Por: Marcelo Constantino

Do jeito que anda esta temporada da NHL, não há páreo para o San Jose Sharks. Após o jogo de terça-feira, em que facilmente derrotou o cambaleante Toronto Maple Leafs por 5-2, a equipe acumula nada menos que oito vitórias consecutivas. Nenhuma delas na disputa de pênaltis, que fique claro.

O recorde avassalador de 43 pontos em 25 jogos (21-3-1) nesses dois meses de temporada é o melhor começo já visto na história da liga, igualando um recorde do Montreal Canadiens de 1943-44! (É necessário, entretanto, dar o devido e fundamental desconto por conta dos pontos obtidos em derrotas na prorrogação e vitórias em disputas de pênaltis, algo que não acontecia nos anos 40).

A última derrota do time foi em 11 de novembro, contra o Nashville Predators, e na prorrogação. As únicas três derrotas no tempo normal ocorreram jogando fora de casa. E apenas uma delas foi feia, uma paulada de 0-4 sofrida diante do rival Anaheim Ducks, no quinto jogo da temporada. Até o momento o San Jose ainda não perdeu dois jogos consecutivos no tempo normal.

Quanto às vitórias, os Sharks venceram 13 dos 14 jogos em casa. O único jogo que perderam em casa foi já citado de 11 de novembro. Atualmente há um buraco de doze pontos entre eles e o segundo colocado na Divisão do Pacífico, o Anaheim Ducks. Há um buraco de sete pontos entre eles e o segundo colocado geral na NHL (Detroit, Boston e NY Rangers, todos com 36 pontos nesta quarta-feira). E estamos falando de dois meses de temporada. O San Jose Sharks mais do que sobra na NHL. Ao menos nesta temporada.

As coisas vêm funcionando de uma maneira que (quase) tudo parece dar certo. Precisa de um gol? Ele sai. O time adversário está encurralando? Sem problemas, os Sharks estão vencendo, apesar de encurralados — e vencem ao fim do jogo. O goleiro titular se machucou? O reserva entra e dá conta do recado. Tomou cinco gols? Cinco?? Sem problemas, os Sharks marcam seis. E por aí vai.

Agora já podemos dizer com segurança que a chegada de Todd McLellan mudou o time em relação aos tempos de Ron Wilson. Observa-se muito mais confiança nos jogadores, que agora batalham os 60 minutos. Parece haver alguma motivação extra, com jogadores bloqueando tacadas mesmo quando o jogo já está (praticamente) ganho. Você pode até questionar se isso não seria resultado da mudança de técnico propriamente dita, e não especificamente da chegada de McLellan. Pode ser. Mas eu pelo menos estou creditando boa parte do sucesso atual a ele.

Hoje há três perigosas linhas sendo roladas toda noite, mas a primeira é avassaladora. Patrick Marleau talvez seja o maior exemplo de recuperação de confiança no time: após uma bom período (desde os playoffs de 2007, na verdade) bem abaixo das expectativas, ele reencontrou seu melhor hóquei jogando numa linha centrada por Joe Thornton — esse sempre grande, seguramente um dos melhores da NHL (imagine você o quão agradecida esta franquia deve ser à gerência dos Bruins; imagine você como poderiam estar os Bruins hoje se ainda tivesse Thornton no elenco). Marleau, que esteve envolvido em fortes boatos sobre trocas ao longo da temporada passada, agora joga um hóquei com muito mais responsabilidade defensiva do que antes. Para alguns, ele vem jogando o melhor hóquei de sua carreira.

Ao lado de Marleau e Thornton está Devin Setoguchi, uma das maiores revelações da temporada até aqui e artilheiro do San Jose, com 13 gols. Seus 29 pontos somente são superados pelos 30 de Thornton.

Os Sharks agradecem de coração (não somente aos Bruins, mas também) ao Tampa Bay Lightning pela cessão de Dan Boyle, que chegou para mudar e liderar a defesa do time. Ao lado do veterano Rob Blake — fazendo até aqui uma temporada como não se via há algum tempo, com 5 gols e 21 pontos — Boyle já tem ótimos nove gols e 22 pontos.

Outro time que merece agradecimentos por parte dos Sharks é o Chicago Blackhawks. Não que Brian Campbell ficaria no San Jose, não fosse a oferta do Chicago. Não, ele provavelmente conseguiria outra oferta melhor no mercado. Porém, no fim das contas parece valer a pena ter deixado Campbell sair. A montanha de dinheiro que ele demandaria não permitiria a contratação de Boyle, Blake e Brad Lukowich. Os três defensores — sim, metade da defesa foi trocada — trouxeram e injetaram gás novo na equipe, superior ao que Campbell trazia sozinho.

No gol, Evgeni Nabokov foi um homem de ferro na temporada passada, tendo atuado em nada menos que 77 jogos. Nesta temporada, Nabokovo machucou-se. Algum problema? Nenhum: Brian Boucher deu conta do recado, tendo inclusive vencido as quatro primeiras partidas da atual seqüência de oito vitórias. Goleiro famoso — já ganhou destaque na capa de TheSlot.com.br por ter protagonizado a incrível seqüência de cinco shutouts em 2004 — demonstrou e transmitiu segurança ao grupo quando necessário.

Outro ponto forte da equipe até aqui tem sido a profundidade do elenco. Mesmo tendo jogadores como Nabokov, Torrey Mitchell, Jonathan Cheechoo, Mike Grier, Marcel Goc, Dan Boyle, Douglas Murray e Jody Shelley perdido alguns jogos por contusão, o time segue vencendo. Mais do que isso: nada menos que 14 jogadores já marcaram um gol da vitória para o time nesta temporada!

É claro que, sobretudo na NHL, temporada é uma coisa e playoffs são outra completamente diferente. O ponto a ser efetivamente superado no San Jose é efetivamente os playoffs. Porém, até lá e diante do que se viu até aqui, os Sharks são o time a ser batido nesta temporada.

Marcelo Constantino nunca esteve tão mal com seu time de fantasy quanto este ano.

Jose Sanchez/AP
O técnico Todd McLellan, a revelação Devin Setoguchi (16), o craque Joe Thornton (19), e Milan Michalek, no jogo em que o San Jose Sharks venceu com facilidade do Toronto Maple Leafs.
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Página publicada em 3 de dezembro de 2008.