do troféu dos Presidentes fará novamente uma vítima nos playoffs.

Alessander Laurentino não acreditava mais que os Canucks pudessem vencer a série desde o jogo 5.

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Página publicada em 28 de abril de 2011.