Por: Alexandre Giesbrecht

Passada a data-limite de trocas, nenhum time despontou como novo favorito. Quem já era favorito permaneceu favorito. Quem não era não passou a ser.

Na era do teto salarial, trocas bombásticas simplesmente não acontecem mais, então o dia-limite tornou-se apenas um dia com muitas negociações fechadas. Se você pegar a lista de jogadores negociados na última terça-feira, vai achar diversos desconhecidos, várias escolhas de recrutamento da terceira rodada para baixo e um ou outro nome de média grandeza.

Neste ano, talvez a grande exceção a essa regra seja Ryan Smyth, mandado para os Islanders em troca de duas fracassadas ex-escolhas de primeira rodada e uma futura escolha de primeira rodada. Com Smyth, os Islanders melhoraram um pouco, mas ainda têm defeitos demais para figurar entre os favoritos do Leste. Já os Oilers perderam, mais que um bom jogador, uma das almas da franquia.

"Melhor time dos anos 80, os Oilers, que ganharam cinco Copas Stanley em sete anos, foram despedaçados por causa de dinheiro", conta Michael Farber, jornalista da revista Sports Illustrated. "Começando com a troca/venda de Wayne Gretzky para o Los Angeles, em 1988, a diáspora daquela grande geração — que incluía o zagueiro Kevin Lowe, hoje o gerente geral que trocou Smyth — ocorreu porque o time não tinha os recursos para manter seus melhores jogadores."

É claro que a coisa não parou por aí: nos anos 90, com a acentuação da diferença entre folhas de pagamento, os Oilers continuaram se livrando de bons jogadores. "A gerência era obrigada a agir sempre de forma preventiva, trocando as estrelas antes que seus salários ficassem proibitivos demais ou que se tornassem agentes livres e deixassem Edmonton sem que o time tivesse retorno algum", explica Farber.

O estranho é isso acontecer na era do teto salarial. Quer dizer, algo parecido até vai ocorrer um dia, quando estrelas demais estiverem reunidas em um mesmo time — o caso de Pittsburgh daqui a poucos anos é o primeiro que me vêm à memória — e demandarem salários que, somados, passarão o limite. Só que esse não é o caso dos Oilers. Foi uma decisão inexplicável.

Alguém vai perguntar se Todd Bertuzzi e Bill Guerin não são também exceções à regra citada no segundo parágrafo. Três, quatro anos atrás, sim. Hoje já não têm o mesmo impacto, por motivos diferentes.

Os números de Bertuzzi ainda foram bons na temporada passada, mas seu estilo foi claramente afetado pelo gancho que tomou por causa da agressão a Steve Moore, em 2004. Para piorar as coisas, ele não joga desde 18 de outubro, e ninguém faz idéia de como ele estará quando voltar. Foi uma aposta por parte dos Wings, mas eles souberam se proteger bem, impondo inúmeras condições às escolhas que vão ganhar, todas ligadas ao rendimento do time ou do jogador.

Já Guerin ainda tem algumas boas atuações pela frente, mas não se pode ignorar que ele já tem seus 36 anos e tem apenas três temporadas completas em seu currículo (sendo que uma delas foi a temporada de 1995, abreviada para apenas 48 jogos por causa do primeiro locaute). Por outro lado, nesta temporada ele já tem mais pontos em menos jogos em relação a 2005-06, e isso jogando em um time muito pior. Vou ficar de olho nessa troca em particular.

Nome por nome, ainda dá para citar alguns. Gary Roberts, por exemplo. Há 15 anos, seria uma adição que poderia mudar radicalmente o destino do time que o adquiriu. Mas, como ele já passou dos 40, o que os Penguins conseguiram foi basicamente um líder veterano que ainda consegue marcar alguns pontos. Mas eles já não tinham isso com Mark Recchi?

O goleiro Martin Biron é outro. Com a ascensão de Ryan Miller, ele perdeu espaço em Buffalo, e isso já estava claro desde a temporada passada. O pior é que a troca não resolveu o seu problema, já que ele vai para a Filadélfia, onde Antero Niittymaki já é talhado como o goleiro do futuro. Foi um bom negócio para os Sabres, que têm um reserva competente (Ty Conklin, embora não espere que ele consiga levar o time nas costas, se acontecer alguma coisa a Miller) e receberam em troca de Biron uma escolha de segunda rodada — que, no caso dos Flyers, é como se fosse uma escolha baixa de primeira.

Destaca-se também pelo nome Yanic Perreault, recém-chegado aos Leafs, considerado por muitos como o atual rei dos faceoffs na NHL, isso à beira de seu 36.º aniversário. Como ele é uma máquina de ganhar faceoffs e ainda contribui com uns pontinhos, deve ganhar muitos minutos no gelo em momentos decisivos.

Outro que se destaca por uma faceta de seu jogo é Georges Laraque, o atual rei das brigas na NHL, que, aos 30 anos recém-completos, ainda tem muitos socos por desferir. Ele não é o típico intimidador, pois marca alguns pontos e nesta temporada, inclusive, já tem seu maior total de assistências e segundo maior de pontos. Vai valer alguns minutos de penalidade a mais para os Pens e alguns dentes a menos nos adversários deles. Mas, em termos de playoffs, não deverá ajudar muito: intimidadores geralmente não têm muito espaço na pós-temporada, ainda que tenham a missão de "proteger" uma estrela.

Ah, e ainda há Konstantin Pushkarev!

Hum, bem... Acho que este se encaixa na regra, e não na exceção.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, está cansado.
Dave Sandford/Getty Images
A troca de Smyth foi inexplicável. Sorte dos Islanders.
(17/02/2007)
Wilfredo Lee/AP
Bertuzzi é a aposta de risco dos Wings. Mas eles souberam se proteger.
(28/09/2006)
Paul Sancya/AP
Guerin ainda tem algumas boas atuações pela frente, mas já tem 36 anos.
(02/02/2007)
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Página publicada em 28 de fevereiro de 2007.