Por: Richard Labbé

Como muitos dos acontecimentos interessantes, eles foram colocados juntos mais por causa das circunstâncias do que devido a um planejamento. O Ottawa Senators não queria mexer na linha formada por Mike Fisher e Daniel Alfredsson, mesmo depois que o central usual de Alfredsson, Jason Spezza, retornou de contusão.

Então, Spezza com Alex Kovalev?

Eles foram colocados na mesma linha em 30 de outubro, justamente a tempo do Dia das Bruxas. Parecia mais uma travessura sazonal. Alguns até pensaram que essa seria uma versão de Odd Couple de patins Só que nesse caso o estranho seria não o fato deles serem diferentes, mas justamente o fato de serem muito parecidos. Ambos gostam de controlar o disco e determinar a velocidade do jogo (Spezza com ritmo e Kovalev em câmera lenta).
[Nota do tradutor: Odd Couple é uma peça de teatro dos anos 60 que virou filme e série de TV, que apresentava uma dupla formada por pessoas extremamente opostas.]

Então, como é que uma linha com Spezza e Kovalev se tornou o motor principal dos Senators em três das últimas quatro vitórias? Em parte porque o atacante Peter Regin se ajustou muito bem à linha, "a parte que faltava", como diz o técnico Cory Clouston.

Em parte porque os camisas 27 e 19 encontraram uma química surpreendente jogando juntos.

Ou ainda, isso é estranho: o par principal ainda não teve grandes noites juntos. Spezza marcou dois gols e duas assistências na vitória por 5 a 2 sobre o Atlanta Thrashers na terça. Kovalev nem apareceu nas estatísticas.

Kovalev espetou seu antigo time, os Canadiens, com dois gols na vitória do sábado enquanto Spezza passou em branco.

Spezza marcou quatro pontos na partida contra o New York Islanders (um gol e três assistências) na semana passada enquanto Kovalev não marcou ponto algum.

E Regin contriguiu com dois pontos, duas assistências, contra New York e contra Montreal.

Para Kovalev, é uma invenção da imaginação da mídia que ele não possa jogar junto de Spezza.

"Eu não sei onde vocês arranjaram isso," disse Kovalev. "Nós estamos todos jogando pela mesma coisa, ou seja, ajudar o time, vencer jogos. Nós não estamos brigando para marcar pontos e subir na lista de estatísticas individuais ou qualquer coisa do tipo."

Assim como acontece com a maioria das linhas bem sucedidas, a filosofia é simples.

"Não importa quem esteja livre, nós passamos o disco para ele," disse Kovalev, que também acrescentou sobre o novo trio, "O que há para não ficarmos felizes?"

Isso inclui o bom estado físico de Kovalev nas últimas sete ou oito partidas depois de ter passado por uma cirurgia no joelho nas férias.

"Você tem que jogar com uma mente limpa. No momento atual eu me sinto cada vez mais confortável , com uma patinação prudente e com tudo o que eu gosto de fazer," acrescentou Kovalev.

Nada mais óbvio é o prazer de Spezza em jogar ao lado de Kovalev, o artista, o homem internacional do mistério de Ottawa.

"Todo mundo dizia que nós não jogaríamos bem juntos porque ambos queremos o disco," disse Spezza. "Eu gosto de jogar com caras que gostam de ter o disco. Eu tive uma boa química com Alfie, e ele sempre queria manter o disco também. Kovy entende bem o jogo, acho que ele tem me ajudado a talvez ser um pouco mais paciente, e eu o tenho ajudado a aumentar um pouco o ritmo às vezes. Então, eu acho que nós temos nos completado bem."

Já o papel de Regin é ser o primeiro a chegar na linha de ataque e pressionar os defensores adversários, criando erros de passes e oportunidades para os seus colegas de linha que são jogadores de elite.

Entretanto, ninguém tem mais coisas a seu favor do que Spezza. Depois de se estabelecer como um dos principais armadores do jogo, agora ele está tentando se tornar um jogador multifunção e mais completo. Um titã do faceoff. Um jogador de desvantagem numérica. Um jogador ameaçador ao disparar um chute a gol assim como ao fazer um passe.

Prova número um: ele marcou gols contra dois goleiros dos Thrashers na partida de terça.

Um jogador que marcou 34 gols por temporada duas vezes, Spezza com certeza pode chegar aos 40 gols em uma temporada se ele continuar no ritmo atual. A habilidade no passe lhe é natural e esperava-se que ele jogasse com um matador como seu ex-colega Dany Heatley, que estava sempre à espera de um passe.

Agora é Spezza quem espera pelos passes, pelo menos no seu quintal. Durante as férias ele instalou um gol no seu quintal para treinar chutes a gol. Ele até pensou em pavimentar um trecho para facilitar, mas a sua noiva vetou a idéia.

"Provavelmente eu tenho trabalhado mais no meu chute de precisão, tentando fazê-lo de maneira mais rápida. Acho que eu preciso melhorar principalmente no chute de primeira," disse Spezza. E esse é o seu próximo objetivo, "Ter aquele chute de primeira que você vê que os grandes goleadores pela liga têm."

E quem tem o melhor chute de primeira na liga?

Assistir a Steven Stamkos jogar a cada noite é incrivelmente inspirador. Spezza coloca Stamkos no mesmo nível que Alex Ovechkin.

"Acho que Ovechkin tem o melhor chute de primeira, mas ele tem mais cobertura da mídia agora também. Acho que Stamkos é ligeiramente mais lento, mas ambos são muito bons."

E aqui fica uma lição para todos os jogadores: assista, veja e aprenda quando você não pode jogar. Spezza perdeu 22 partidas na última temporada devido a contusões, e enquanto ele assistia às partidas a partir das cabines de imprensa, percebeu que existiam situações que davam para gerar chutes a gol, chutes que ele mesmo poderia fazer.

"Quando eu voltei eu passei a chutar muito mais o disco. Realmente muito mais desde aquele momento até agora, e parece que agora as coisas estão se abrindo bem mais."

Wayne Scanlan escreve para o Ottawa Citizen. O texto original foi publicado na versão impressa do The Gazette em 11 de novembro e traduzida por Alessander Laurentino.

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Página publicada em 14 de novembro de 2010.