Por: Marco Aurelio Lopes

Passado um dia do dia-limite das trocas, a adrenalina baixa, os jogadores começam a fazer as suas estréias pelas novas equipes, os torcedores começam a sonhar com a visita do Lord Stanley ou começam a pensar na próxima temporada.

Embora o grande nome já havia sido negociado — o sueco Peter Forsberg, quem mais? —, o dia-limite de trocas movimentou todas as equipes da NHL. Claro que uns mais, outros menos, mas a verdade é que na falta de um favorito destacado, vários times se acham em condições de fazer boa campanha nos playoffs e repetir o feito do Carolina Hurricanes, que mesmo sem um super astro, conseguiu seu primeiro título na liga.

E depois desse dia frenético, onde todos nós — eu, você e todos os leitores de TheSlot.com.br, o vendedor de cachorro-quente da Joe Louis Arena e até o porteiro com seu radinho (não o do seu prédio, que preferiu acompanhar as notícias do milésimo gol do Romário, mas o porteiro do Hilton de Nova York), — procuramos a cada momento saber da nova troca, resolvemos fazer uma pequena resenha desse dia histórico, com as nossas notas para o desempenho de cada time no troca-troca da NHL.

Nota da redação, ou melhor, do autor: As notas foram dadas levando critérios como impacto geral das trocas, satisfação das necessidades da equipe, implicação no futuro da equipe, preço das trocas, planejamento da equipe, etc. Claro que tudo acaba sendo meio subjetivo, mas a intenção real é ver quem melhor atingiu seus objetivos após o dia-limite, fosse ele conquistar a Copa Stanley ou montar uma equipe para o futuro.

New York Islanders
Garth Snow passou com louvor em seu primeiro dia-limite. Se na semana passada já havia trazido o bom defensor do Oilers Marc-Andre Bergeron, trouxe no estouro do cronômetro Ryan Smyth — também procedente de Edmonton, onde era o líder nato, a alma do time, e sem dúvida um jogador de tremenda habilidade —, no que que foi a troca de maior impacto do dia, pelo jogador e pela aposta — foram dois prospectos selecionados em primeira rodada e mais a próxima primeira escolha dos Isles. Não se esqueça também da chegada de Richard Zednik, um parceiro ideal para Miroslav Satan, e sem dúvida você tem o impulso necessário para os Isles fincarem de vez seu nome nos playoffs, e com aspirações. Ah, e como se não bastasse, ainda conseguiu convencer o supostamente descontente Jason Blake a permancer no time nesse objetivo. Nota: 9,5.

Dallas Stars
A equipe de Dallas já havia adquirido semanas atrás o cobiçado atacante Ladislav Nagy dos Coyotes. Faltava então reforçar ainda mais a defesa, uma das mais sólidas da liga. Então, foram atrás do sueco Mattias Norstrom dos Kings. Dito e feito, o sueco deixa Los Angeles e ruma para o Texas, em busca de sua primeira Copa Stanley. Assim, a defesa de Dallas se qualifica como uma das melhores, um fator importante para quem quer o título. O preço pode ter sido alto — além de Jaroslav Modry, que voltou para LA, os Stars abriram mão de duas escolhas de primeira rodada, entre outras —, mas as trocas mostram que os Stars vão brigar pelo título, e conseguindo, ninguém lembrará disso. Nota: 9,0.

Nashville Predators
O time que vem brigando pelo Troféu dos Presidentes pela primeira vez na sua breve história não parecia ter muitos buracos a preencher no elenco. Mas quando a oportunidade de adquirir um astro como Peter Forsberg aparece, não há como recuar. Assim, os Predators se consolidam como pretendente ao título da temporada, com um ataque explosivo que já conta com Steve Sullivan, Paul Kariya, Alex Radulov e agora Forsberg e suas duas Copas Stanley. Apesar de ter se desfeito de algumas escolhas altas, a troca mostra a intenção da equipe: vencer já. E, claro, atrair mais público para sua arena, umas das menos ocupadas da NHL. Nota: 9,0.

Philadelphia Flyers
Depois de uma temporada para esquecer, o time da Philadelphia voltou suas atenções para estudar a melhor oferta por Peter Forsberg, agente-livre ao final da temporada, e que com uma troca, renderia altos dividendos. E eis que surgiu o Nashville Predators, ávidos por chegar à final, e vendo em Foppa a peça que faltava. Assim, os Flyers receberam jogadores jovens e escolhas de primeira e terceira rodadas. Depois, mandaram o veterano Alexei Zhitnik para os Thrashers, Calder para os Wings, e ainda adquiriram o promissor Lasse Kukkonen dos Hawks e Martin Biron dos Sabres, que pode acabar o ano como o titular do gol dos Flyers. E que a reformulação comece. E ainda, quem sabe, com Forsberg voltando para a próxima temporada. Nota: 9,0.

Detroit Red Wings
Quando você consegue um jogador de qualidade sem gastar muito, ótimo. Quando consegue dois, melhor ainda. Os Wings fizeram isso e resolveram suas duas carências. Com Kyle Calder, um jogador de qualidade para dar mais poder ofensivo — desde que seja o Calder que jogou alguns anos nos Blackhawks, não o que foi um fiasco nos Flyers. E com Todd Bertuzzi, os Wings assumiram o maior risco do dia, por um jogador que não joga desde outubro, mas que se estiver saudável, será o atacante de força que a equipe precisa para os dífíceis playoffs do Oeste. Detalhe, pelos dois, se desfez de Jason Williams e escolhas condicionadas à produtividade de Bertuzzi. Ou seja, quase nada. Nota: 8,5.

St. Louis Blues
Os Blues estiveram entre os times mais procurados nesse dia de trocas, afinal, com dois jogadores veteranos no elenco que sairiam ao final da temporada, era mais que natural que o time buscasse negociá-los em troca de jovens valores. E assim o fizeram, mandando Keith Tkachuk para Atlanta e Bill Guerin para San Jose. Em troca? Duas escolhas de primeira rodada, uma de segunda e de terceira, além de alguns jogadores de elenco. Embora Guerin não tenha trazido um retorno tão alto como Tkachuk, para um time que precisa reformular, e já conta com bons jovens no elenco, como Lee Stempniak e Eric Brewer — que acabou renovando, em mais uma vitória para o time —, foram ótimos negócios. Nota: 8,5.

Pittsburgh Penguins
A prioridade era um "guarda-costas" para o trio de meninos Crosby, Malkin e Staal. A solução foi Georges Laraque dos Coyotes. O preço foi uma escolha baixa e um prospecto. Bom negócio. Além disso, investiu no veterano Gary Roberts, acostumado a playoffs e que pode ajudar com sua presença na frente da área. Mas cedeu o bom defensor Noah Welch, que seria um possível titular em 2007. Para abrir espaço no elenco, se desfez do bom atacante defensivo Dominic Moore, útil em vantagem numérica e nos face-offs, por uma mera escolha baixa do Wild. Os Penguins mostram intenção de ir longe nos playoffs, mas podem ter cedido muito, ainda mais que ainda não são um possível finalista. Nota: 8,0.

San Jose Sharks
Para um time considerado a poucos passos de chegar às finais, nada melhor do que adquirir experiência em playoffs para guiar o mais jovem elenco da NHL. Assim, trouxe para o ataque Bill Guerin, que já tem Copa Stanley no currículo, e para a defesa Craig Rivet, ex-Canadiens, acostumado a toda a pressão por vitórias. De mais valioso apenas a perda de uma escolha de primeira rodada e o promissor defensor Josh Gorges, mas com os bons prospectos que os Sharks sempre desenvolvem, não deve ser uma perda muito sentida. Apenas surpreendeu o fato de Nabokov não ter sido negociado, como se comentou por muito tempo. Nota: 8,0.

Phoenix Coyotes
Vendo os playoffs cada vez mais distantes, os Coyotes perceberam que era melhor negociar seus potenciais agentes-livres e receber escolhas e novatos em troca. O problema é que à exceção da troca que rendeu a primeira escolha de Dallas, que tambem não deverá ser alta, todas as escolhas recebidas são de segunda rodada ou menos. De imediato, o bom defensor novato Brendan Bell, dos Maple Leafs, recebido na troca por Yanic Perreault. Nota: 7,5.

Vancouver Canucks
O time de Vancouver não fez nenhuma troca de impacto, mas também não cometeu nehuma loucura. No entanto, adquiriu dois jogadores bem avaliados no mercado. Trouxe de volta o defensor Brent Sopel dos Kings, e a grande adição, sem dúvida, o central Bryan Smolinski dos Blackhawks, que tem vasta experiência em playoffs e certamente ajudará os Canucks na difícil Divisão Noroeste. E não gastaram mais do que uma escolha de segunda rodada. Na pior das hipóteses, um gerenciamento consciente. Nota: 7,0.

Buffalo Sabres
Pode ter parecido muito perder Martin Biron e Jiri Novotny, um promissor central, e adquirir os veteranos Ty Conklin e Dainius Zubrus. Mas contando que Ryan Miller assumiu de vez a titularide no gol — e que Conklin é bem mais barato que Biron — e o ataque dos Sabres está vivendo às voltas com lesões, até que o time pode ter feito sim bons negócios. De quebra, uma segunda escolha dos Flyers, que será alta. Nota: 7,0.

Atlanta Thrashers
Tudo bem, trazer Keith Tkachuk e Alexei Zhitnik é uma adição de dois veteranos importantes. Mas o time de Atlanta está precisando de energia para retomar o fôlego perdido, que acabou com a perda da liderança da Divisão Sudeste. Talvez um jogador mais jovem ajudasse mais nessa hora, embora experiência sempre seja vital nos playoffs. Mas quando você vê o alto preço pago por Tkachuk — Metropolit e escolhas de primeira, segunda e terceira rodadas —, começa a desconfiar que a troca pode não ser tão proveitosa assim. Nota: 6,5.

Calgary Flames
Outro que se reforçou antes do dia-limite, adicionando Brad Stuart e Wayne Primeau dos Bruins, por Andy Ference e Chuck Kobasew. Uma melhora, sem dúvida. E bem antes disso, na primeira troca de mais impacto deste mês, tirou Craig Conroy dos Kings, e toda sua experiência, embora lançando mão de escolhas. Calgary agora é um time mais qualificado para uma vaga nos playoffs. Nota: 6,5.

Washington Capitals
Outro que optou por abrir mão dos playoffs e negociar seus veteranos por escolhas que, se não vão render nenhum Ovechkin — nem um Alex Semin —, pelo menos poderão ajudar esses dois com melhores coadjuvantes. Mesmo com as saídas especialmente de Zednik e Zubrus, pelo menos o nome dos Capitals será bastante chamado no recrutamento em junho. Nota: 6,0.

Ottawa Senators
Durante a temporada inteira se especulou se Alfredsson seria negociado, até com possíveis trocas sendo formuladas. Nada disso aconteceu, o que é sempre um bom sinal se tratando de um jogador com a importância de Alfie para os Sens. Para não passar em branco, e vendo que jogadores agressivos e velozes não aparecem a toda hora, Ottawa trouxe Oleg Saprykin, um central regular mas nos moldes do jogo do time, e que pode ajudar quando os rivais Sabres aparecerem no caminho. Nota: 6,0.

Anaheim Ducks
A grande troca do Ducks foi antes da temporada começar, quando trouxe Chris Pronger. Com sua boa base na defesa e a garotada (McDonald, Penner, Getzlaf, etc.) dando conta do recado no ataque, talvez os Ducks tenham até acertado em trazer somente o agitador Brad May, que provê liderança e agressividade, que podem ser precisos nos playoffs. Nota: 5,5.

Toronto Maple Leafs
A Nação Leafs pelo menos não perdeu Darcy Tucker nem Mats Sundin, mas também não tapou os buracos que um elenco às voltas com lesões sempre tem. Trouxe Yanic Perreault, um bom central, sem duvida, mas pouco para as ambições em Toronto. Perder o defensor Brendan Bell também não ajudou. Nota: 5,0.

Los Angeles Kings
Perder o capitão do time nunca é bom sinal, mas como o antigo capitão Rob Blake ainda está no time, trocar Norstrom e receber um punhado de escolhas pode ajudar no futuro. Mas com três goleiros de valor no elenco, poderia trocar ao menos um deles por mais escolhas. Camalleri, Kopitar e cia. agradeceriam. Outro que aguarda a temporada 2007-08. Nota: 5,0.

Carolina Hurricanes
Tudo bem que foi apenas por uma escolha de quinta rodada, mas Anson Carter será capaz de devolver aos Hurricanes aquele momento que o time teve nos playoffs da temporada passada? Parece pouco, e Carolina precisa retomar aquele pique logo, pois nem a vaga para os playoffs está garantida. Deixou passar uma boa chance de apimentar o elenco. Nota: 5,0.

Boston Bruins
Mais um time que não parece encontrar o rumo. Manteve Marco Sturm, mas perdeu Brad Stuart, trocado por Andy Ference. Trouxe Aaron Ward, jogador com título de Copa Stanley, mas perdeu Paul Mara. O único ganho é Brandon Bochenski, que não é nada do outro mundo mas estreou bem no time. Enfim, não disse ao que veio nessa temporada, nem parece estar muito certo de como virá na próxima. Nota: 4,0.

Chicago Blackhawks
Um time que realmente não se acerta. Já havia perdido Brandon Bochenski. que vem crescendo em Boston, depois Bryan Smolinski por escolha baixa, e finalmente, o talentoso Lasse Kukkonen. Para compensar, vieram Nikita Alexeev e Jason Williams. Não é assim que vai retomar o caminho de glórias. Nota: 4,0.

Minnesota Wild
Para um time que era certo como o futuro destino do artilheiro Jason Blake para reeditar a parceria com Mark Parrish e adicionar mais força ofensiva, terminar o dia de trocas com Dominic Moore não é o que pode se chamar de um dia produtivo. Jogador estilo Wild, que defende bem, mas com certeza não era o presente que a torcida queria. Nota: 3,5.

Colorado Avalanche
Parece mesmo que os Avs jogaram a toalha desta vez. De produtivo, apenas um prospecto de goleiro, Michael Wall, que nada mais é que um alerta para Jose Theodore. Scott Parker não significa necessariamente um reforço na briga por uma vaga. Nota: 3,0.

Montreal Canadiens
Um time que está na briga direta por uma vaga aos playoffs não pode perder um defensor experiente como Rivet, mesmo recebendo um outro defensor mais jovem, porém ainda verde (Gorges). Depois não pode reclamar se assistir os playoffs pela televisão. Nota: 3,0.

Columbus Blue Jackets
Negociar um nome de valor (Carter) por uma escolha de quinta rodada, perder um goleiro reserva (Conklin, que disputou final de Copa Stanley) por outra quinta rodada? E ainda correndo o risco de perder Bryan Berard na desistência? Era melhor não haver dia-limite. Nota: 2,0.

New York Rangers
Sem Shanahan, e ainda negociando um defensor importante que sabe ganhar a Copa Stanley como Aaron Ward. E pra piorar, de todas as trocas do time, o nome mais "famoso" é o de Sean Avery. Outro que não pode reclamar se ficar pelo caminho. Nota: 2,0.

Florida Panthers
Se quando trocaram Roberto Luongo por Todd Bertuzzi o mundo já desabou, imagine quando Bertuzzi é trocado por Shawn Matthias, e Gary Roberts por Noah Welch. Podem até ser bons nomes, mas muito menos que poderiam receber. Ainda seria melhor ter mantido Luongo. Mas podia ser pior, ao menos Olli Jokinen ficou. Nota: 2,0.

Edmonton Oilers
Não se troca o líder da franquia, o "cara" que leva o público à arena, o artilheiro, e tudo que você pode dizer de Ryan Smyth em Edmonton. Ainda mais por meros prospectos e escolhas. E pior, já é a terceira vez que os Oilers fazem isso na história, vide Gretzky e Messier. E ainda teve a troca de Chris Pronger na pré-temporada. Parecem ter desistido dos playoffs deste ano. Mas não sei se terão forças nem em 2007-08. Nota: 1,0.

Tampa Bay Lightning
Melhor pensar dessa forma: agora que o time parece estar engrenando, não vale a pena mexer na "química" da equipe. Mas poderiam sim ter melhorado o elenco para os playoffs, ainda mais com espaço no teto salarial. E trocas sempre empolgam a torcida. Ficar parado, desanima. Sem nota.

New Jersey Devils

Às vezes, os melhores negócios são aqueles que você não faz. Nessa filosofia, os Devils preferiram não negociar Scott Gomez — por Pavel Datsyuk? — e esperar que o rapaz de Anchorage volte aos seus melhores dias. Mas como nos Devils o destaque é o sistema de jogo, não o elenco, manter o time como está parece ser sempre a melhor solução, e os resultados mostram isso. Sem nota.

Assim encerramos este giro pelo dia-limite de trocas da NHL. Até falamos de algumas trocas anteriores ao dia 27, mas você entendeu o que eu disse. Até mesmo na redação de TheSlot.com.br já tem gente questionando. Mas esse é o espírito, cada um com sua opinião. Até porque ninguém pode garantir quais destas trocas efetivamente darão o resultado esperado, ou qual daqueles prospectos tidos como desvalorizados podem se tornar tão bons como aqueles por quem foram trocados. Mas isso é assunto para edições futuras da revista. Aquele abraço.

Marco Aurelio Lopes tem 31 anos e pede desculpas por se ausentar durante tanto tempo, e por dar tanto trabalho ao amigo Humberto na hora de diagramar esse artigo. Mas agradece a ele e a toda a equipe pela força por seu retorno e aos leitores que aguentaram esse "guia" até o final.
Paul Battaglia/AP
Nagy, dos Stars, e Gaborik, do Wild: o time do Texas provou que quer mais uma Copa Stanley, e o próprio Nagy é um exemplo. Já o time de Minnesota...
(20/02/2007)
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Lágrimas de crocodilo?
Ryan Smyth chora ao se despedir de Edmonton. Os fãs choraram muito mais.
(28/02/2007)
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(27/02/2007)
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Quanto vale o show?
Keith Tkachuk em ação pelos Thrashers. O valor da transação foi alto? No final da temporada virá a resposta.
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Página publicada em 28 de fevereiro de 2007.