Por: Alexandre Giesbrecht

As finais de conferência começam em uma época negra para a NHL, que não tem nada a ver com assuntos triviais como audiência na televisão ou algo parecido. Além da eterna nuvem de concussões e trancos na cabeça que já há alguns meses paira sobre a liga, nesta semana adicionou-se a trágica morte de Derek Boogaard, em circunstâncias ainda misteriosas, e a prisão do ex-jogador Matthew Barbaby, também não muito bem esclarecida. Isso sem falar na quase medieval polêmica em que Sean Avery entrou ao colocar-se em favor das minorias.

Ou seja, ao invés de hóquei, o noticiário está recheado de outros assuntos. A morte de Boogaard ainda precisa ser explicada antes de ser digerida. Adorado pela torcida do Wild apesar de seus limitados dotes com o taco na mão, tinha, isto sim, dotes pugilísticos invejáveis e foi contratado a peso de ouro pelos Rangers nas últimas férias, uma contratação bastante questionada à época e que foi ainda mais mal vista após a contusão que o tirou da temporada após apenas 22 partidas, em dezembro. O motivo? A nova "epidemia" da liga, uma concussão, embora esta não possa ser atribuída a um tranco na cabeça pois foi adquirida em uma briga com Matt Carkner, dos Senators. A concussão pode ou não ter tido algo a ver com sua morte, e a família de Boogaard concordou em doar o cérebro do jogador para ser estudado pela ciência.

Na mesma noite em que foi divulgada a morte de Boogaard, Barnaby foi preso em Buffalo devido a um "incidente doméstico". Ele passou a noite na prisão e foi solto no dia seguinte, após se declarar inocente. Em um comunicado, ele garantiu que não houve violência ou sequer ameaça de violência. Segundo policiais ouvidos pelo jornal Buffalo News, as acusações não derivavam de contato físico. Curiosamente, a carreira de Barbaby foi encerrada por uma concussão originada em uma briga, assim como Boogaard — a diferença é que Boogaard ainda não tinha se aposentado e tinha chance de voltar a jogar.

Já Avery nunca teve uma concussão, mas confusões (para ficar em um quase parônimo) nunca faltaram à sua carreira. A última delas veio de uma maneira surpreendente para quem conhece seu histórico. Quem imaginaria que um jogador que, apesar de um polpudo contrato que ainda tinha quatro anos e meio pela frente, foi demitido por causa de declarações sexistas de baixo calão fosse se tornar um líder tão vocal em favor do casamento gay? Sim, aquele mesmo Avery não só deu um depoimento a favor do casamento gay como manteve a posição mesmo quando questionado a respeito dela. Um dos questionadores, um jornalista de Toronto, acabou demitido por discordar da posição de Avery e ainda deverá haver desdobramentos, pois é um assunto bastante sensível na América do Norte, um continente que ainda não decidiu seus limites de conservadorismo.

Com tudo isso acontecendo, o início das finais do Leste passou despercebido, especialmente depois que os dois times que a disputam, Boston e Tampa Bay, ficaram mais de uma semana sem jogar após encerrarem rapidamente suas respectivas séries anteriores. Ainda há muita lenha para queimar nesta fase e principalmente na próxima, que determinará o time que terá o direito de dormir literalmente com a Copa Stanley durante o próximo verão setentrional. Só que neste momento a vida real caiu como uma bomba sobre a NHL.

Alexandre Giesbrecht, 35 anos, achou um vestígio da Estação Roosevelt.
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Página publicada em 15 de maio de 2011.