Enquanto na edição masculina há um equilíbrio entre várias seleções e o título permuta entre eles, na competição feminina não tem quem bata o Canadá e os Estados Unidos.
O hóquei passou a ser disputada também na modalidade feminina desde as Olimpíadas de inverno de Nagano, Japão, em 1998. Na ocasião, os Estados Unidos ficaram com a medalha de ouro, batendo o Canadá por 3-1. Em Salt Lake City, Estados Unidos, quatro anos depois, as canadenses deram o troco e bateram as donas da casa por 3-2. E na edição seguinte dos Jogos de inverno, em Turim, Itália, o Canadá conquistou o bicampeonato ao bater a Suécia por 4-1. Os Estados Unidos tiveram que se contentar com o bronze depois de perder para as suecas por 3-2, com o gol da vitória saindo na segunda prorrogação. Para se ter uma ideia do domínio das americanas e canadenses, essa foi a primeira (e única) derrota em Olimpíadas que essas duas sofreram para uma seleção diferente delas mesmas. Com esse retrospecto, as duas seleções entraram no torneio deste ano mais do que cotadas para realizar a final Olímpica e não decepcionaram.
Fase de grupos
A anfitriã Canadá ficou no grupo A, junto com a atual medalha de prata Suécia, a Suíça e a Eslováquia. E para mostrar para a sua torcida que a seleção iria buscar o seu terceiro ouro seguido, em casa, as canadenses começaram o torneio atropelando as eslovacas por 18-0. Em seguida, aplicaram um sonoro 10-1 nas suíças e fecharam a fase com um 13-1 nas suecas.
As norte-americanas ficaram no grupo B, ao lado da Finlândia, Rússia e China. Assim como as canadenses, elas foram passando por cima de todo mundo. Primeiro, um 12-1 nas chinesas, depois um 13-0 nas russas e um 6-0 nas finlandesas no último jogo da fase.
Disputa de medalhas
Pelas regras do torneio, o vencedor de cada grupo pegaria o segundo colocado do outro. Assim, a Finlândia foi a vítima do Canadá, que se classificou para final com uma vitória por 5-0, no primeiro jogo onde as canadenses não marcaram 10 gols ou mais. Elas iriam enfrentar os Estados Unidos, que atropelaram a Suécia por 9-1. Na disputa pelo bronze, a Finlândia bateu a Suécia por 3-2 com o gol da vitória saindo na prorrogação.
A grande final não poderia ter outras duas seleções senão Canadá e Estados Unidos. Ambas conseguiram mostrar durante todo o torneio o quanto eram superiores às demais. Juntas elas marcaram 86 gols até as finais, sofreram apenas 4 e, tirando a suíça Stefanie Marty, as dez artilheiras do torneio pertenciam a estas duas nações. Com tudo isso, o jogo foi cercado de grandes expectativas.
As duas seleções possuíam um bom nível técnico, mesmo errando bem mais que os homens os fundamentos básicos. Erros de passes, especialmente na distribuição de jogadas, eram muito comuns. A partida foi bastante equilibrada, porém não tinha a mesma pegada de um jogo masculino, assim quase não se viam os clássicos encontrões, especialmente no meio de gelo.
O ponto de desequilíbrio foi o sistema defensivo. Enquanto as canadenses conseguiram marcar duas vezes no primeiro período com Marie-Philip Poulin, as norte-americanas tinham grande parte de suas jogadas paradas pelas linhas de defesa do Canadá. E nas vezes que conseguiu passar por essas atletas, a goleira canadense Shannon Szabados estava lá para impedir o gol dos Estados Unidos.
Szabados foi o nome da partida. Ao todo ela fez 28 defesas, sendo as principais delas no final do segundo e começo do terceiro período, quando os Estados Unidos pressionaram bastante aproveitando algumas situações de vantagem numérica. No final do último período, as americanas sucumbiram diante da boa atuação da defesa adversária, diminuíram o ritmo e as canadenses administraram o jogo até o seu final.
As canadenses terminaram com a melhor campanha, conquistando a medalha de ouro de forma invicta, com a defesa menos vazada e a artilheira do torneio, Meghan Agosta, que também foi eleita a melhor jogadora da competição e assinalou o novo recorde olímpico de gols com nove no total.
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