Toda vez que algo pitoresco acontece na NHL, milhares de perguntas abarrotam nossa caixa de correspondência. Tudo porque nossos amados leitores, principalmente os mirins com sua inesgotável sede de conhecimento, sempre encontram as respostas aqui, na águas turvas que banham nossa redação.
Poucas horas depois do 10-3 do St Louis Blues sobre o Detroit Red Wings, recebemos esse simpático e-mail, de alguém que assina como Legolas Verdefolha, 14 anos, de Jales-SP:
“Hei, seus filhos da #$&%, sei que boa parte de vocês torcem pros vermelhinhos, o que vão dizer da maior surra de que se tem notícia na história dos esportes? DEZ? Ou já teve vergonha parecida?”
Obrigado pelo e-mail caro Legolas, a tenra goleada dos Blues está longe de ser a maior massacre da história dos esportes. No que tange à NHL destacamos duas. A de maior número de gols marcados por uma equipe e a vitória com maior margem.
-------------------------
Chacal tricolor
3 de Março de 1920
Muito antes da cidade de Quebec hospedar, e perder, os Nordiques, os Bulldogs representaram a capital da província de mesmo nome. E fizeram com certo sucesso, conquistando o bicampeonato da copa Stanley (1912-13). Porém problemas financeiros minaram a equipe, culminando com a venda da franquia e mudança da mesma para Hamilton em 1920.
Mas antes disso Montréal, tal como um chacal que não resiste em ver um animal moribundo, tirou proveito do crítico momento dos Bulldogs e sapecaram a maior quantidade de gols feito por uma equipe em um prélio da NHL: 16 pepitas.
Na mesma temporada Québec, que contava com o mitológico Joe Malone, já havia perdido para os lendários Ottawa Senators por 12-1 e para os mesmos Canadiens por 12-0.
Faltando quatro jogos para o final da temporada eles voltariam a enfrentar os Habs e com um motivo extra para sofrer: o arqueiro Frank Brophy jogaria no sacrifício, com uma contusão na coxa.
O primeiro período não foi tão ruim. Sofreram apenas quatro gols – com hat trick de Didier Pitre-, mas do segundo em diante as limitações físicas de Brophy falaram mais alto e a vaca celeste com Q no peito foi pro brejo. Newsy Lalonde e Harry Cameron destruiram os quebequenses, o último anotou quatro tentos mesmo sendo um linha azul. Final do passeio: Habs 16-3.
Até hoje nenhuma equipe repetiu o feito daquele esquadrão Habitant. Quem chegou mais perto foram os cidadãos abaixo.
-------------------------
Eduardo Costa tem orgulho dos amigos que tem e lamenta o fim de uma era.