Por: Thiago Leal

Resumindo 2010: Um país em busca de redenção devido ao seu inaceitável fracasso de quatro anos atrás. Seu vizinho que há um bom tempo não ganha nada. Uma seleção que após o sucesso de 1998 não tornou a surpreender, mas está em busca do seu segundo título, que por pouco não aconteceu no último campeonato. Um gigante adormecido que possui grandes jogadores, mas ainda não reencontrou as glórias do passado. Um europeu que é reconhecido como bom praticante do esporte, mas ainda não chegou lá, e um outro, cheio de sucessos que está concentrado em defender seu título.

Falássemos de futebol, isso poderia muito bem ser traduzido como Brasil, Argentina, França, Alemanha, Espanha e Itália. Mas como estamos falando de hóquei no gelo, você entendeu que eu me referia a Canadá, Estados Unidos da América, República Tcheca, Rússia, Finlândia e Suécia. São os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010.

Pessoalmente, sou um grande admirador do hóquei no gelo de seleções porque o entendo como a forma mais pura deste esporte. Aqui não temos jogadores interessados em conquistar a Copa Stanley, justificar seus altos salários, buscar prêmios de jogador mais valioso ou mesmo entrar para a história do esporte e salão da fama. Um jogador que se interessa e se dedica num torneio de seleções o faz mais pelo puro prazer em jogar hóquei no gelo e defender seu país. Bom, pelo menos tecnicamente. Claro que isso tudo é utópico e hoje em dia os interesses políticos e econômicos falam mais alto de que a ingenuidade patriótica de God Bless America que envolvia o time dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de 1980, quando vencer a União Soviética não era apenas derrotar a melhor seleção de hóquei do mundo, mas uma forma de se mostrar superior em todos os sentidos. Nem mesmo no Mundial Juvenil se vê isso hoje em dia. Ou vamos nos enganar que a moçada que bate no disco ali está mais interessada em aparecer para o recrutamento? Pergunta pro Taylor Hall!

Mas de qualquer forma, o hóquei de seleções ainda tem seu charme patriótico. Não há como negar que a Suécia, em 2006, estava determinada a superar o fracasso de sua participação nos Jogos de 2002 quando foi eliminada pela Bielo-Rússia e os atletas foram chamados de mercenários nos jornais locais. A união do time sueco pela conquista do ouro lembrou até a Itália, que naquele mesmo ano conquistou a Copa do Mundo, deixando para trás todo o incômodo que a Copa de 2002 causou. Assim, podemos também associar o Canadá à Seleção Brasileira, ambas com um favoritismo absurdo por estarem defendendo um título, ambas com soberba o suficiente para cair nas quartas-de-final.

Para 2010, os Grupos nos Jogos Olímpicos serão:
Grupo A: Canadá, Noruega, Suíça e Estados Unidos da América.
Grupo B: Eslováquia, Letônia, República Tcheca e Rússia.
Grupo C: Alemanha, Bielo-Rússia, Finlândia e Suécia.

Concentraremos essa prévia dos Jogos Olímpicos de Inverno nas seis seleções principais. Na edição especial que cobrirá os Jogos, você terá a oportunidade de conhecer os elencos detalhados de cada seleção, seja ela uma das 12 favoritas ou não.

Canadá
Não há como negar que esses Jogos Olímpicos terão um significado especial para muita gente. O Canadá, por exemplo, está evocando o patriotismo, com um uniforme composto por desenhos que lembram as tribos indígenas canadenses. Para a Hockey Canada e o gerente geral Steve Yzerman, 2010 é o ano para se redimir do fracasso de 2006, ainda mais por jogar em casa, diante de uma torcida fanática. E não há como esperar que não haja uma dedicação especial por parte dos jogadores canadenses. Por mais despreocupados que sejam, por melhores que sejam os salários que recebem, ninguém vai querer passar vergonha em casa. O treinador escolhido para orientar a equipe, Mike Babcock, e seus assistentes, ninguém menos que Jacques Lemaire, Ken Hitchcock e Lindy Ruff, certamente esperam que os jogadores selecionados para o time nacional cumpram o seu papel.

A Seleção Canadense se apresenta aos jogos Olímpicos com os seguintes jogadores:
Goleiros: Martin Brodeur, Roberto Luongo e Marc-Andre Fleury.
Defensores: Scott Niedermayer, Chris Pronger, Shea Weber, Drew Doughty, Duncan Keith, Dan Boyle e Brent Seabrook.
Atacantes: Sidney Crosby, Rick Nash, Jarome Iginla, Mike Richards, Joe Thornton, Patrick Marleau, Ryan Getzlaf, Brenden Morrow, Corey Perry, Dany Heatley, Eric Staal, Patrice Bergeron e Jonathan Toews.

Estados Unidos da América
Já os Estados Unidos da América parece envolvido por uma atmosfera de 1980. O uniforme lembra bastante o do time de 1980 e há uma certa campanha em cima do orgulho americano para que a torcida se aproxime mais da seleção — não acredito muito que o povo americano leve o hóquei tão a sério quanto leva o beisebol, e mesmo a derrota no Clássico Mundial de Beisebol em 2009 parece ter sido tão sentida. Ou mesmo a perda do ouro olímpico de inverno em casa, quando a Seleção de Hóquei dos Estados Unidos foi derrotada na final pelo Canadá em 2002. Ali também havia um desejo muito forte de lembrar Lake Placid, inclusive com os ex-jogadores da Seleção de 1980 acendendo a pira olímpica. Fato é que estadunidense não liga tanto para hóquei assim. E não adianta falar em toda a mobilização e comoção que houve em 1980, porque aquele era um mundo diferente e aquilo em si teve mais valor que o esporte por si só. Mas quem sabe o ouro no Mundial Juvenil sirva de estímulo para que os torcedores dêem mais apoio ao seu time nacional.

Os jogadores que compõem a Seleção dos Estados Unidos são:
Goleiros: Tim Thomas, Ryan Miller e Jonathan Quick.
Defensores: Brian Rafalski, Ryan Suter, Paul Martin, Mike Komisarek, Erik Johnson, Brooks Orpik e Jack Johnson.
Atacantes: Zach Parise, Chris Drury, Dustin Brown, Jamie Langenbrunner, Paul Stastny, David Backes, Patrick Kane, Phil Kessel, Ryan Kesler, Bobby Ryan, Joe Pavelski, Ryan Malone, Ryan Callahan.

Ainda estão em stand by o goleiro Craig Anderson, os defensores Matt Niskanen, Ron Hainsey, Alex Goligoski, Matt Carle e Rob Scuderi e os atacantes Jason Pominville, David Booth, Scott Gomez, T.J. Oshie e Brian Gionta. Caso alguém se machuque, esses são os possíveis favoritos.

República Tcheca
Surpresa! A República Tcheca contará com Jaromir Jagr. Surpresa! O filho mais fiel da República Tcheca Jagr não será o capitão do time, mas sim Patrik Elias. Os tchecos desde 2002 pintam como favorito para frustrarem as expectativas. Assim como todos os demais times europeus, a República Tcheca mescla nomes da NHL com jogadores de ligas europeias, assim como jogadores mais experientes com talentos promissores. O único remanescente do timaço de 1998 é Jagr, embora alguns jogadores do elenco tenham tido idade suficiente para disputar aquelas Olimpíadas e até jogaram o Campeonato Mundial no mesmo ano.

O elenco que vai tentar repetir a façanha 12 anos depois compõe-se de:
Goleiros: Tomas Vokoun, Ondrej Pavelec e Jakub Stepanek*.
Defensores: Miroslav Blatak*, Jan Hejda, Tomas Kaberle, Filip Kuba, Pavel Kubina, Zbynek Michalek, Roman Polak e Marek Zidlicky.
Atacantes: Petr Cajanek*, Roman Cervenka*, Patrik Elias, Martin Erat, Tomas Fleischmann, Martin Havlat, Jaromir Jagr*, David Krejci, Milan Michalek, Tomas Plekanec, Tomas Rolinek*, Josef Vasicek*.

Rússia
Dificilmente há seleção mais mordida que a Rússia. Os russos simplesmente nunca ganharam uma medalha de ouro depois que a União Soviética se dissolveu. O ano em que chegaram mais perto do feito foi em 1998, o primeiro ano com profissionais, quando perdeu a final para a República Tcheca, graças a Dominik Hasek que estava sem seu melhor momento. Atual líder do ranking mundial, a Rússia ganhou os dois últimos Campeonatos Mundiais, ambos em cima de Canadá. É estranho que uma Seleção que tenha toda essa força não tenha um ouro olímpico. Um diferencial da Rússia é sempre contar com jogadores que atuem por times do próprio país, como é o caso do capitão Aleksey Morozov, que costuma capitanear o time. Já o veterano Sergei Fedorov, de volta à liga russa, defenderá mais uma vez sua seleção.

Os homens determinados a cumprir essa missão (jogadores marcados com * não atuam na NHL):
Goleiros: Ilya Bryzgalov, Evgeni Nabokov e Semyon Varlamov.
Defensores: Sergei Gonchar, Denis Grebeshkov, Dmitri Kalinin*, Konstantin Korneyev*, Andrei Markov, Ilya Nikulin*, Fedor Tyutin e Anton Vonchenkov.
Atacantes: Maxim Afinogenov, Pavel Datsyuk, Sergei Fedorov*, Ilya Kovalchuk, Viktor Kozlov*, Evgeni Malkin, Alexei Morozov*, Alexander Ovechkin, Alexander Radulov*, Alexander Semin, Danis Zaripov* e Sergei Zinoviev*.

Finlândia
Se os russos querem voltar a ser alguém, os finlandeses querem ser alguém. Embora seja uma boa praticante de hóquei no gelo, o time do Papai Noel só venceu, até hoje, uma medalha de ouro em Mundiais, em 1995. A Finlândia parece gostar mesmo é de uma medalhinha de prata: entre 14 medalhas vencidas, contando Mundial e Olimpíadas, oito são de prata. Curiosamente, embora cinco dos jogadores não atuem na NHL, eles também não atuam na liga finlandesa, mas sim na KHL e na Eliteserien da Suécia.

Caso queiram finalmente ganhar um ouro, os finlandeses terão de confiar em (jogadores marcados com * não atuam na NHL):
Goleiros: Niklas Bäckström, Mikka Kiprusoff e Antero Niittymäki.
Defensores: Lasse Kukkonen*, Sami Lepistö, Toni Lydman, Janne Niskala*, Joni Pitkänen, Sami Salo e Kimmo Timonen.
Atacantes: Valtteri Filppula, Niklas Hagman, Jarkko Immonen*, Olli Jokinen, Niko Kapanen*, Mikko Koivu, Saku Koivu, Jere Lehtinen, Antti Miettinen, Ville Peltonen*, Jarkko Ruutu, Tuomo Ruutu, e Teemu Selänne.

Suécia
A Suécia apresenta-se com o dever de defender o título. O último time a defender com sucesso um campeonato Olímpico foi a União Soviética, que em 1988 confirmou o ouro ganho em 1984 — e, se considerarmos a Comunidade dos Estados Independentes como sendo a União Soviética, o título também foi decidido com sucesso em 1992. De lá para cá, um fato curioso. Em nenhuma ocasião a seleção medalha de ouro nos Jogos Olímpicos ganhou medalha alguma na edição seguinte dos jogos. Então a Suécia lutaria não necessariamente pelo ouro, mas por medalha? Dificilmente. Os suecos são torcedores exigentes e querem mais que um pedaço de metal do seu time nacional. Diferentemente da Rússia, quase todos os jogadores suecos atuam na NHL. Mas temos algumas exceções. E uma delas é ele. Leia o time e, se você tiver alguma coisa na cabeça, saberá a quem estou me referindo.

Enfim, o time que defende a medalha de ouro:
Goleiros: Henrik Lundqvist, Jonas Gustavsson, Stefan Liv*.
Defensores: Tobias Enstrom, Magnus Johansson*, Niklas Kronwall, Nicklas Lidstrom, Douglas Murray, Johnny Oduya, Mattias Ohlund e Henrik Tallinder.
Atacantes: Daniel Alfredsson, Nicklas Backstrom, Loui Eriksson, Peter Forsberg*, Tomas Holmstrom, Patric Hornqvist, Fredrik Modin, Samuel Pahlsson, Daniel Sedin, Henrik Sedin, Mattias Weinhandl e Henrik Zetterberg.

Thiago Leal está revoltado com a não-convocação de Colby Armstrong. Ei, Canadá! Esperem pela Suíça!
Arquivo TheSlot.com.br
Scott Niedermayer será o capitão de uma companhia cuja única campanha esperada é a redenção canadense diante de seu povo.

Revista Life
Jamie Langenbrunner: God bless the Captain America.

François Angers Photographe
Patrik Elias: esse "A" virou um "C".

Javatyk
Aleksey Morozov: capitão a Rússia faz em casa.

Arquivo TheSlot.com.br
Saku Koivu, o líder de uma geração de prata.

Arquivo TheSlot.com.br
Nicklas Lidstrom usa o calção do Detroit Red Wings mesmo quando veste o uniforme da Suécia.

Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Página no Facebook | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 22 de janeiro de 2010.