Por: Thiago Leal

A disputa interna é quente. Caso conquiste sua segunda Copa Stanley, o Tampa Bay Lightning tem dois ótimos candidatos a MVP dos playoffs: Martin St. Louis e o goleiro Dwayne Roloson.

Martin St. Louis & cia. limitada
St. Louis é ninguém menos que o principal jogador do time no momento. Liderou o time em pontos na temporada regular e, sempre que fez linha com Steven Stamkos, formou uma dupla infernal. E olha que Vincent Lecavalier esteve ausente por boa parte da temporada... O tampinha de Tampa manteve o pique na pós-temporada e é o maior responsável pela farra na Flórida.

Aliás, já faz um bom tempo que o pequeno St. Louis é o principal jogador do Lightning. Talvez desde que a franquia ganhou notoriedade é ele (e não o também excelente Lecavalier) quem atende por dono da vaca. Desde a vitoriosa temporada 2003-04, quando foi honrado com o Troféu Hart, é o atacante de 1,73m quem dá a bola na baía de Tampa. A temporada e pós-temporada atual é sua consagração máxima com a franquia, que deve ser celebrada com a possível conquista da Copa Stanley.

St. Louis nem parece ter 35 anos. Mantém sua velocidade e incrível agilidade, benefícios de sua baixa estatura e peso. Com essas características, torna-se o garçom perfeito para atacantes de força como Lecavalier e Stamkos e trabalhou dessa forma na temporada regular. Assumiu as rédeas da situação nos playoffs, mas muito bem escoltado, pelo capitão Lecavalier, o goleador Sean Bergenheim, autor de nada menos que oito gols nos playoffs e Teddy Purcell.

Além dos nomes óbvios de St. Louis, Purcell, Lecavalier e Bergenheim, os coadjuvantes do Tampa Bay revezam-se em suas aparições: Stamkos, que não tem dado muito as caras, mas soma quatro gols, Steve Downie, Dominic Moore... todos atacantes.

As deficiências no elenco do Tampa: defensores. O Tampa tem uma das defesas mais fracas do Leste e a mais fraca dos times classificados aos playoffs da banda oriental da NHL. Além disso, poucos defensores ofensivos, um paradoxo importantíssimo no hóquei. E um outro ponto fraco, muito provavelmente relacionado a esse primeiro, que é o baixo aproveitamento em desvantagem numérica. Apenas gol marcado até aqui.

Dwayne Roloson, sozinho consigo mesmo
Se as coisas na cozinha não vão assim, digamos, tão bem, então alguém tem segurado muito bem a barra: Dwayne Roloson. O titular da barra do Tampa jogou simplesmente todos os jogos até aqui. Aliás, jogou todos os minutos. O reserva imediato Mike Smith não deu as caras. Não teve oportunidade. Está no banco, provavelmente perplexo, aprendendo alguma coisa. Mesmo porque Roloson desempenhou muito melhor que Smith (em média) na temporada regular. E o que assusta é a idade de Roloson. Nem é preciso comparar com os 29 anos de Smith.

Roloson lidera os playoffs em vitórias, defesas e menor média de gols sofridos. Há quem diga que o goleiro de 41 anos está jogando sua vida. Ele, que nunca foi unanimidade, tem sua última chance de vencer uma Copa Stanley.

Não há dúvida que se o critério merecimento valesse alguma coisa no hóquei, Roloson já seria campeão da Copa Stanley e MVP eleito. Segurou a barra contra o Pittsburgh, já que seus defensores não são exatamente bons em bloquear: defendeu mais de 30 chutes todas as noites e, no jogo 7, o mais importante até aqui, garantiu o shutout (36 defesas). Foi a estrela da noite.

Contra o Washington Capitals, repetiu a dose e segurou a varrida.

Talvez tenham goleiros que, numa mesma noite, tenham enfrentado inferno maior nessa pós-temporada. Roloson ganha pela sequência. Se tem uma coisa importante em pós-temporada, chama-se goleiro. Não basta ser apenas humano para levar seu time a uma final de Copa Stanley, e isso pode perguntar a qualquer torcedor do Carolina Hurricanes, New Jersey Devils, Montreal Canadiens, Anaheim Ducks, Colorado Avalanche, Detroit Red Wings... não é à toa que tantos goleiros são agraciados com o Troféu Calder.

O que destaca Roloson de todos os times citados acima é que, em geral, seus goleiros em campanhas vencedoras foram protegidos por grandes defensores. Não é o que tem acontecido na Flórida nesta primavera.

O mais irônico disso tudo é que até aqui o Tampa Bay vem eliminando rivais com características exatamente opostas: eliminando Pittsburgh, Washington e agora batendo de frente com o Boston o Lightning está enfrentando as melhores defesas do Leste. Caso passe pelos Bruins, se a final da Copa Stanley for contra o Vancouver Canucks, será uma briga direta com a melhor defesa e o alegado melhor goleiro.

Roloson ainda precisa acumular mais três vitórias para levar o Tampa Bay à decisão. E aí são mais quatro para a conquista da Copa Stanley. Até aqui, o mais difícil ele já faz: inspirar confiança em um time sem segurança alguma, se não ele próprio.

Para vencer na NHL é necessário ter fome. E Roloson avança para cada disco como se aquele pedaço de borracha como se fosse um Big Mac com queijo extra e molho barbecue. Quem tem tanta fome assim merece matar a sede com champanhe, bebendo direto da Copa Stanley.

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-11 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 16 de maio de 2011.