Por: Marco Aurelio Lopes

Ao contrário das demais edições, esta semana teve nove dias! Mas, claro, por uma razão nobre: precisávamos de nove dias para conhecer os finalistas de conferência. Então a direção de TheSlot.com.br solicitou a este proletário da informação que esticasse sua semana por mais dois dias, recompensando-o com duas colunas na edição que você está lendo. (No fundo, é uma coluna só, que foi dividida em duas; será que eles acharam mesmo que iam me enganar com essa historinha? Hahaha)

Bom, nesta segunda-feira outros times querem ir ao jogo 7. Começamos, obviamente em Pittsburgh, onde os Penguins, depois de começarem a série parecendo que não dariam nem para a saída, tinham a chance de eliminar prematuramente os badalados Capitals. Depois da sóldia atuação em Washington no sábado, uma nova vitória, agora em casa, levaria novamente o time às finais da conferência. E assim eles começaram, pressionando a defesa do Washington, que subia ao ataque no melhor estilo "só a vitória interessa". Numa dessas, Crosby para Guerin, e 1-0 Pens. Poderia ter sido mais, não deu. No segundo, um pouco mais cadenciado, e no melhor estilo "quem não faz leva", Kozlov fuzilou Fleury em uma mal-sucedida troca de linhas, motivada pela contusão de Crosby ao bloquear uma tacada. 1-1, e a vantagem de quase 4 para 1 em chutes não significava nada. Ao menos Crosby voltou. A pouco mais de cinco minutos do final do período, Fleischmann vira o jogo. Ah, não, jogo 7, não, por favor... Mas o fato é que o jogo mudou de figura. Final de período, vantagem numérica dos Penguins. Cadê o Gonchar nessas horas (Ovechkin, seu...). Não tem problema: Eaton, o menos falado dos nossos defensores, acha um buraco no gol e o jogo vai para o terceiro período empatado, menos mal.

No terceiro, pelada total. Vantagem numérica dos Penguins, gol de Letang, 3-2. Vantagem numérica dos Capitals, gol de Semin, 3-3. Logo após o reinício, Kozlov de novo, 4-3 Caps. Isso vai longe... Já começando o jogo em Chicago também. E o cara que colocou o sinal estava doidinho para mudar o jogo, mas em um surto de inteligência, dividiu a tela, ou seja, transmissão simultânea, tela estreita, mas ta bom né? De grátis hehehe. Vamos lá, ainda tem tempo, o gol não sai... Quer dizer, saiu em Chicago, Raymond marca para os Canucks (como quase sempre, o Vancouver abre o placar). Hora de a garotada brilhar, porque depois foi a vez de Crosby empatar em Pittsburgh (ufa!) e pouco tempo depois Kane empatou em Chicago. Prorrogação de novo para Caps e Penguins, final do primeiro período para Canucks e Hawks. O tempo extra começa, o colunista tenso, Penguins acerta uma na trave, Ovechkin manda uma que Fleury defende com brilhantismo. Mas em um faceoff perdido, um chute de longe e um desvio sutil de Steckel leva a série a mais um jogo. Jogo 7, lá vamos nós. Ovechkin saiu do gelo fazendo sinal de silêncio. Mas quarta-feira quem fará o sinal definitivo?

Vida de colunista/torcedor é dura. Não pode deixar a tristeza da derrota abatê-lo, até porque ainda tem mais cobertura para fazer. Então, na ponte Pittsburgh-Chicago, esquecemos tudo e focamos nos Hawks (ajudou também o bombom de maracujá que havia aqui na prateleira), que se acostumou a virar os jogos da série, e hoje não foi diferente, agora com Versteeg marcando. Galera louca em Chicago, mais uma vantagem numérica dos Hawks, e agora Toews marca. Mau sinal para os Canucks, perdendo por 3-1 fora de casa e com os principais nomes do adversário marcando. Mas quando Daniel Sedin marca, os Canucks também reencontram a produção de um jogador que andava apagado, e com o gol de O'Brien a vantagem vai para o espaço. Dois períodos, empate em 3. E o terceiro foi um épico, ao melhor estilo "old-time" dos anos 1980. Em seis minutos Sundin e Burish já haviam colocado o placar em 4-4. Aos 12, Sedin faz o quinto dos Canucks. Logo depois, os gols de Toews e Kane (os meninos-prodígio, que deixaram para aparecer na hora H) viraram o placar para o Chicago, e a pintura de Kane garantiu seu hat trick, a vitória e o passaporte dos Blackhawks para as finais da conferência. Difícil não simpatizar com esse time, grupo alegre, garotada muito boa e um técnico experiente. Luongo e a defesa à sua frente foram engolidos pela vontade dos Hawks. E, ao contrário dos nossos boleiros metidos a politicamente corretos, Kane não se fez de rogado e disse logo como seria bom uma série com o Detroit, por toda a tradição e rivalidade. Nós concordamos. E, amanhã, rodada dupla para saber quantos jogos 7 teríamos a caminho...

Terça-feira, noite sem Penguins, tentei voltar um pouco ao normal, e acabei perdendo um pouco do início de Bruins x Hurricanes. Na verdade, perdi o que foi o jogo, porque com 2-0 em cinco minutos de jogo parecia óbvio que os Bruins mantiveram o mesmo ritmo do jogo anterior, e dificilmente os Hurricanes teriam alguma chance, mesmo jogando em casa. No início do segundo tempo, no entanto, Cullen descontou para os Canes, apenas para Savard recuperar a vantagem ainda antes da metade do período. Àquelas alturas, o Boston já demonstrava que não importaria o quanto o Carolina jogasse: a série iria ao sétimo jogo e, para confirmar de vez essa tese, Kobasew selou os 4-1 ao final do período. O terceiro período foi mais cadenciado (aliás, quem viu o clima criado nos jogos anteriores deve ter estranhado como o jogo teve poucas penalidades, e nenhuma por jogo violento). Samsonov, ex-Bruins, ainda tentou colocar os Canes na partida, mas os Bruins mantiveram a defesa compacta sem dar espaço aos vermelhos. E os 4-2 finais levaram a série de volta a Boston. Algo impensado dois jogos atrás, algo também impensado para quem pensava que o Boston iria atropelar. Mas agora é esquecer os seis jogos passados e jogar a sobrevivência na quinta-feira.

Mais um daqueles jogos no final do dia (ou no início... do dia seguinte), que dificultam muito a vida do colunista e trabalhador. Mas, para não passar em branco, assisti ao primeiro período. Jogo tático, em que o placar não se alterou, poucas penalidades, e o mais destacado foi o fato de os Ducks terem dado mais chutes a gol. Para os outros períodos, já no dia seguinte, recorri aos recaps e ao blog do meu amigo Flavio de Moura, e ele, do alto de sua irreverência, definiu a atuação dos Wings como patética (como se vê, todo escritor de hóquei tem seu lado torcedor bem aflorado). E realmente o que se viu foi a dupla Getzlaf e Perry dominar o gelo e os Wings sucumbir à agressividade dos Ducks. E com gols de ambos, os 2-0 no final do segundo período acabaram por definir a parada. Mesmo com a pressão do Detroit, tudo que foi produzido foi o gol de Franzen (sempre ele), mas já no final do jogo. A inoperância das demais peças do Detroit selou o destino da série, a terceira a ser decidida em sete jogos. O fato lamentável ficou por conta da cotovelada de Scott Niedermayer em Datsuyk no final do jogo. Suspensão é sonho a uma altura dessas, mas vamos ver até onde este fato vai "dar o tom" da partida. E pelo menos no jogo em Detroit o horário mais acessível vai me permitir assistir aos três períodos. Agora é concentração total, porque os Penguins são os primeiros a jogar sua vida.

Quarta-feira, o que tinha tudo para ser uma noite tranquila, tornou-se talvez a mais tensa do ano. Jogo 7, Penguins x Capitals. Crosby e Ovechkin. Juro que tentei ser o mais calmo possível durante o dia, até tive algum sucesso, mas começa o jogo, e a história muda. A Copa muda tudo, ou quase, transmissão americana ou canadense, vamos com a segunda, está dando mais sorte (o jogo 6 não tinha sinal da CBC, o resultado você já sabe). Gonchar de volta, bom sinal. Primeiro chute, Ovechkin, Fleury defende. Um contra um, Fleury defende também. Melhor não dar mais chances, vai que uma ele acerta... Primeira vantagem numérica, Penguins. Gonchar, Varlamov, Crosby, 1-0! Faceoff, Talbot, Adams, 2-0! Foi tão rápido assim quanto o tempo que você levou para ler isto. Nem eu vi direito o segundo gol, ainda escrevia sobre o primeiro (só percebi que era dos Penguins pelo silêncio na arena). Mais uma vantagem, poderíamos ter liquidado, mas não deu. 2-0, acho que ninguém esperava, estamos no caminho certo.

Começa o segundo período, GOL! Ou seria, GOL, começa o segundo período? Enfim, 3-0 agora, com Guerin (e mais uma vez as aquisições de último dia vêm dando frutos, o gerente Ray Shero vai mostrando que ao menos tem estrela). Passa logo, relógio. Enquanto isso, lá vêm os Penguins: Letang, livre, 4-0. Incrível, não tenho palavras, se fosse assim desde o início... Varlamov sai, mas que não seja crucificado, Capitals jogaram-no aos leões e vêm cometendo erros e deixando-o cara a cara com um ataque que, quando inspirado, é dos melhores da liga. Bom, 35 minutos por jogar ainda, e quem me conhece sabe que não gosto de gritar "já ganhou", e não vou fazer isso hoje. Até porque com Ovechkin, Backstrom, Semin e outros, um gol pode puxar outro, e aí é um novo jogo... Mas Théodore é Théodore, aquele que durou um jogo nos playoffs: Satan dando assistência e Staal na frente da área azul, 5-0! Dois minutos para o final do período, Fleury falha, Ovechkin marca. E que bom que o período acabou logo: 5-1 vá lá, 5-2, não!

Começa o terceiro período, mais uma penalidade dos Caps. Agora dupla por taco alto. Ovechkin tenta fazer tudo sozinho, perde o disco e logo quem entra cara a cara com Théodore? Crosby. 6-1. Acho que agora complicou para eles. Até porque ainda há mais tempo em desvantagem numérica. Bom, se é para dar algum crédito aos Capitals, que seja pela atitude. Tomar gols em sequência é duro demais, ainda mais nas circunstâncias que foram, mas ao menos seguem tentando. Faltando 13 minutos, Laich marca o segundo. Pelas contas, precisam de um gol a cada três minutos, em média. Não adianta, não consigo me acalmar o suficiente aqui. Acho que só acalmei mesmo no final. E eu que vim preparado para escrever um caminhão de parágrafos sobre o jogo (ou quase um artigo à parte), fiquei sem ter mais o que falar. 6-2 Penguins, 4-3 na série. Seguimos vivos! E, deixando o lado torcedor de lado, uma série maravilhosa de se acompanhar, belos jogos, correspondendo a todas as expectativas, Crosby e Ovechkin elevando seu jogo e mostrando que são, sim, os dois grandes nomes da NHL. Todos de parabéns, e, agora, descanso um pouco para saber quem completará o quarteto finalista da temporada.

A quinta-feira marcou mais um dia de rodada dupla de jogos 7. Infelizmente não pude chegar a tempo do início de Ducks x Wings. Na verdade, comecei a acompanhar do início do segundo período, quando os Wings já venciam por 1-0, e, antes que eu pudesse ver como foi, Helm já fazia 2 a 0. Ou seja, o Detroit vai carimbando tranquilamente sua passagem ao "Final Four" da NHL. Como não havia sinal confiável para assistir a Hurricanes x Bruins, fui acompanhando no gamecast do ESPN.com, sabendo que, se saísse gol lá, a CBC mostrá-lo-ia, e depois ainda veria o seu final após o jogo dos Wings, já que em Boston começou mais tarde, mesmo. De volta ao jogo, o Detroit dominava as ações, e no meio do período, momento chave, Wings com um cinco contra três improdutivo, na sequência, Ducks com um cinco contra três, igualmente improdutivo. Contando que são os Ducks que precisam do gol, considere os Wings vencedores nesse quesito. No intervalo, uma passada em Boston, e o placar mostra 1-0 Bruins, gol de Bitz, ou seja, mau sinal para os Hurricanes. De volta a Detroit, os Ducks começam a pressionar, até que Selanne desconta. Pânico em Detroit? Nada. Quando os Ducks partiam em busca do empate, um contra ataque vermelho, um chute de Datsyuk que Hiller não cobriu e um rebote tranquilo para Samuelsson: 3-1, e os Wings sempre achando formas de matar o adversário. No gamecast, o alerta do gol de Seidenberg, e o Carolina empata o jogo. Será que vão aprontar de novo? Quem parece aprontar são os Ducks, em vantagem numérica, com sua melhor formação. Getzlaf para Selanne, para Pronger, que manda a paulada, Osgood dá rebote e Perry, na frente da área, completa, 3-2 agora, ainda há jogo.

No terceiro período, nada de muito relevante em Detroit, a não ser um outro tranco de um Duck em um Wing que acaba sendo jogado em cima de Hiller. Curioso, agora não marcaram nada... E depois disso um taco perdido atrapalha o defensor dos Wings, os Ducks se aproveitam e Bobby Ryan empata o jogo. Hora de os medalhões dos Wings aparecerem... E, acreditem, em Boston, Samsonov, que saíra enxotado de Boston anos atrás, vira o jogo. Hora de os medalhões dos Bruins aparecerem... Período tenso, apenas uma penalidade, que não dá em nada. E, quando o jogo parecia fadado à prorrogação, Dan Cleary, mais um dos operários, marca o gol que leva os Wings à liderança, em um gol operário, brigado contra Hiller, que no final acabou deslizando o disco para seu gol. A reclamação não deu em nada (aliás, não vem dando há algum tempo), o jogo seguiu, os Ducks pressionam, buscam o empate, mas a experiência dos campeões falou mais alto e o Detroit volta às finais de conferência para enfrentar os eternos rivais de Chicago.

Agora é conhecer o adversário dos Penguins nas finais do Leste. O Carolina começa o terceiro com vantagem numérica e quase capitaliza, com um chute na trave que assustou a torcida. Passado o susto, o Boston voltou a seu jogo de pressão e agressividade e foi premiado com a bela jogada de Savard para Lucic, que Ward não conteve. 2-2, mais de 13 minutos por jogar, vaga em aberto. E esses minutos começaram se transformar no duelo Thomas x Ward. Um erro a essas alturas pode ser fatal. Eles não falharam, e a mágica dos gols nos finais de jogos não funcionou. Prorrogação. Nada para refletir melhor o que foram essas semifinais de conferência — e refiro-me a todas elas — do que o último jogo desta fase se prolongando um pouco mais (ou não tão pouco assim). Na prorrogação, o duelo entre os goleiros prosseguiu, com tons ainda mais dramáticos, e a alternância no domínio das ações refletiu esses tons. O tempo passava, o gol não saía, a segunda prorrogação surgia... Um erro podia decidir tudo, não é? Whitney deu o chute, Thomas defendeu, mas deu rebote, Scott Walker — aquele que dera um soco desleal em Ward alguns jogos atrás — tornou-se o herói em Raleigh, graças a seu primeiro gol em prorrogações. E mais uma vez o melhor time do Leste na temporada não chega às finais da conferência.

Detroit x Chicago. Pittsburgh x Carolina. Confirmações, surpresas. Agora só restam estes. A sorte está lançada. E, depois de uma maratona incrível de jogos, teremos algum descanso até o início das séries. E nós de TheSlot.com.br continuaremos aqui, para tentar trazer da melhor forma a emoção dos playoffs da NHL. Até a próxima semana!

Marco Aurelio Lopes sempre foi favorável a mais times no Canadá.

AP
Patrick Kane e os Blackhawks mostraram que "Sim, eles podem". Já os Canucks não puderam...
(11/05/2009)

AP
Se Fleury não tivesse feito essa defesa no início do jogo 7, possivelmente este colunista estaria mais triste agora.
(13/05/2009)

Bruce Bennett/Getty Images
Ovechkin deve ter dito a Gonchar que no final das contas, o tranco no jogo 4 doeu mais nele que no defensor dos Penguins.
(13/05/2009)

AP
Cleary fazendo o serviço sujo e levando os Wings adiantes, e provando que em jogo 7 os heróis podem ser quem menos esperamos.
(14/05/2009)

AP
O duelo entre Thomas e Ward foi sensacional, e desafiando a matemática, mostraram que 30+30 pode ser mesmo 10.
(14/05/2009)

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Página publicada em 15 de maio de 2009.