Por: Marco Aurelio Lopes

Aqui na redação de theSlot.com.br, a semana termina na terça-feira. Pelo menos para este colunista, que compila suas notas dos jogos da quarta-feira da semana anterior até a terça da semana seguinte, apenas mais uma prova de que a Copa muda tudo. Falando em mudança, foi justamente nessa quarta-feira que os jogos do Leste tiveram seus mandos invertidos para os jogos 3 e 4 das séries. Na Carolina, os Hurricanes, depois de roubar o mando de gelo dos Bruins, poderiam iniciar a sequência de dois jogos em casa e, quem sabe, ao final dela abrir 3-1 na série. Mas, como eu desconfiava, o Boston parecia apenas ter tido um mau dia no domingo, e ao final do primeiro período liderava por 1-0. Em Pittsburgh, simultaneamente, mal liguei o PC e já estava 1-0 para o Washington, gol de Ovechkin, em uma falha de Fleury. E aí a torcida esfria, você esfria, parece que vai ser uma noite daquelas... E o 1-0 arrastou-se pelo primeiro período e por boa parte do segundo. Pelo menos dava para ver que o time atacava mais, o gol é que não saía, mesmo, e a frustração ia aumentando, 3-0 Capitals na série não teria volta. Até que Fedotenko marca. Logo ele, que coisa! Que seja um bom sinal. Não deu para soltar o grito, parecia mais um alívio. E o 1-1 seguia até o final, quando surgiu uma vantagem numérica. Que finalmente funcionou! Malkin! Ele precisava de um gol, depois de jogos nulos em Washington. 2-1 Pens, que não mereciam perder o jogo. Foram bem superiores. Até aparecer um Backstrom da vida e empatar o jogo a menos de dois minutos do fim. Logo ele, que também andava sumido... Bom, prorrogação em Pittsburgh. Vamos relaxar um pouco, porque a coisa tá complicada.

No outro jogo, o Carolina começou a queimar minha língua, virando o jogo no segundo período, e pelo que falam os Bruins não parecem o mesmo time dominante da temporada. Mas o Boston não foi o primeiro colocado no Leste à toa, e o veterano Mark Recchi (que já ganhou Copa com o Carolina) empatou o jogo no terceiro período, levando a partida também para o tempo extra. Duas prorrogações ao mesmo tempo, ufa! Começando com o jogo de Pittsburgh, que começou primeiro. E a tendência do jogo repetiu-se: Penguins dominando, Caps se defendendo, mas sempre levando perigo, até que, em um faceoff, Crosby achou Eaton, que achou Letang, que achou o poste, que achou o gol! E os Penguins estão vivos na série, 2-1. Finalmente ganhamos uma, dobramos o Varlamov e vamos com tudo para sexta-feira! Empatar a série e jogar o problema para eles. E, já que não há tempo a perder, mudamos para a prorrogação entre Carolina e Boston. E foi bom mudar logo, porque nem deu tempo de esquentar, aos dois minutos e meio, o surpreendente Jokinen finalizou o jogo e manteve o mando de gelo dos Canes na série, agora liderando por 2-1. Os Bruins de repente começam a ficar em perigo. Bela rodada hoje, jogos parelhos, prorrogações, e, o melhor, vitória dos Penguins, hehehe. E amanhã tem mais.

E essa quinta-feira vai ser outro dia daqueles, com os jogos do Oeste começando tarde. Pelo menos podemos assistir a Canucks x Blackhawks sem problemas. Pensei que veria um jogo mais aberto, já que uma derrota do Chicago poderia ser fatal para os jovens Hawks, mas os Canucks se impuseram melhor e não deixaram o jogo fluir. E finalmente houve um período sem gols. Na verdade, quase meio jogo sem gols, até que o Vancouver, para variar, abriu o placar. E o 1-0 parecia seguir até o final, o que seria um castigo para os Hawks, que procuraram mais o gol (o Vancouver não merecia vencer o jogo com menos de 20 chutes), mas também um prêmio para Luongo, que parece recuperado do mau início na série. Mas a três minutos do final Havlat, como no primeiro jogo contra o Calgary, empatou o jogo e levou-o ao tempo extra. Como naquela partida, não foi preciso muito tempo para os Blackhwaks resolverem a parada, desta vez com Andrew Ladd. E a série ficou empatada depois de quatro jogos, voltando para Vancouver no final de semana.

Agora em Anaheim, onde o jogo já tinha começado e os Ducks já venciam por 1-0. Se mantivessem a liderança, abririam 3-1 na série. Mas, com os acontecimentos do jogo anterior, era previsível que os Red Wings viriam querendo vingança. E o Detroit, com sede, é praticamente impossível de ser parado. Final do primeiro período, 2-1 (a mula Franzen virou o jogo), final do segundo, 4-2 (Hossa com os dois gols do período). Àquelas alturas já era tarde, não aguentei para ver o fim do jogo, mas já dava para ter ideia de que os Wings pareciam ter "decifrado o código Hiller". Quando acordei para ver os melhores momentos no dia seguinte, confirmei a previsão: 6-3, Wings com uma exibição sólida. Com a série voltando para Detroit, o jogo 5 pode ser decisivo na disputa. Mas, como o Anaheim já mostrou que sabe jogar fora de casa, não acredito que seja moleza para os Wings; domingo eu vejo.

Sexta-feira, dia complicado. Problemas na família, estresse e um jogo que os Penguins precisam vencer à noite para continuar no páreo. Mesmo depois da dramática vitória de quarta, precisamos manter o ritmo. Sinal da CBC no ar, vamos ao jogo: 1-0 Caps antes de começar. Mesma história do jogo anterior, não é possível. Será que vamos conseguir virar como da outra vez? Sim, gol em vantagem numérica, gol em igualdade, até o Varlamov se mostrou humano, deixando passar gols que até agora não deixou. Guerin e Fedotenko marcando, assim que é bom, todo mundo ajuda. E o tranco de Ovechkin? Joelho com joelho, Gonchar machucado, ferrou. Deslealdade? Talvez. Pior foi não terem dado penalidade alguma, depois Malkin dá um tranco no canto e dão... Marmelada! Pelo menos acaba 3-1 o primeiro período, e no intervalo o pessoal da CBC descasca em cima do russo, pedindo suspensão etc., mas é óbvio que não vai acontecer nada. Série com tantas histórias paralelas, gerente reclamando das penalidades, jogador reclamando de comemoração, Malkin ainda na sombra de Sid e Ovie, suposta ameaça de morte pela internet, adicione agora o tranco de Ovechkin, a luva do Varlamov... Sensacional! Agora só falta empatar a série.

Curioso que durante o dia eu pensava que seria melhor até ver Bruins e Hurricanes, já que poderia ser um grande jogo, porque os Bruins poderiam ficar a uma derrota da eliminação precoce. Mas o jogo em Pittsburgh está tão bom que mal tive como acompanhar... No intervalo mostraram o gol de Eric Staal. E pensar que dias atrás achava que o Boston sobrava no Leste... De volta a Pittsburgh, onde o segundo período foi bem mais tranquilo que o primeiro. Ovechkin parecia fora do seu jogo, e os Penguins nem se importaram, claro. Mas o gol de Clark no final do período poderia incendiar o terceiro: perigo à vista. Em Raleigh, os Bruins empatavam com Savard, e de repente parecia que as quatro séries poderiam virar melhor de 3.

Começa o terceiro, e a defesa do Washington parece que finalmente vai ajudar hoje, Guerin livre acha Crosby mais livre ainda, 4-2, hoje não tem erro. Ou tem? Uma série de penalidades não marcadas contra os Caps levam Bradley a jogar Orpik contra Fleury; com o defensor nas redes, Jurcina acha o gol desprotegido e diminui. Juiz ladrão! Querem ajudar o Washington de novo! Vamos lá, Penguins! Caps se mandando ao ataque, Talbot fuzila Varlamov, que cede mais um: 5-3. Os Caps ainda tentam com gol vazio por dois minutos, mas não conseguem, e a série está empatada, no que me pareceu a melhor exibição dos Penguins, com todo o time colaborando (viu como assim é mais fácil?). Com jogo 5 no dia seguinte, está tudo imprevisível agora, ainda mais sem Gonchar e sem saber como Ovechkin e Varlamov irão reagir a uma partida abaixo da média. Ah, e para aumentar as histórias da série, no final do jogo Ovechkin teria tentado acertar o disco em Scuderi, sendo logo interpelado por Adams (antes disso, Orpik já havia encarado Ovie: finalmente estão partindo para cima dele). O jogo 5 promete. Ainda aproveito para ver os últimos minutos de Canes x Bruins, mais dos Bruins, porque pela primeira vez na temporada, os B's parecem desmotivados, passivos demais, e com gols de Jokinen (sempre ele), Samsonov e Staal (candidatíssimo a Conn Smyhte se os Canes forem longe), no terceiro período, o Carolina faz 4-1 no jogo e 3-1 na série. Ou seja, mesmo perdendo o jogo 5 em Boston, podem matar a série em casa e voltar às finais de conferência.

Passada a empolgação pela vitória de ontem, este sábado podia definir o futuro da série entre Capitals e Penguins. Depois do tranco de Ovechkin em Gonchar, que tirou o defensor do jogo de hoje, qual será a reação das equipes? Torcida a favor dos Caps hoje, mas os Penguins querem ganhar o jogo pelo seu líder abatido. E quem diria que uma série tão ofensiva terminaria sem gols ao final de um período? Bom, ao menos seguramos um pouco o ímpeto do time da casa e não tomamos gols. Começando o segundo período, e mantendo a sequência de gols marcados pelas linhas secundárias, Staal acha uma brecha e abre o placar. Penguins na frente, mas por pouco tempo: logo Ovechkin fuzila uma que empata o jogo, e, acreditem, não comemora. Realmente aquele lance de ontem mexeu com o rapaz. E, como essa série vem sendo alternada a cada lance, Backstrom, em vantagem numérica, vira o jogo para os Caps. Final de período, 2-1 Washington. Vamos ao terceiro, e logo de cara Fedotenko empata o jogo, dando 19 minutos para decidir quem vai a Pittsburgh em dois dias com a chance de fechar a série. Aos 6, a terceira linha dos Penguins funciona de novo: Staal e Kennedy combinam para o gol do trabalhador Matt Cooke, e a arena não acredita, os Penguins viram o jogo. O resultado vai persistindo até que ele, Ovechkin, em uma linda tabela com Backstrom, empata o jogo novamente: 3-3. Prorrogação. E o que mais para definir a atuação abaixo da média da defesa dos Caps senão uma penalidade? Nela, os Caps até aguentaram bem, até que, em um último esforço, Malkin ganha na velocidade de Fedorov (que atuava como defensor àquelas alturas) e manda para o gol (ou teria sido uma tentativa de passe para Crosby?), selando a vitória no jogo e a virada na série para os Penguins, que em uma semana passaram de virtuais eliminados a virtuais classificados. Segunda-feira, em casa, é a chance de liquidar a fatura.

Cruzando o continente, chegamos a Vancouver, onde o time da casa precisava da vitória para não depender de um novo sucesso em Chicago, contra os surpreendentes Blackhawks. Até aqui, sempre os Canucks saíram na frente; hoje, não. Seria um presságio? A verdade é que o gol de Byfuglien mais uma vez mostrou que o Vancouver não está sabendo conter os Hawks. Tudo bem que o gol de Kesler ainda no primeiro período e o de Sundin no segundo deram novo alento. Mas o fato é que o Chicago está sendo muito mais inteligente nessa série. Se contra os Flames Kane e Toews dominaram, agora são os coadjuvantes que estão sendo protagonistas. E destes, Byfuglien tem sido dos principais, marcando outro gol na partida e empatando o jogo antes do final do segundo período. Parece estranho crer que um time veterano como os Canucks esteja sucumbindo aos jovens Blackhawks, mas a prova maior disso é que quem está fazendo o papel de intimidador é justamente o Chicago, e está conseguindo. O Vancouver está aceitando, não está conseguindo "limpar a área", deixando Luongo sempre com adversários à sua frente fazendo o serviço sujo — e fazendo com maestria — e está se perdendo na velocidade do time dos Hawks. Burrows tenta ser o antídoto no quesito "perturbar o goleiro rival", mas nem disso é capaz. Mais um gregário (agradeço ao Silvio Lancelotti por essa), desta vez Bolland, marca o gol da vitória, no melhor estilo Chicago, e Havlat, depois de um erro Canuck sem goleiro, liquidou os 4-2 da partida. Que pode muito bem também ser o placar da série, caso os Hawks mantenham a tática que vêm usando muito bem até agora. Na segunda o próximo capítulo.

O domingo prometia, dois jogos no cardápio e a decisão do Mundial de Hóquei na preliminar. Ou seja, hóquei "all day long". Na Suíça, Canadá e Rússia decidiam o Mundial pela segunda vez seguida. É uma pena que a época seja tão inoportuna, no meio dos playoffs da NHL. Certamente o nível e o interesse seriam ainda maiores, embora eu não acredite que os finalistas seriam outros, já que ambos parecem realmente sobrar no cenário internacional. Quanto ao jogo, muito equilíbrio, o Canadá pressionando, chutando mais em gol, mas Bryzgalov superou o duelo contra Roloson no gol, e após uma bela jogada individual, Radulov (aquele que largou os Predators da NHL para jogar na lucrativa liga local, a KHL) aprontou das suas e, com um belo gol e uma comemoração à Ovechkin, garantiu o bicampeonato para os russos. A Rússia vai aos poucos retomando a hegemonia dos tempos de União Soviética, e justo dos canadenses, que haviam herdado o posto com a dissolução da temida "CCCP".

De volta à NHL, o Detroit recebia o Anaheim para o quinto jogo de sua série, com todo o moral do seu lado, após uma bela exibição no jogo anterior. Acabei não vendo o primeiro período, que não teve gols, mas, segundo meus informantes, foi dominado pelos Wings, e foi o que segui vendo no segundo período, com a diferença que em questão de segundos o Detroit fez 2-0, Hiller mais uma vez cedeu um gol defensável, e, se o jogo não acabou aos 40 minutos, foi por conta do gol de Whitney, que recolocou os Ducks no jogo. Mas o time realmente parecia apático, o que foi retratado na exibição mediana de Getzlaf (sob comentários de que teria algum problema de saúde ou contusão). No final das contas, um gol duvidoso a favor dos Wings (vingança divina?) e um gol sem goleiro no final da partida, mais um período de total domínio do time vermelho, e o placar de 4-1 foi uma boa mostra do que foi o jogo. O Detroit agora vai a Anaheim em busca da quarta vitória e mais uma viagem às finais de conferência.

Finais estas que eram o sonho dos Hurricanes em sua visita a Boston, onde os Bruins precisavam apagar as péssimas atuações anteriores e provar o porquê de ostentarem o número 1 ao seu lado na tabela. E os Bruins vieram com tudo mesmo. Assim como em Detroit, o time da casa dominou os primeiros 20 minutos, e, com dois gols logo de cara, parecia disposto a prolongar sua permanência nos playoffs. Com trancos, pressão em Ward e defesas incríveis de Thomas, os 2-0 pareceram até pouco. E pouco foram mesmo, já que no segundo período houve mais do mesmo, com mais um gol. 3-0 após dois períodos, Boston dominando, Carolina já pensando no jogo 6 e na chance de matar a série em casa. Ainda faltava a resposta de Chara, o decantado defensor que até então vinha sendo bombardeado por Eric Staal no gelo e pela imprensa fora dele. E o gigante eslovaco vinha tendo sua melhor exibição na partida, distribuindo trancos e se posicionando na frente da área de Ward, para criar mais confusão ainda no gol dos Canes. Partida resolvida, ainda tivemos o terceiro período, que foi menos intenso que os outros dois, embora com uma briga perto do final (mais vista como aquela coisa de liberar a frustração), Canes impotentes no ataque. Lucic ainda deu o golpe final com o quarto gol, e Chara, que ainda retornou após receber uma tacada de Jokinen, pelo menos por uma partida da série mostrou ser o Chara que a torcida espera. E as séries todas vão pelo menos a seis jogos. Irão a sete? Na próxima parte deste diário, nesta mesma edição, saberemos a resposta.

Marco Aurelio Lopes sempre foi contra a participação de equipes mexicanas nos torneios sul-americanos.

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O trabalho solidário de Talbot e Fedotenko apareceu e os Penguins comemoraram o empate na série.
(08/05/2009)

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Crosby e Malkin não vão dizer se foi uma tacada ou um passe. E Varlamov, na dúvida, deixou essa passar. E junto foi-se a liderança dos Capitals.
(09/05/2009)

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Podiamos dizer que aqui está o MVP da série entre Chicago e Vancouver. Mas você nunca ia pensar que estaríamos falando de Dustin Byfuglien, que simplesmente perseguiu Luongo o tempo todo e foi recompensado aqui.
(09/05/2009)

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Quando a "mula" Franzen pede passagem, os adversários têm que abrir caminho. Se não abrirem, ele abre na marra.
(10/05/2009)

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Scott Walker escolheu Aaron Ward para descarregar sua frustração. Desleal? Talvez. Mas quem imaginaria que ele seria ainda mais falado na disputa entre Bruins e Hurricanes? Ao menos, por razões mais nobres,
(10/05/2009)

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Página publicada em 15 de maio de 2009.