Por: Marcelo Constantino

Na primeira edição desta temporada, Alessander Laurentino traduziu uma matéria assinada por Jack Todd, do The Gazzette, que relatava a desconfiança com que a torcida do Montreal Canadiens olhava para Carey Price, sobretudo depois das atuações de Jaroslav Halak nos playoffs passados.

Em resumo: Halak fora um dos maiores responsáveis pelas duas vitórias do Montreal nos playoffs passados. Foram vitórias surpreendentes e sobre times do porte de Washington Capitals e Pittsburgh Penguins. Os Habs caírem frente ao Philadelphia Flyers na final de conferência, mas Halak deixou sua marca indelével naqueles playoffs.

Vieram as férias e o natural, ao menos na cabeça de uma suprema maioria, seria que os Canadiens rifassem o goleiro Carey Price e mantivessem Halak no posto. Surpreendentemente a decisão da gerência foi rifar Halak e manter Price.

E então, após algumas semanas de temporada já podemos traçar um cenário indicando se valeu a pena ou não? Difícil, mas vamos tentar identificar comparativamente como estão os dois até aqui. É claro que esse tipo de resposta ("valeu a pena?") geralmente só se tem no longo prazo, ao fim de uma ou mais temporadas, mas é possível identificar se os goleiros estão atendendo às expectativas até aqui.

E as expectativas em relação a cada um são inteiramente diferentes. Halak saiu dos playoffs passados quase como herói em Montreal. E assim chegou a St. Louis. Price é cercado de sérias desconfianças por uns, e inteiramente não confiável por outros. Raros (além, claro, da gerência dos Canadiens) são os que realmente depositam confiança no jovem goleiro.

Até os jogos realizados na quarta-feira, Price atuara em oito jogos, obtendo seis vitórias. Era o líder em vitórias na liga, ao lado de Michal Neuvirth. A média de gols sofridos por jogo era de 2,23 (11.º geral) e o percentual de aproveitamento de defesas era de 91,3% (20º geral). Os números não dizem tudo: Price parece estar em evolução, ganhando confiança e demovendo a má vontade de uma parte da torcida local. Mesmo com atuações ruins em sequência ao longo do caminho, contra o Ottawa Senators e New Jersey Devils, Price parece estar seguindo o plano da gerência do Montreal: ganhar experiência e confiança aos poucos. Mas ainda está bem distante do antigo goleiro do time.

Halak tinha quatro vitórias em seis jogos, com um melhor aproveitamento de defesas — 92,6% (9.º geral) — e uma melhor média de gols sofridos por jogo — 1,81 (5.º geral). A última partida do St. Louis até então tinha sido uma sofrida vitória na prorrogação, por 1-0, em grande parte graças às 31 defesas de Halak na partida. É difícil encontrar alguém em St. Louis que não esteja satisfeito com o goleiro do time até aqui.

Até aqui, Halak ainda demonstra ser o goleiro melhor preparado. Os Blues vêm surpreendendo neste começo (justiça seja feita, muitos já esperavam uma boa temporada do time) e em boa parte isso se deve à confiança depositada no goleiro. Halak e os Blues já venceram os dois finalistas da última Copa Stanley e surgem como um dos sérios concorrentes aos playoffs, dentro da equilibrada e disputada Conferência Oeste.

Price tem, evidentemente, um peso bem maior nas costas: em resumo é mostrar que a decisão da gerência em mantê-lo em detrimento de Halak foi acertada, o que pressupõe necessariamente atuações melhores que as de Halak. Não é isso que vem ocorrendo até aqui. Por ora, se ele conseguir transmitir confiança ao time, se conseguir tornar-se um goleiro menos irregular e se conseguir manter uma boa sequência de vitórias, já estará de bom tamanho. Price pode deixar a competição com Halak para o longo prazo.

Marcelo Constantino adora cervejas tipo irish ale.

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Página publicada em 31 de outubro de 2010.