Por: Fernnando Dittmar

Pense em um jogador que não é o maior pontuador da equipe, muito menos o goleador que o gerente-geral pediu a Deus, ou então aquela muralha em que todos confiam em um lance de perigo, mas mesmo sem nenhuma dessas qualidades, é reconhecido e respeitado por jogadores e torcedores adversários. Esse é Ian Laperrière, um quase quarentão nascido em Quebec que pode ter sua carreira abreviada pelas sérias contusões que acumulou durante toda essa caminhada de dedicação.

Laperrière tem a fama do típico jogador que se sacrifica pela franquia que ostenta o símbolo em sua camisa e que troca um gol por alguns pontos e cicatrizes pelo rosto. Não é a toa que ganhou o título de jogador mais “durão” da liga dado pela revista americana The Hockey News na temporada passada.

Seu começo no St. Louis Blues foi dois anos após ser escolhido nas baixas escolhas do recrutamento de 1992. Sem perspectivas de permanecer  na equipe e revezando entre o Peoria Rivermane e os Blues, acabou sendo envolvido em uma troca para o New York Rangers. Em Nova York acabou não tendo espaço e novamente acabou sendo trocado para o Los Angeles Kings, justamente onde Laperrière começou a se mostrar para a liga. Ele costuma dizer que como não era o jogador em que se espera 50 gols por temporada ou então a habilidade para ser garçom de seus companheiros, tinha de arrumar um jeito de permanecer jogando na liga, a receita parece ter dado certo.

Ian Laperrière permaneceu por nove temporadas em La-la Land, onde deixou saudades e o reconhecimento por parte da torcida e dos jogadores que jogaram ao seu lado.  Sua passagem de quatro anos pelo Colorado Avalanche nao foi diferente e com um ingrediente a mais, afinal foi em Denver que alcançou a melhor temporada de sua carreira.

No ano passado chegou aos Flyers no time que até então tinha em mente reacender a era do Broad Street Bullies, e claro, ninguém melhor que Lappy para integrar ao projeto. Na Filadélfia achou seu lugar na equipe e logo teve um teste e tanto para sua coragem. Ao bloquear com o rosto um disparo de Jason Pominville no jogo contra o Buffalo Sabres, Laperrière deixou no gelo no primeiro periodo sem 7 de seus dentes e obteve mais 10 pontos em sua face, mas para a surpresa de muitos, voltou ao jogo no terceiro período trajando uma proteção facial. Posteriormente nos jogos válidos pelos playoffs, seu rosto novamente foi ponto de chegada daqueles discos em alta velocidade e mais uma vez isso não o fez parar de continuar na briga. Laperrière sabia que aquela seria talvez sua última chance de levantar uma Copa em sua longa carreira. Sempre arrumando desculpas aos médicos para continuar jogando — e de certa forma até encurtando sua carreira a cada jogo —, ele e os Flyers acabaram chegando às finais da Copa Stanley, mas o título acabou indo para o Chicago Blackhawks. Um duro golpe que acertou em cheio as convicções de nosso guerreiro.

Ao longo de sua carreira ótimos times não fizeram parte de sua rotina, alguns em processo de reconstrução ou em período de decadência da franquia. Mas se a Copa não veio até Laperrière, azar da Copa, pelo menos é assim que pensam seus fiéis seguidores.

Ainda não há certeza se Laperrière realmente continuará jogando. Antes mesmo do ínicio dessa atual temporada o jogador acabou sendo afastado por uma síndrome de pós-concussao, que previamente fará com que ele perca toda a temporada.  A morte recente de seu pai vítima de um câncer também pode pesar contra na hora de seguir lutando no gelo, até porque ele já é pai de duas crianças em desenvolvimento e sabe que sua presença será fundamental para ambas.

Ele mesmo diz que com o passar do tempo e com a experiência adquirida foi aprendendo a não tirar as luvas por motivos em que não julgava necessário. O motivo agora parece bem maior e exigirá mais tempo de reflexão. Se voltar, a NHL contará com mais um de seus bravos guerreiros de volta ao gelo, caso escolha acompanhar a liga pela TV, infelizmente seu último jogo poderá ter sido a fatídica derrota frente ao time de Chicago.

Fernnando Dittmar aposta suas fichas em Ryan Nugent-Hopkins.

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(23/11/2009)

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Página publicada em 21 de novembro de 2010.