Por: Alessander Laurentino

O começo de uma paixão
Em 1970, a NHL se expandiu e novas franquias foram acrescentadas naquela temporada. Entre os estreantes estava um certo time na principal cidade do oeste canadense, Vancouver. O time foi nomeado Vancouver Canucks em homenagem a um antigo time que existiu na cidade entre 1945 e 1969 e jogara nas ligas Pacific Coast Hockey League e também na Western Hockey League.

Para ser o lar da nova franquia, foi construída na cidade uma nova arena, o Pacific Coliseum, que viria a ser a casa dos Canucks desde a sua estreia até meados dos anos 1990, quando entrou em cena o General Motors Place, renomeado agora em 2010 como Rogers Arena.

A agitação e a empolgação gerada pelo estabelecimento de uma franquia da NHL na cidade de Vancouver foram enormes e a franquia sempre contou com o apoio maciço da população local, rapidamente se tornando parte integrante da cultura e da história daquele povo, como não poderia deixar de ser em uma cidade canadense, país que criou o hóquei no gelo como conhecemos hoje e que tem esse esporte como a paixão nacional.

Obviamente, ser um time de expansão e novato em uma liga já estabelecida e que contem equipes consagradas como Montreal Canadiens e Detroit Red Wings não facilitou muito o trabalho dos novatos que queriam se estabelecer, sem falar nas questões de mercado, logística (ninguém na NHL viaja mais do que os Canucks) e tradição.

Começando a sua história na NHL durante a temporada de 1970-71, os Canucks tiveram como primeiro capitão da sua história Orland Kurtenbach, e em 9 de outubro de 1970 a franquia fazia a sua primeira partida oficial contra o Los Angeles Kings, enquanto Barry Wilkins foi o responsável pelo primeiro gol marcado na história dos Canucks da NHL. A primeira vitória, entretanto, só viria na partida seguinte, contra o Toronto Maple Leafs por 5 a 3.

Criando tradição e fazendo história na NHL
Durante os playoffs de 1982, os Canucks bateram os Flames e os Kings, pegando na sequência o Chicago Blackhawks nas finais de conferência. Durante a série, o técnico dos Canucks na época, Roger Neilson, não aguentava mais a arbitragem de qualidade duvidosa e que parecia estar direcionada para favorecer o time de Chicago. Cansado de se sentir roubado e destratado, Roger Neilson levantou uma toalha branca com um taco de hóquei, como se estivesse levantando uma bandeira branca para os árbitros e "se rendendo". Todo o banco dos Canucks repetiu o gesto do seu grande treinador naquele momento e o assunto virou notícia na liga e na América do Norte. Na partida seguinte em Vancouver, a torcida dos Canucks em peso levou toalhas brancas para a arena e começou a saudar seus jogadores e sua comissão técnica agitando freneticamente as toalhas na arena. A partir daí, nascia uma tradição que perdura até hoje na NHL, quando nos tempos de playoffs a torcida do time da casa agita toalhas durante os jogos em suas arenas. Uma tradição que teve origem com os Canucks e Roger Neilson.

O time superou os adversários (tanto o time do Chicago quanto os árbitros) e venceu a conferência, conquistando o direito de disputar a Copa Stanley pela primeira vez na sua história, quando enfrentou o New York Islanders. Infelizmente, para o pessoal de Vancouver, eles tiveram o azar de pegar um dos times mais quentes do começo dos anos 1980, e o vice-campeonato acabou ficando de bom tamanho, afinal de contas era a primeira participação da franquia na final da Copa.

Entretanto, a equipe seguiu um período de pouco sucesso e muitas dificuldades nos dez anos seguintes, chegando mesmo a ter algumas temporadas medíocres. Com isso, a segunda oportunidade de disputar o troféu mais sagrado dos esportes profissionais só viria a acontecer mais de uma década depois, quando em 1994 os Canucks tinham conseguido reunir um elenco invejável com jogadores como Pavel Bure (também conhecido como o "Foguete Russo"), Trevor Linden e Kirk McLean. Eles venceram a sua conferência e novamente chegaram no grande palco da NHL. Mais uma vez a equipe enfrentou um time de New York, dessa vez os Rangers, porém o resultado foi novamente o vice-campeonato, só que dessa vez com um gosto de derrota e de ter desperdiçado uma grande chance de entrar de vez para a história da liga como vencedor da Copa Stanley.

Apesar das dificuldades da segunda metade dos anos 1980 e começo dos anos 1990, foi nessa época que alguns dos principais jogadores da franquia fizeram suas histórias, como Stan Smyl, Thomas Gradin e Richard "The King" Brodeur.

A segunda metade dos anos 90 e começo dos anos 2000 foi basicamente um período de recontrução da franquia, quando o time de Vancouver passou por sérias dificuldades e problemas, chegando até mesmo a ser vendido. Na época, se especulava que poderia haver uma realocação da franquia para uma cidade americana, o que acabou não se confirmando.

Tentando achar a direção certa
Tentando adicionar experiência e visando a construir um time vencedor, os Canucks contrataram Mark Messier em 1997, a estrela dos Rangers campeões de 1994 sobre os próprios Canucks. Apesar de sua categoria e liderança, Messier não conseguiu levar dias melhores para Vancouver. Vários jogadores chegaram e saíram, assim como houve uma verdadeira dança das cadeiras envolvendo treinadores e gerentes da franquia que parecia absolutamente perdida e sem rumo.

Com todas as mudanças, a equipe acabou conseguindo reunir, sob a tutela de Brian Burke, um elenco contendo jogadores como Markus Naslund, Todd Bertuzzi e Brendan Morrison, que viriam a formar uma das melhores linhas da NHL durante o começo dos anos 2000. A linha deles acabou ficando conhecida como "West Coast Express", e apesar do sucesso das estatísticas, o time não conseguiu chegar sequer à final do Oeste. Grande parte da culpa pela ausência de sucesso da franquia nos playoffs pode ser creditada à ausência de um verdadeiro goleiro titular naquelas temporadas, pois goleiro após goleiro falhava em atender às expectativas de uma torcida já bastante exigente e apaixonada.

Foi a época de Garth Snow, Kevin Weekes, Felix Potvin e Dan Cloutier (que deve ser adorado em Detroit), entre outros que passaram, sem sucesso, pelo gol dos Canucks.

Depois do locaute da NHL no meio dos anos 2000, o Vancouver Canucks tinha conseguido novamente reunir jogadores de boa qualidade, além do retorno do seu eterno capitão, Trevor Linden. Apesar de reunir talento, a franquia falhou até mesmo em chegar aos playoffs em algumas vezes.

Precisando definir se continuaria a ser apenas mais uma franquia na liga ou se realmente planejava chegar em algum lugar, os Canucks foram à luta e conseguiram contratar um goleiro com capacidade de ajudar o time no seu caminho rumo à Copa Stanley. Assim, chegou em Vancouver Roberto Luongo. Além de Luongo, o time hoje consegue contar com jogadores importantes como Henrik e Daniel Sedin, o efetivo Alex Burrows, Ryan Kesler, uma boa e consistente defesa com Alexander Edler, Christian Ehrhoff, Keith Ballard e Sami Salo, além do talento e da experiência de Mikael Samuelsson e dos promissores Mason Raymond e Cory Schneider.

Com um time talentoso e bastante equilibrado, os Canucks prometem ser um dos principais times na atual temporada, justamente quando completam 40 anos, e quem sabe poder disputar pela terceira vez uma final da Copa Stanley, só que dessa vez com um final diferente e bem mais feliz.

Desde 1970 os Canucks conquistaram sete títulos de campeão de divisão, dois títulos de campeão de conferência, porém nenhuma Copa Stanley.

Quem sabe não chegou a hora?

Alessander Laurentino é torcedor do Vancouver Canucks desde o começo dos anos 1990.

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Página publicada em 14 de novembro de 2010.