Por: Eduardo Costa

Toda vez que algo pitoresco acontece na NHL, milhares de perguntas abarrotam nossa caixa de correspondência. Tudo porque nossos amados leitores, principalmente os mirins com sua inesgotável sede de conhecimento, sempre encontram as respostas aqui, na águas turvas que banham nossa redação.

Poucas horas depois do 10-3 do St Louis Blues sobre o Detroit Red Wings, recebemos esse simpático e-mail, de alguém que assina como Legolas Verdefolha, 14 anos, de Jales-SP:

“Hei, seus filhos da #$&%, sei que boa parte de vocês torcem pros vermelhinhos, o que vão dizer da maior surra de que se tem notícia na história dos esportes? DEZ? Ou já teve vergonha parecida?”

Obrigado pelo e-mail caro Legolas, a tenra goleada dos Blues está longe de ser a maior massacre da história dos esportes. No que tange à NHL destacamos duas. A de maior número de gols marcados por uma equipe e a vitória com maior margem.

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Chacal tricolor
3 de Março de 1920

Muito antes da cidade de Quebec hospedar, e perder, os Nordiques, os Bulldogs representaram a capital da província de mesmo nome. E fizeram com certo sucesso, conquistando o bicampeonato da copa Stanley (1912-13). Porém problemas financeiros minaram a equipe, culminando com a venda da franquia e mudança da mesma para Hamilton em 1920.

Mas antes disso Montréal, tal como um chacal que não resiste em ver um animal moribundo, tirou proveito do crítico momento dos Bulldogs e sapecaram a maior quantidade de gols feito por uma equipe em um prélio da NHL: 16 pepitas.

Na mesma temporada Québec, que contava com o mitológico Joe Malone, já havia perdido para os lendários Ottawa Senators por 12-1 e para os mesmos Canadiens por 12-0.

Faltando quatro jogos para o final da temporada eles voltariam a enfrentar os Habs e com um motivo extra para sofrer: o arqueiro Frank Brophy jogaria no sacrifício, com uma contusão na coxa.

O primeiro período não foi tão ruim. Sofreram apenas quatro gols – com hat trick de Didier Pitre-, mas do segundo em diante as limitações físicas de Brophy falaram mais alto e a vaca celeste com Q no peito foi pro brejo. Newsy Lalonde e Harry Cameron destruiram os quebequenses, o último anotou quatro tentos mesmo sendo um linha azul. Final do passeio: Habs 16-3.

Até hoje nenhuma equipe repetiu o feito daquele esquadrão Habitant. Quem chegou mais perto foram os cidadãos abaixo.

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Massacre original
23 de Janeiro de 1944

A temporada 1943-44 foi inesquecível para os camisas azuis. Por razões pouco nobres. A equipe sofreu dez ou mais gols em uma única partida sete vezes – isso em uma temporada com 50 jogos.

Em uma das temporadas da era original, cada uma das outras cinco agremiações tiraram proveito da debilidade daquela versão dos Rangers –  provavelmente a equipe que mais sofreu com a ausência de atletas que serviram na 2ª guerra mundial .

Segue a macabra lista:

14/11/43 Rangers 5-10 Black Hawks
13/12/43 Rangers 4-11 Maple Leafs
02/01/44 Bruins 13-3 Rangers
23/01/44 Rangers 0-15 Red Wings
03/02/44 Rangers 2-12 Red Wings
04/03/44 Rangers 9-10 Bruins
18/03/44 Rangers 2-11 Canadiens

O placar do dia 23 de Janeiro mostra uma vitória por uma margem de gols inigualável.  Em boa parte devido à torrencial chuva de gols no terceiro período, quando os Rangers sofreram oito tentos.

Syd Howe produziu um hat trick nos minutos finais do prélio e outros dez jogadores dos Wings marcaram pelo menos um golzinho naquela tarde de casa cheia no Olympia Stadium de Detroit. Esse cortejo poderia ter igualado também o número de gols dos Habs contra os Bulldogs, mas o 16º tento não foi validado porque foi feito dois segundos após o buzinar(?) final.

Culpar o guardião dos camisas azuis, Ken McAuley, pode parecer injusto. O cidadão teve que enfrentar 43 disparos alvirrubros. Na temporada McAuley disputou todos os 50 jogos de seu time, sofrendo 310 gols.

 Já na outra extremidade, quanta diferença. O arqueiro dos Wings, Connie Dion teve que parar apenas nove disparos dos Rangers para obter seu primeiro shutout na NHL.

Uma semana depois os Wings voltariam a massacrar os Rangers, dessa vez por “modestos” 12-2, prélio famoso devido os seis gols anotados por Syd Howe.

Ao contrário dos Bulldogs, os Rangers sobreviveram à infame surra e continuam sendo um dos carros-chefes da liga.

Eduardo Costa tem orgulho dos amigos que tem e lamenta o fim de uma era.

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Página publicada em 3 de abril de 2011.