NOTAS e FOTOS • Por: Humberto Fernandes e Thiago Leal

A discussão entre os fãs do hóquei no gelo e os adeptos do bola-ao-cesto progrediu na última semana, com direito a debate na televisão, inclusive.

O Sports Media Watch publicou que a outra liga leva uma pequena vantagem em média de público até o momento, com 17.178 espectadores contra 17.119 da NHL, diferença menor que a registrada na temporada passada (17.396 a 17.268). Puck Daddy fez questão de ressaltar dois pontos importantes: o Clássico de Inverno disputado entre Pittsburgh Penguins e Buffalo Sabres diante de 71 mil pessoas é tratado como aberração estatística e não entra no cálculo da média e as arenas da NHL têm menor capacidade que as de bola-ao-cesto — o Air Canada Centre, por exemplo, tem capacidade para 18.819 torcedores de hóquei e 19.800 do outro jogo.

Mas ninguém discute que a tendência está a favor da NHL. A média de público da temporada passada foi 1,8% superior à do ano anterior e a desta temporada já é 1,2% superior à de 2007-08. Do outro lado do muro, o público foi 2,1% menor.

A NHL suspendeu o atacante Sean Avery por tempo indeterminado na terça-feira após mais uma polêmica declaração do jogador. Avery falando bobagem não é novidade, a resposta da liga é que surpreendeu positivamente.

O Dallas Stars estava em Calgary para enfrentar os Flames. Os repórteres aguardavam o jogador para questioná-lo sobre os seus comentários a respeito de Jarome Iginla. Avery entrou na sala, perguntou se havia uma câmera de vídeo presente e anunciou que só falaria uma coisa. E então proferiu bobagens: "Eu estou feliz por voltar a Calgary, eu amo o Canadá. Eu apenas quero comentar o quanto se tornou comum na NHL os caras se apaixonarem por minhas sloppy seconds . Eu não sei por quê. Apreciem o jogo hoje à noite."

Sloppy seconds é uma gíria extremamente vulgar e de baixíssimo nível que significa algo como "ter relações sexuais com uma mulher que acabou de praticar sexo com outro homem".

O jogador se referia diretamente a Elisha Cuthbert, sua ex-namorada que hoje é o par romântico de Dion Phaneuf, defensor dos Flames, e que esteve envolvida anteriormente com Mike Komisarek, do Montreal Canadiens, e a Rachel Hunter, atual namorada de Jarret Stoll, do Los Angeles Kings.

O comissário Gary Bettman declarou que Avery fez "comentários inapropriados publicamente, não pertencentes ao jogo." Nos próximos dias haverá um encontro dos dois, onde o jogador tentará se explicar e a NHL determinará o tamanho da suspensão. O proprietário dos Stars, Tom Hicks, comentou na página oficial da equipe que "se a liga não tivesse suspendido o jogador, o Dallas Stars o faria, porque a organização não tolera esse tipo de comportamento, especialmente de um membro do time".

Nenhum de seus companheiros de time o apoiou. Marty Turco, Brad Richards e Mike Modano afirmaram não estar impressionados com sua atitude e que Avery é problema dele, porque envergonhou o grupo demonstrando sua total falta de classe.

A suspensão do jogador recebeu apoio quase incondicional da imprensa. Não há nada que justifique o envolvimento de namoradas, esposas e família dos jogadores em declarações públicas de alguém que tenta se promover através da língua afiada. Avery é o jogador mais odiado da liga e tem tudo para ser o próximo Steve Moore. Brian Burke é o novo presidente e gerente geral do Toronto Maple Leafs, como já era esperado. No entanto, se os torcedores dos Leafs esperam por uma reformulação da equipe, partindo da troca de veteranos por escolhas no recrutamento, é melhor mudar de idéia.

Burke é um dos melhores gerentes da liga, mas tem um ponto fraco: o recrutamento. No começo de sua carreira o gerente mirava um prospecto e tramava negociações até consegui-lo. Foi assim com Chris Pronger, recrutado pelo Hartford Whalers em 1993, e os irmãos Henrik e Daniel Sedin, selecionados em 1999. Desde então, as maiores (não as melhores) escolhas de Burke foram Nathan Smith, R.J. Umberger, Kiril Koltsov e Ryan Kesler, eliminando as mais recentes pelo Anaheim Ducks.

Em 2000 e 2002 os Canucks selecionaram 18 jogadores que, juntos, somaram 31 jogos pela NHL. Em uma dúzia e meia de chances Burke não conseguiu sequer um legítimo prospecto. Em 2001, no entanto, ele acertou ao escolher Umberger. O atacante se mostrou competente, porém não em Vancouver, onde se envolveu em uma disputa contratual e foi negociado para o New York Rangers após desperdiçar um ano de sua carreira.

No recrutamento de 1999 ele estava determinado a conseguir os gêmeos suecos. Com a terceira escolha geral, Burke jogou xadrez. Em três trocas ele conseguiu também a segunda escolha geral, pouco depois de ter por alguns instantes a primeira. Foi o suficiente para o ano, porque ele não acertou nenhuma outra escolha depois.

Se os Leafs pretendem ser como o Detroit Red Wings, é melhor Burke aprender a garimpar talentos no fundo do recrutamento. A torcida do Colorado Avalanche não está nada satisfeita com a campanha da equipe nesta temporada. Os Avs correm o risco de não participar dos playoffs pela segunda vez em três anos e as más notícias se acumulam em Denver.

O capitão Joe Sakic está fora por tempo indeterminado, o que pode significar que ele precisa de alguns dias de descanso para voltar a jogar ou que o fim da linha chegou para o maior jogador da história da franquia. O resultado da ressonância foi negativo, segundo os médicos, mas isso não é necessariamente bom. Todas as vezes que Sakic tenta jogar hóquei, suas costas "desistem" — nas palavras de Adrian Dater. Deve ser o último ano de Super Joe.

Outra perda da equipe foi o defensor Adam Foote, que sofreu um tranco por trás, porém limpo, de John Zeiler, do Los Angeles Kings. O pescoço de Foote ainda o incomoda e foi descoberta uma misteriosa contusão em seu joelho. Os Avs colocaram-no na lista de reserva por contusão.

Ainda segundo Dater, "Este time não acredita em si mesmo, não tem paixão suficiente e — pelo que eu testemunhei — não tem a química dos últimos anos". Na segunda-feira os Avs estavam em 12.º lugar na Conferência Oeste, a dois pontos da oitava vaga para os playoffs e a dois pontos da última colocação, com aproveitamento inferior a 50%. A NHL é uma liga norte-americana, mas está longe de ser uma liga estadunidense, embora 24 das 30 equipes estejam no solo a ser governado por Barack Hussein Obama.

De acordo com James Mirtle, 52% dos jogadores que atuaram nesta temporada nasceram no Canadá. Os americanos são 19,9% e os europeus 27,3% — divididos entre tchecos (6,9%), suecos (5,9%), finlandeses (4,4%) e russos (3,5%), principalmente. Logo, a geografia da NHL mudou muito nos últimos dez anos. Em 1998-99 os canadenses representavam 61,3% da liga e os americanos 15,8%. Os russos hoje são apenas metade do que já foram, o que não é nenhuma surpresa.

A presença de americanos teve seu catalisador na expansão dos Seis Originais, em 1967. Antes disso o domínio de jogadores canadenses beirava os 100%. Até a metade da década de 1990 os americanos eram mais numerosos que os europeus, o que se reverteu em larga vantagem para os jogadores do velho continente, mas desde 2003 houve a inversão das taxas de crescimento, com cada vez mais americanos e menos europeus. Em breve os russos, suecos, tchecos, finlandeses e eslovacos serão minoria na liga.

Os últimos recrutamentos indicaram predomínio de jogadores da América do Norte, o que vai se refletir na distribuição dos países dentro da liga. E até o fim da temporada os números sofrerão algum impacto com a convocação de jovens jogadores das ligas inferiores de acordo com as necessidades das equipes, porque na AHL a maioria dos atletas nasceu no Canadá ou nos Estados Unidos.

O mais curioso é o que Brasil está representado nas estatísticas. Robyn Regehr nasceu em Recife, embora provavelmente não saiba apontar o dedo para o Brasil no mapa mundi. Temos 0,1% dos jogadores da liga, ao lado de outras potências como Itália, África do Sul, França, Noruega, Polônia, Coréia do Sul e Brunei.

Na última edição de Prorrogação publicamos o abuso sofrido pelos jogadores do Anaheim Ducks na luta da equipe para permanecer dentro do teto salarial imposto pela liga. Bobby Ryan e Brett Festerling têm percorrido constantemente as rodovias que ligam Anaheim a Bakersfield porque esse é o método mais inteligente disponível no momento para economizar alguns milhares de dólares — gastos com aluguel de carro, combustível e hospedagem não atingem o teto salarial.

Mas o esforço dos Ducks — e dos jogadores — é justificável. Ryan e Festerling foram rebaixados novamente na semana passada, na terça-feira, porque a equipe não jogava antes de sexta-feira à noite. Os Ducks economizaram US$ 12 mil nesta movimentação, o que no dia-limite de trocas será o equivalente a US$ 60 mil. Não é o suficiente para contratar Mats Sundin, mas pode significar a permanência de Ryan por mais tempo no time ao final da temporada.

A situação ficou pior quando Jean-Sebastien Giguere abandonou temporariamente a equipe por motivos pessoais. Para convocar o goleiro David Leneveu como reserva de Jonas Hiller, o Anaheim foi obrigado a manter Festerling na liga inferior. A equipe estava cerca de US$ 400 mil abaixo do teto salarial, valor insuficiente para pagar o salário mínimo da liga.

Os malabarismos para contornar a falta de espaço no orçamento não são exclusividade dos Ducks. O Detroit Red Wings também tem improvisado, escalando o defensor Derek Meech no ataque para evitar a convocação de outro atacante e seu respectivo salário. O atual campeão da Copa Stanley está pouco abaixo do limite máximo permitido, sendo obrigado a manter jogadores como Ville Leino, Jonathan Ericsson e Darren Helm fora da equipe titular.

É o exemplo de economia que gera prejuízo. Não financeira, mas de qualidade. No futebol costuma-se dizer que o resultado mais perigoso é o 2-0, porque o time que tem a liderança se acomoda e e acaba sofrendo o empate. No hóquei não é diferente, embora nós de TheSlot.com.br não relutemos em afirmar que 2-0 é melhor que 1-0 ou 0-0. Não compramos a idéia.

Mas os números da atual temporada indicam que nenhuma liderança é confortável porque os times estão virando jogos a todo momento. Em novembro, em uma mesma noite, Pittsburgh Penguins e Calgary Flames abriram cinco gols de vantagem contra seus adversários para vencer por apenas um gol de diferença no apito final.

No primeiro quarto da temporada 2003-04, a última antes de locaute, o time que marcava o primeiro gol do jogo vencia em 78% das vezes. Na temporada atual a estatística caiu para 66%. Nos primeiros 322 jogos da temporada passada as equipes reverteram placares adversos de dois ou mais gols 25 vezes, comparado. Neste ano já foram 39.

As novas regras são as principais responsáveis pelas viradas, mas existe um outro fator chamado New York Islanders. A equipe desperdiçou lideranças de três gols em cinco oportunidades na temporada. O mundo atravessa uma crise econômica que garantirá ao ano de 2008 um lugar na história, ao lado de 1929. O esporte é vítima desta crise tanto quanto qualquer outro setor. Algumas equipes da NHL devem passar por momentos muito difíceis em breve, mas no Leste Europeu a situação é ainda pior, onde a KHL é uma liga subsidiada pelos dólares de grandes corporações arruinadas pela conjuntura internacional.

A Sport-Express, publicação esportiva russa, entrevistou cada uma das equipes para saber qual o tamanho do problema. O Mettalurg Novokuznetsk corre o sério risco de não disputar seus jogos após 1.º de janeiro porque o principal patrocinador do time caiu fora do negócio. Outras equipes, como o HC MVD e o Khimik Voskresensk, estão com salários atrasados. Até o Metallurg Magnitogorsk, time de coração do nosso Eduardo Costa, está em dificuldade, tendo que cortar 30% dos salários dos funcionários, exceto jogadores.

Metade da liga (12 times) está em boa situação, embora exista a negociação pela redução do teto salarial.

Em meio a tantos problemas, a KHL anunciou que o primeiro Jogo das Estrelas da liga será disputado a céu aberto na Praça Vermelha, em Moscou. Através de votação na página da liga 50,13% dos fãs decidiram pelo formato "Time do Jagr x Time do Yashin". Alexei Yashin terá ao seu lado jogadores russos e de ex-repúblicas Soviéticas. Já Jagr contará com os jogadores de outras partes do mundo.

• Capa
• Editorial
• Faceoff
• Prorrogação
• Seqüência dos Devils é pura poesia
• Quando o copo transborda
• Técnico para quê?
• Tempo de sobra em Edmonton
• Não há páreo para os Sharks
• Avery, calado, é um poeta
• A rivalidade Hawks-Wings

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AP Se Sean Avery foi punido por falar demais, achamos melhor cortar a legenda dessa foto. Ou Bettman viria até a redação de TheSlot.com.br suspender a gente... (29/11/2008)

Dave Sandford/Getty Images Essa é a melhor forma de defender o gol do Toronto Maple Leafs: tirando o goleiro! (29/11/2008)

Bruce Bennett /Getty Images O "gol vazio", em breve, também será uma das técnicas do Tampa. Mike Smith mesmo está sob constante treinamento. (02/12/2008)

AP Em Edmonton, Jeff Drouin-Deslauriers não concordou com a medida e foi decapitado em pleno rinque. Mike Ribeiro foi o executor. (24/11/2008)

Jim McIsaac/Getty Images Freddy Meyer e Richard Park comemoram: os Islanders estão cada vez mais perto de conquistar a "escolha número 1" de 2009. (29/11/2008)

Bruce Bennett /Getty Images Chega de arrancar dentes. Jogadores de hóquei saem da mesmice e, agora, querem arrancar olhos! (02/12/2008)

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AP Mike Modano comemora a contusão de Brenden Morrow. Ele quer o C de volta no seu ombro esquerdo! (30/11/2008)

Al Bello/Getty Images Henrik Lundqvist e Steve Valiquette se revezam para brincar de tomar gols do favoritíssimo à Copa Stanley Florida Panthers. (30/11/2008)