Por: Marcelo Constantino

O que parecia ser apenas uma situação temporária em Detroit já se torna relativamente permanente, gerando um forte incômodo no time e na torcida. Estamos falando da posição do Detroit Red Wings na tabela. Embora tenha colocado os pés entre os oito classificados algumas breves vezes, podemos dizer que o time vem patinando ao longo da temporada no grupo que está fora dos playoffs.

É bem verdade que o time está na beirada de entrar para o grupo dos oito de cima, em grande parte graças a uma boa campanha na excursão de começo de ano à Costa Oeste, mas falhou em praticamente todas as chances mais recentes que teve de entrar.

Seus adversários mais próximos também não fazem grande campanha. O Los Angeles surpreende — dado que poucos acreditavam numa corrida do time pelos playoffs —, mas Calgary Flames está num péssimo momento (cinco derrotas seguidas até o jogo de segunda-feira, sendo 7 derrotas nos últimos 8 jogos) e Vancouver Canucks vem fazendo uma temporada irregular (mas Mikael Samuelsson vai muito bem, obrigado), tal qual os Red Wings.

E essa campanha irregular do Detroit tem, naturalmente, vários culpados. Mas primeiro vamos apontar um “não culpado”:

Goleiro MVP
Chris Osgood efetivamente perdeu a vaga de goleiro principal do time para o calouro Jimmy Howard. Claro que nos playoffs, se o time chegar lá, Osgood provavelmente será (será mesmo?) realçado à posição. Mas no momento a vaga é de Howard, indiscutivelmente. E não é somente porque Osgood faz mais uma temporada pouco confiável: Jimmy Howard vem sendo uma das raras boas notícias (no caso, ótima) do Detroit na temporada, sendo apontado inclusive como um forte candidato ao Troféu Calder.

Depois de um início cambaleante, Howard foi adquirindo cada vez mais tempo de jogo e sobretudo mais confiança, a ponto de tornar-se o jogador mais importante do time nesta temporada. Mais que isso: o jovem goleiro tem alguns dos melhores números da liga nesta temporada em termos média de gols sofridos e aproveitamento de defesas. Uma temporada digna até mesmo de se cogitar (leiam bem, eu disse cogitar; reconheço que Ryan Miller é o grande goleiro da temporada) candidatura ao Troféu Vezina até aqui. A culpa pela má temporada do time não recai no gol. Pelo contrário, a temporada do time é ruim apesar do goleiro.

Outro ponto fraco do time muitas vezes apontado, o time de matar penalidades, melhorou consideravelmente ao longo desta temporada. Paradoxalmente, mas melhorou!

A que podemos atribuir então a má campanha?

Hospital Detroit?
Um dos principais culpados apontados pela má campanha é o carnaval de contusões que assola o time. De fato, é um número considerável de perda de homens-jogo nesta temporada. Mais que isso, o time perdeu jogadores importantes. Johan Franzen, o terceiro jogador mais importante do ataque e possivelmente o principal goleador, contundiu-se em outubro e só deve retornar depois da parada para as Olimpíadas de Inverno.

Nicklas Kronwall que vinha sendo o principal defensor do time (isso mesmo, você não leu errado, era ele e não Lidstrom), também contundiu-se em novembro e está para retornar no fim deste mês.

Além dos dois, Jason Williams e Thomas Holmstrom estão contundidos no momento. Mas já foi pior. Outros vários jogadores já se contundiram e retornaram, entre eles Henrik Zetterberg. Há tempos que se espera o famoso “quando eles voltarem, o time engrena”.

Estrelas apagadas
Com a perda de jogadores importantes (leia-se Marian Hossa e etc.), esperava-se que o peso de carregar o time recaísse sobre os ombros da dupla principal, Pavel Datsyuk e Henrik Zetterberg. Mas os dois não carregam o time. Eles até lideram o time em pontos com folga sobre os demais (ainda assim, numa quantidade bem abaixo do esperado), mas estão a léguas de distância de outras estrelas que efetivamente carregam seus times. Nos últimos jogos Datsyuk parece estar inclusive sem confiança para tentar aquelas jogadas desnorteantes que o caracterizam. Zetterberg busca jogo o tempo inteiro, mas a produtividade tem ficado bem abaixo do que se espera. Talvez os dois não sejam jogadores de carregar time.

O maior ícone do time, Nicklas Lidstrom, é dos melhores defensores da história, e ainda hoje é um dos melhores da liga. Mas é um defensor de 40 anos de idade, e que ainda joga mais de 25 minutos toda noite, 82 jogos por temporada. Chega uma hora que a coisa começa a não funcionar tão bem. Já começou.

Coadjuvantes brilhando
Com as estrelas do time brilhando menos que o esperado, chega a vez (de alguns dos) dos coadjuvantes. Mas quando Todd Bertuzzi torna-se salvador e, mais que isso, uma das principais armas ofensivas do time em 2010, é porque seguramente esse time não anda muito bem. Não que Bertuzzi seja mau jogador, não é. Mas ele não é fator decisivo desde os tempos da dupla com Markus Naslund no Vancouver. Veja quanto tempo tem isso!

Dado que praticamente todo o time vem jogando abaixo do esperado, ressalve-se ainda que Brad Stuart (e não Brian Rafalski) vem segurando as pontas da defesa, que Patrick Eaves vem produzindo mais do que o previsto e que Drew Miller vem sendo melhor do que se espera de um jogador largado na Desistência. E que Darren Helm segue entregando-se toda noite no gelo, como se cada jogo fosse uma partida de playoffs.

E então?
Você nunca saberá como esse time vai ser comportar. Eles podem superar os poderosos Sharks jogando na casa deles, mas podem levar uma sova dos fracos Islanders logo a seguir (não importa a desculpa de o time estar supostamente cansado da viagem ao outro lado do país, o adversário era fraco).

Depois de 18 anos consecutivos sempre se classificando para os playoffs — recorde entre os esportes norte-americanos —, pela primeira vez há uma forte probabilidade de o time não conseguir chegar lá. E numa temporada em que absolutamente ninguém apostaria nisso. Ainda que haja experiência e talento (e tempo) de sobra no time para atingir esse feito, a ameaça segue cada vez mais forte.

AP
O goleiro Jimmy Howard, revelação e destaque do time na temporada, fazendo uma defesa na vitória do Detroit sobre o Carolina na semana passada.
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Página publicada em 20 de janeirode 2010.