Por: Alessander Laurentino

Na sexta-feira, dia 19 de novembro de 2010, o hóquei ficou mais pobre, mais triste e até mesmo um pouco órfão. Aos 58 anos, em uma fria sexta-feira na cidade de Sherbrooke, província de Quebec, morreu Pat Burns.

Burns realizou alguns feitos notáveis durante sua relativamente curta carreira na NHL. Curta sim, afinal de contas ele ainda era bastante novo e poderia continuar sendo treinador por muitos anos ainda. Algumas das marcas alcançadas por Burns foi ter conseguido ser amado em Toronto e Montreal, duas cidades extremamente opostas em vários aspectos, e notadamente na cultura do hóquei. Ele também se destacou por ter conseguido vencer por três vezes o troféu Jack Adams, e não bastasse ter ganho três vezes, ele os ganhou em três times diferentes!

Ao contrário de outras grandes personalidades do hóquei, Burns conseguiu sim alcançar a maior glória do hóquei. Em 2003 ele levou o New Jersey Devils ao topo do pódio e deixou seu nome marcado no troféu mais importante dos esportes profissionais do planeta: a Copa Stanley.

Originalmente um policial de carreira, Burns amava o hóquei e essa paixão acabou tirando o policial das ruas e criando um técnico rigoroso, duro e exigente, mas ao mesmo tempo sincero, honesto e bastante capaz.

Na metade dos anos 2000, depois de conquistar a Copa Stanley, Burns descobriu que tinha câncer no aparelho digestivo. O baque foi óbvio, e naquele momento a NHL perdia um grande treinador vencedor. Depois de se submeter a um longo tratamento incluindo cirurgias, radioterapia e quimioterapia, Burns acreditava ter se livrado da doença. Entretanto, em 2009 seus médicos descobriram que a doença tinha se espalhado para os pulmões, e a partir daquele momento Burns passara a ser considerado um paciente sem possibilidade de cura.

Como bom policial e treinador de hóquei, Burns não desistiu. Na verdade, ele jamais se entregou e continuou brigando com a doença, dia após dia. Durante o último verão setentrional alguns meios de comunicação chegaram a divulgar sua morte, o que gerou prontamente uma resposta do espirituoso Burns: "Ei, eu ainda estou aqui. Esperem pelo menos o meu cadáver esfriar para anunciarem a minha morte."

Em sua carreira como treinador na NHL, Burns dirigiu um time em 1.019 partidas, registrando 501 vitórias, 353 derrotas, 161 empates e 14 derrotas em prorrogação, com aproveitamento de 51,3% enquanto treinador do Toronto, Boston, Montreal e New Jersey.

Burns também deixa seu nome em uma arena que está sendo construída na cidade de Stansted, na província de Quebec e perto da fronteira com Vermont. Em março de 2010 ele e o primeiro ministro do Canadá, Stephen Harper, participaram de uma cerimônia no local realizada exclusivamente para esse anúncio.

Apesar da doença, Burns trabalhou até quando pôde. Apesar de saber que não tinha condições de saúde para ser treinador, ele continuou trabalhando para os Devils como olheiro, e gostava do que fazia.

Ao ser questionado por que ainda trabalhava apesar da sua situação e do seu diagnóstico, Pat Burns respondeu à sua maneira característica de ser. "Nesse momento eu estou apenas aproveitando o tempo que me resta. É o que eu tenho tentado fazer. O choro e tudo o mais, já passou. Isso já era. Eu disse à minha família que já tinha passado esse tempo, nós já encerramos isso. Vamos apenas aproveitar o que nós ainda temos", disse Burns enquanto assistia a uma partida do New Jersey Devils contra o Tampa Bay na temporada passada.

Obrigado, Pat, por sua contribuição ao esporte mais incrível que existe. Que você descanse em paz.

Alessander Laurentino (um minuto de silêncio).

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-10 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 21 de novembro de 2010.