O tempo é único ingrediente que impede que o gol de Sidney Crosby na prorrogação que garantiu a medalha de ouro olímpica seja escolhido o grande gol canadense de todos os tempos.

O tempo também será o grande juiz.

Na edição comemorativa do ouro dos Jogos Olímpicos de Vancouver, incluímos uma seção sobre os cinco gols mais importantes do Canadá na história. Nossa mesa redonda escolheu o gol de Crosby como o maior de todos os tempos. Eu enfática e respeitosamente, discordo.

Primeiro, temos que definir o que entendemos por maior de todos os gol. Não é apenas sobre o esforço individual ou da equipe. É mais sobre o significado do gol durante o tempo de jogo e o tempo histórico. Qual foi a ressonância do gol? O que ele significou para o hóquei e cidadãos do Canadá?

O Canadá ganhou o ouro em Salt Lake City em 2002, mas não houve um simples gol durante a vitória por 5-2 na final sobre os EUA que tenha se destacado como um dos maiores gols do Canadá na história. Certamente não do top cinco.

O gol de Crosby na final de Vancouver não poderia ter um melhor roteiro: prorrogação na decisão do ouro, partida disputada em casa e contra os seus rivais americanos. O autor do gol foi o maior jogador do Canadá nos tempos atuais. Além disso, a partida foi assistida por mais canadenses do que qualquer outro evento esportivo na história e recebeu a atenção até dos que não são fãs de hóquei.

"Como esse não seria o maior gol do Canadá de sempre?", nossa reunião de mesa decidiu.

Poderia muito bem ser, mas acho que temos que voltar no tempo para determinar isso. Precisamos de, pelo menos, mais duas Olimpíadas antes de dar o carimbo final no gol de Crosby.

Se o Canadá vencer as quatro próximas Olimpíadas, duas delas na prorrogação, isso faria o gol de Crosby menos especial? Talvez.

Uma coisa que não muda é a importância do gol vencedor de Paul Henderson em 1972, para não mencionar o de Mario Lemieux na vitória da Copa Canadá de 1987. Ambos os gols foram extremamente oportunos e significam muito para os canadenses até os dias de hoje.

Minha preferência é o gols da Summit Series de 1972, porque foi o culminar de um vai-e-vem de uma série de oito jogos contra uma grande incógnita. Ajuda o fato daquele ter sido o terceiro gol da vitória seguido de Henderson sobre o gelo soviético. Aquele gol ainda tem um enorme importância, mesmo com o passar do tempo. Ele deu aos jogadores e torcedores de hóquei canadenses uma lição de humildade enquanto, ao mesmo tempo, permitiu espaço para uma enorme comemoração. Quem não consegue descrever aquele gol, 38 anos depois, mesmo estando vivo na época ou não?

O gol de Crosby foi fabuloso e significante e talvez algum dia, daqui a 20 anos, possa significar mais para mim do que o gol de Henderson. Mas não agora.

Brian Costello é editor sênior das edições especiais da revista The Hockey News e contribui regularmente para o site THN.com. O texto original, publicado em 7 de março de 2010, foi traduzido por Igor Veiga.

• Capa
• Editorial
• Faceoff
• Prorrogação
• Impunidade até quando?
• Vinte e poucos anos
• Os Hawks podem confiar nos goleiros?
• Insustentáveis vantagens
• Champanhes e charutos
• O maior gol de todos?