Time tradicionalíssimo, de torcida intensa e impaciente, e que sofre pesada carga por parte da mídia local, o Toronto Maple Leafs vem patinando na lama dos não classificados para os playoffs nas últimas temporadas.
Desde que a NHL voltou do locaute, os Maple Leafs desconhecem o que é playoffs. Títulos? São vários no longo currículo, mas o último data de 1967. Naquela época TV a cores era novidade.
O panorama pré-temporada para 2010-11 era de que pelo menos a ausência contínua dos playoffs finalmente iria mudar. Afinal, grandes contratações foram feitas, ainda na temporada passada, com o objetivo mínimo de chegar aos playoffs. Em tese, o time poderia até seguir um pouco adiante, passando pelo menos da primeira fase. Em tese, claro.
Já se vão 23 jogos temporada adentro (esta matéria foi escrita após os jogos de quinta-feira) e o Toronto consolida-se como um dos piores times da liga. Nada de novo, na verdade. Tem sido assim nos últimos anos. A novidade da vez talvez seja que, para este ano, havia uma boa carga de esperanças de que o time deslancharia. Ao menos por parte da torcida (ou de parte dela, vai saber...).
Boa parte dessa esperança advém da chegada de Bruan Burke para a gerência geral, e das contratações que ele vem fazendo. Eu entendo que ele de fato mexeu nas estruturas do time durante esse seu período como gerente. Fez bons negócios, conseguiu trazer Phaneuf a preço de banana, trouxe um craque como Phil Kessel (ou será que sou eu que enche demais a bola desse cara?) e trouxe um goleiro vencedor de Copa Stanley e Conn Smythe. Porém, isso não está funcionando. O conjunto disso não está funcionando.
Phaneuf está contundido, Kessel não rende o esperado, Giguere há anos vive numa gangorra e em Toronto não justifica seu alto salário. Mike Komisarek, outra contratação recente, decepciona. Kris Verteeg, mais um recém-chegado, também está abaixo do esperado.
Na quinta-feira o time recebeu o Edmonton Oilers em casa. É certo que os Oilers vivem um bom momento na temporada, mas é certo também que eles tinham o pior retrospecto dentre todos os times da Conferência Oeste nesta temporada. O resultado foi uma amarga, pra dizer o mínimo e ser benevolente, derrota do time da casa por sinistros 5-0.
Apesar do relativo bom momento atual, o Edmonton tem a pior defesa da liga. É o pior time quando se trata de matar penalidades. Nem assim os Maple Leafs conseguiram marcar um mísero gol na partida -- nem mesmo com seis oportunidades em vantagem numérica.
Aliás, os times especiais do Toronto seguem pavorosos. Até que melhoraram em relação à temporada passada -- quando, repito, foram os piores da liga. Mas a melhora apenas promoveu os times especiais do posto de piores da liga ao posto de um dos piores.
No papel, no geral o time de fato parece melhor. Na prática, parece o mesmo. Melhorar em relação à 29ª colocação geral não é muito difícil, convenhamos. Mas melhorar para passar de 29º para, digamos, 27º, é uma melhora inútil. Por outro lado, o começo dos Maple Leafs indica um aproveitamento ainda pior que o conjunto do time na temporada passada.
Contusões? Sim, Phaneuf faz muita falta ao time. Ele pode ter lá seus problemas de relacionamento em grupo (costa que esse foi um dos grandes motivos para o Calgary ter negociado o defensor, o que não justifica o baixíssimo retorno obtido), mas trata-se de um dos grandes defensores da NHL na atualidade. Chegou, tornou-se capitão, mas contundiu-se no começo desta temporada e já está há mais de 10 jogos fora.
O atacante Colby Armostrong é outro contundido, mas não se pode dizer que faz uma falta desesperadora. Esses são as duas únicas perdas do time para o departamento médico. Ou seja, contusões não justificam o estado atual.
Difícil saber o motivo focal de tudo não funcionar direito, difícil saber o que está pior no time. Chega a ser infantil carregar as cores da culpa apenas num setor, seja a defesa ou o ataque. Ambos não funcionam a contento. Ambos estão entre os piores da liga.
O problema estaria no comando técnico? Difícil de acreditar, ainda mais porque os Leafs já experimentaram diferentes técnicos nos últimos tempos, e todos foram unanimes em assumir o insucesso. Ron Wilson é apenas mais um na fila.
Respondendo à pergunta do título da matéria: sim, esperanças sempre há, ainda mais em dezembro. O mês já começou e o calendário das próximas semanas não é lá muito alentador para o Toronto. Melhor assim, se o time passar por esse desafio, ou seja, se fizer uma boa campanha neste mês, poderá novamente sinalizar para sua torcida que esta temporada será diferente. Porém, até aqui, parece filme repetido das anteriores.
Marcelo Constantino ainda não se ilude com ações espetaculares que tenham participação da PM carioca.