2011: um ano diferente de tudo que já se viu. Assim podemos considerar o Campeonato Mundial da IIHF, realizado pela primeira vez na Eslováquia, com transmissão ao vivo (ou não...) para o Brasil, via SporTV. E uma medalha de ouro bem incomum, além de zebras como a Alemanha e a Noruega dando as caras.

O Campeonato aconteceu entre 29 de abril e 15 de maio, em duas cidades: Bratislava, capital e maior cidade do país, e Košice, segunda maior cidade eslovaca. Das 16 seleções participantes, duas vieram da Divisão I de 2010: a Áustria e a Eslovênia.

A fórmula é a mesma utilizada de um tempo pra cá: primeira fase com quatro grupos de quatro. Os três melhores times de cada grupo classificam-se para a segunda fase enquanto os últimos colocados disputam a chave de rebaixamento, com o descenso de dois times para a Divisão I. Na segunda fase, dois grupos de seis times cada. Os quatro primeiros de cada grupo avançam para as quartas-de-final, que passa a ser disputada de forma eliminatória até a finalíssima.

Cada vitória em tempo regulamentar vale três pontos. Vitória na prorrogação ou pênaltis, dois pontos e um ponto para o perdedor. O formato de três pontos para vitórias e a extinção dos empates, com decisão em pênaltis para qualquer jogo, foi estabelecido desde o Campeonato Mundial de 2007.

Assim, tivemos:
Grupo A Alemanha, Eslováquia, Eslovênia e Rússia
Grupo B Bielo-Rússia, Canadá, França e Suíça
Grupo C Áustria, Estados Unidos, Noruega e Suécia
Grupo D Dinamarca, Finlândia, Letônia e República Tcheca

Já na abertura do torneio, uma surpresa: pelo Grupo A, a Alemanha venceu a Rússia por 2-0. A primeira chave da competição ainda teve um jogaço entre alemães e eslovenos, decididos nos pênaltis após empate em 2-2, com vitória alemã. A Rússia e Eslováquia também fizeram um grande jogo para fechar o grupo, vitória russa por 4-3. A classificação final da chave foi Alemanha em 1º, Rússia em 2º e Eslováquia em 3º, com a Eslovênia eliminada.

No Grupo B, a França também começou surpreendendo e segurou o 0-0 com a Suíça até a prorrogação, quando Tobias Stephan marcou o gol da vitória suíça. Depois a França viria a ser massacrada pelo Canadá (9-1), mas com vitória sobre a Bielo-Rússia conseguiu se garantir no 3º lugar. O jogo da chave foi Canadá 4-3 Suíça, também na prorrogação. Canadá em 1º, Suíça em 2º.

No Grupo C, mais zebra: a batalha nórdica terminou com vitória da Noruega nos pênaltis sobre a Suécia (4-4 no tempo regulamentar). Curiosidade: a Noruega tem seu Forsberg (Kristian Forsberg) e seu Koivu (Eerikki Koivu). A chave terminou com a Suécia na ponta, Estados Unidos em 2º e Noruega com a última vaga.

Sem zebras, o Grupo D ficou com República Tcheca em 1º, Finlândia em 2º e Dinamarca em 3º.

Na rodada de rebaixamento caíram as seleções que subiram: Áustria e Eslovênia. Letônia e Bielo-Rússia ficam na divisão de elite e, em 2012, juntam-se a elas Itália e Cazaquistão.

Grupo E Alemanha, Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, República Tcheca e Rússia
Grupo F Canadá, Estados Unidos, França, Noruega, Suécia e Suíça

A Alemanha continuou aprontar e só cedeu a vitória à Finlândia nos pênaltis, enquanto a Dinamarca fez jogo duro pra cima dos russos e perdeu por 4-3. Alemanha e Dinamarca fariam um jogão entre si, com vitória dinamarquesa nos pênaltis. E também foi nos pênaltis que se resolveu o melhor jogo da chave: Finlândia 2-2 Rússia, vitória finlandesa na disputa de penalidades. Sem sustos, a República Tcheca liderou o grupo. Finlândia em 2º e Alemanha em 3º, novamente na frente dos russos, os 4º colocados.

A novidade no Grupo F foi a vitória norueguesa por 3-2 sobre a Suíça, resultado que acabaria eliminando os suíços lá na frente. Canadá e Estados Unidos disputaram mais um clássico daqueles: 2-2 com vitória canadense nos pênaltis. Na última rodada, vitória do Canadá por 3-2 sobre a Suécia assegurou o primeiro lugar da chave aos canadenses, com Suécia em 2º, Noruega em 3º e Estados Unidos em 4º.

O fôlego das zebras acabou nas quartas-de-final: a Alemanha tomou 5-2 da Suécia e a Noruega caiu fora perdendo de 4-1 para a Finlândia. Ainda teve o massacre de 5-0 da República Tcheca sobre os Estados Unidos com hat trick de Jaromir Jagr (o terceiro gol foi uma pintura) e o Canadá perdendo da Rússia, 2-1.

Na semi-final a Finlândia mostrou a que veio: 3-0 na Rússia, com direito a um golaço de stickhandling de Mikael Granlund. Na outra perna os suecos haviam feito 5-2 na República Tcheca e a final do Mundial seria uma "revanche" da decisão dos Jogos Olímpicos de 2006. A última final de mundial entre as duas seleções fora em 1998, vitória sueca. Finlândia e Suécia também decidiram os mundiais de 1995 e 1992, este último com ouro para os suecos.

Mas antes da finalíssima, Roman Červenka marcou seu hat trick na vitória da República Tcheca sobre os russos pela medalha de bronze: 7-4.

A decisão tinha tudo para ser equilibrada. E foi: no primeiro período, 0-0. No segundo período, 1-1. Mas aí veio o terceiro período e uma surra sem precedentes dos finlandeses: cinco gols. Placar final, Finlândia 6-1 Suécia. Detalhe é que ninguém marcou mais de um gol. Foram seis gols de seis jogadores diferentes.

Com a vitória esmagadora, a Finlândia conquista seu segundo ouro, o primeiro desde 1995, que também fora conquistado sobre a Suécia. O finlandês Jarkko Immonen, ex-New York Rangers, liderou o torneio em pontos e em gols. Mesmo cedendo seis gols na decisão, Viktor Fasth da Suécia foi melhor goleiro e MVP do torneio.

Nenhuma seleção foi formada exclusivamente por jogadores da NHL, mas muitas estrelas como Alexander Ovechkin, Ilya Kovalchuk, Rick Nash e Patrik Elias estava presente. De qualquer forma, foi o Campeonato Mundial com o menor número de estrelas da NHL presentes. Em geral, os atletas NHL eram jogadores muito jovens, como Cam Fowler ou Jeff Skinner, além de jogadores mais experientes, mas sem o quilate de estrela de Sidney Crosby.

Cada vez menos relevante para a NHL, o Mundial da IIHF tende a ficar ainda mais europeu, público para o qual tem a maior importância afinal.

A edição de 2012 acontecerá na Finlândia e na Suécia, de 4 a 20 de maio.

Geração de ouro: Enfim a Finlândia deixa pra trás a sina da prata. Das 11 medalhas conquistadas em Mundiais, seis são de prata. De 1998 pra cá a Finlândia conquistou medalhas de prata nos mundiais de 1998, 1999, 2001 e 2007, além da prata na Copa do Mundo de Hóquei em 2004 e nos Jogos Olímpicos de Turim em 2006. O último ouro que os finlandeses tinham ganhado em qualquer coisa fora no Mundial Juvenil de 1998. De lá para cá tinha virado uma geração de prata, mesmo com seus jogadores mais talentosos.

Sobre as transmissões do SporTV: Hóquei na TV brasileira, com direito a alta definição. Não estamos falando apenas das transmissões da NHL na ESPN e ESPN HD, mas do Mundial de Hóquei na SporTV, SporTV 2 e SporTV HD. Com comentários do exceçente Gê Cardoso, o público brasileiro teve de acompanhar uma narração bem aquém àquelas de Ari Aguiar na ESPN (não recordo o nome do narrador do SporTV). Não dá para culpá-lo, afinal, o cara provavelmente foi escalado para um esporte do qual jamais tinha assistido qualquer partida.

O lado bom da transmissão do Mundial no Brasil pela segunda vez é a divulgação do esporte para o público brasileiro. Os resultados das rodadas decisivas foram exibidos no SporTV News e no site de esportes da Globo, que até então só noticiava hóquei no gelo quando havia alguma briga ou fato inusitado.

A transmissão dos Jogos Olímpicos de Inverno realmente vem dando frutos. Assim, que venha Finlândia/Suécia 2012 na SporTV!

Thiago Leal torceu pela Finlândia.

• Capa
• Editorial
• Canucks avançam para a final do oeste
• Um olhar do Canadá
• Finais de conferência em segundo plano
• Mais uma vez Estados Unidos
• Fio de esperança
• Comentários em séries
• Bruins e Sharks na final?
• Tubarões invisíveis
• Risco de Extinção
• Enfim, ouro!
• Ressoando como trovão
• Os Habs podem enterrar Scott Gomez na AHL
  
• Um bom goleiro é a chave para sucesso nos playoffs
  
• Finais de conferência