Por: Thiago Leal

O segundo ídolo máximo do nosso caríssimo colunista Humberto Fernandes vive seu melhor momento na NHL. Steven Stamkos é, neste começo de temporada 2010-11, aquele grande jogador que potencialmente viria a ser quando os Bolts o recrutaram. Lidera o time e a liga em pontos e é, disparado, o principal jogador do elenco, ainda que Martin St. Louis tente acompanhá-lo, sendo o jogador regular que sempre foi. Tinha dúvidas se faria este artigo sobre a fase atual do Lightning em si ou se trilharia o caminho que o clube percorreu para retornar ao sucesso. Como estamos no começo da temporada e não sabemos até onde o Tampa se sustenta, vamos focar no momento. Mais tarde, se for o caso, estudamos as razões dos Bolts.

Neste presente momento, o Tampa Bay Lightning é o líder da Conferência Leste com 15 pontos e um jogo a menos que Montreal, Philadelphia, Chicago e Los Angeles, atual líder da NHL. Tem um ataque com excelente produtividade, atrás apenas de Chicago, Colorado e Atlanta em gols marcados, e um já citado jogador em grande fase. Não inspira aquela personalidade de time campeão porque eu, pessoalmente, acredito que um grande time começa por uma defesa impecável, coisa que o Tampa Bay ainda não tem. Pode vir a ter futuramente, à medida que trocas forem acontecendo, e para que essas transições aconteçam, é preciso que se mantenha a boa campanha.

No mês de outubro, o Tampa Bay Lightning disputou dez jogos, cinco em casa e cinco como visitante. Podemos, portanto, dividir este primeiro mês de Tampa Bay em duas etapas e avaliar o desempenho da franquia da Flórida.

Começo arrasador e massacre no "derby" estadual
Nos três primeiros jogos, três vitórias. Tudo bem que vencer os Thrashers em casa não é lá o mais hercúleo dos trabalhos. Mas o Atlanta deu mais trabalho do que se esperaria e emparelhou o placar três vezes até que Stamkos marcassem os dois gols que deram a vitória ao time da casa. Foi uma abertura de temporada quase que tardia aos Bolts, em 9 de outubro, mas as quase 20 mil pessoas presentes no St. Pete Times Forum com certeza saíram satisfeita com seus Steves - o Stamkos e o Downie, melhores jogadores nos 5-3 daquele comecinho de noite de sábado. Mas depois vieram duas pedreiras: Montreal e Philadelphia, ambos fora de casa.

Contra os Canadiens, Stamkos marcou o gol de empate no final do terceiro período, quando os donos da casa venciam por 3-2. A jogada, no entanto, começou no taco de Ryan Malone, o melhor daquela noite, também pelo gol-vencedor que marcou na prorrogação. 4-3 para o Tampa. No dia seguinte, Philadelphia, na Cidade do Amor Fraternal. Vitória do Lightining de ponta a ponta em noite de Downie e St. Louis, mas com o gol de Stamkos — o primeiro do jogo. Placar final, 3-2. O Tampa seguiria como visitante para a partida seguinte, mas retornaria à Flórida para enfrentar os Panthers. Esse terceiro jogo seria o mais fácil da série inicial de cinco jogos, que seria completa contra o Dallas Stars dois dias depois, quando o Lightning finalmente retornaria ao seu doce lar.

Meu nome é David Booth: Herói de dois a cada três colunistas de TheSlot.com.br, o grande David Booth anotou dois gols e uma assistência no massacre do Florida em cima do Tampa. Foi a primeira derrota do Lightning na temporada, para os Panthers, que haviam acabado de retornar de uma surpreendente vitória por 3-0 contra o Calgary Flames fora de casa. Guarde bem esse resultado: Tampa Bay 0-6 Florida Panthers. Ele será emblemático.

Os primeiros cinco jogos, que totalizam metade da tabela de outubro, foram finalizados com uma bela vitória por 5-4 contra o Dallas Stars. O placar não reflete muito bem o que foi a partida: Lightning massacrando os Stars com Stamkos e Downie liderando o ataque apoiados por Nate Thompson, dois gols de Dominic Moore e Victor Hedman se matando no rinque. Com o conjunto bem afiado, o Lightning despachou os Stars sem contestação e aguardavam o New York Islanders para mais um jogo em casa.

18 gols em 5 jogos
O mês de outubro seria completo com mais cinco jogos, três em casa e dois fora. O primeiro deles foi o mais fraco para o Lightning, contra os Islanders. Depois de começar perdendo e virar o jogo, o Tampa Bay cedeu ao empate no segundo período em desvantagem numérica e, com o tempo regulamentar encerrado em 2-2, acabaram perdendo na prorrogação. Ainda assim, os Bolts foram melhores e St. Louis em particular fez uma grande partida. Seguindo para Atlanta, o Lightning massacrou os Thrashers por 5-2. Stamkos tornou a marcar o gol vencedor em cima do Atlanta e, de quebra, assinalou seu primeiro hat trick da temporada. Foi um jogo com muitas penalidades e o Atlanta teve uma noite ruim, embora não tenha jogado lá tão mal.

Talvez tenha sido um mau negócio receber a visita do Nashville em seu melhor momento na temporada. Apesar de todo o esforço dos velhos líderes Vincent Lecavalier e St. Louis, o Lightning não foi capaz de parar Cody Franson nem de passar pela parede de Anders Lindback por mais de três vezes. O goleiro dos Predators foi a estrela da noite, embora tenha cedido dois gols no terceiro período que quase comprometeram o trabalho. Os Preds voltaram para casa com 4-3, de qualquer forma.

O espírito de St. Louis: Os Penguins chegaram a abrir 3-1 no primeiro período e parecia que aquela seria a noite de Matt Cooke. Mas Martin St. Louis mostrou que não é o melhor jogador baixinho da NHL à toa e assistiu Lecavalier para empatar a partida no segundo período e marcou o gol vencedor na última etapa da partida. Na rede vazia, o nanico anotou seu segundo gol na noite em que Stamkos teve três assistências.

Com os 3-0 sobre os Coyotes em Phoenix neste sábado, o Lightning chegou ao seu primeiro shutout da temporada e Stamkos marcou seu novo gol e 19º ponto. Nesta segunda etapa de outubro, os Bolts fecharam com 18 gols marcados e 11 gols sofridos.

Temporada nublada com possibilidade de trovões
Ainda não está relampejando na NHL, mas podemos dizer que este início de temporada é tão animador que lembra o começo de 2003-04 quando, como todos lembramos, o Lightning conquistou a Copa Stanley. Naquele tempo havia um jogador cuspindo fogo, que era o St. Louis, e um amuleto, o Brad Richards. Não dá para dizer que Stamkos, atual líder da liga em pontos, e Downie, sejam essas mesmas figuras na temporada atual. Além disso, na temporada 2003-04, o Lightning sofria menos gols, principalmente nas primeiras rodadas. Os Bolts terminaram aquela temporada com uma média de 2,3 gols sofridos por jogo. Nesta atual vamos em 3 gols sofridos por jogo. A média dos dez primeiros jogos de 2003-04 era de 1,9. Nikolai Khabibulin era um goleiro que inspira bem mais confiança de que Dan Ellis ou Mike Smith. Aliás, nenhum dos dois inspira confiança alguma, tanto que vêm se revezando debaixo dos paus. Na temporada passada Antero Niittymaki foi uma tentativa de solução, como Eduardo Costa comentou no Guia do Sudeste, mas ele se mandou para a Costa Oeste.

O importante é que o Lightning sempre marca gols. A única partida em que não marcou foi na até então emblemática derrota por 6-0 para os Panthers. Além do mais, em todas as demais partidas, os Bolts marcaram pelo menos dois gols. Não há um jogo onde o time marcou apenas um e no total são 35 em 10 jogos. Uma média de 3,5 por partida, melhor que os 2,9 da temporada 2003-04 (que, nos dez primeiros jogos, apresentavam uma média de 2,7). A rotatividade de produção no ataque até então tem se mostrado positiva. Apesar de seus 19 pontos, o Lightning não tem dependido tanto de Stamkos porque St. Louis tem aparecido com frequência e, nesses primeiros dez jogos, Downie, Malone, Sean Bergenheim e Pavel Kubina tem contribuído um jogo ou outro.

Dentre as sete vitórias do Lightning até aqui, quatro foram sobre bons times, que são o Montreal, o Philadelphia, o Dallas e o Pittsburgh. Não fosse a produtividade defensiva deficiente, daria para dizer que o Lightning é um time que inspira confiança. Não é. Mas ainda acredito que Lecavalier acorde para fazer uma boa temporada. A inconstância do capitão do Tampa Bay já foi discutida várias vezes por seu maior fã, torcedor inveterado da franquia da ensolarada Flórida, Humberto Fernandes. Realmente Lecavalier, grande jogador, bastante habilidoso, não é dos caras mais constantes e não mantém uma longa sequência de bons resultados. Mas é a cara desta franquia ao lado de St. Louis, como o Fernandes discorreu neste artigo com a mesma qualidade de um Marcelo Constantino.

Novembro começa com uma turnê pela Califórnia onde o Lightning enfrentará um fraco Anaheim Ducks, terá um tira-teima pela ponta da liga contra o Los Angeles Kings e subirá um pouco mais ao norte do estado para encarar o San Jose Sharks. A tabela de novembro ainda prevê Toronto, Washington, Philadelphia e Pittsburgh, entre outros, em uma maratona de 15 jogos. Ao final deles, na quinta-feira, dia 30, tornaremos a avaliar o desempenho do Tampa Bay Lightning e veremos se esta avaliação mensal continuará até o final de março, quando teremos uma ideia mais concreta a respeito da posição do time para os playoffs.

É a primeira vez desde o outono de 2003 que o Tampa Bay inspira tanta crença de que algo possa acontecer. É esperar que essa crença se torne confiança. Vai ser divertido avaliar como o Lightning chegou de 2004 até aqui.

Thiago Leal descobriu uma banda chamada Hockey e uma chamada Hockey Night.
AP
Steven Stamkos (de branco) marca mais um em cima do Atlanta: 19 pontos em dez jogos.
(22/10/2010)

Richard Wolowicz/Getty Images
Martin St. Louis tem sido a alma do Tampa Bay. E é assim que vem sendo neste começo de temporada.
(13/10/2010)

Kevin C. Cox/Getty Images
Este trio precisa carregar por inteiro para que os relâmpagos caiam com força total.
(22/10/2010)

AP
O gol do Tampa Bay ainda não inspira confiança, assim como a defesa da franquia em geral.
(27/10/2010)

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Página publicada em 31 de outubro de 2010.