Por: Ron Cook

Era exatamente isso que os Penguins tinham em mente quando a bolinha de pingue-pongue mais importante da história da NHL quicou a favor deles no verão setentrional de 2005: Sidney Crosby iria crescer a olhos vistos e tornar-se herói em um jogo de playoffs da Copa Stanley.

Essa visão coincidiu perfeitamente com aquela dos dirigentes da liga depois que aquela mesma bolinha de pingue-pongue — e, com ela, o direito de recrutar Crosby com a primeira escolha — quicou a favor do Pittsburgh e não do Anaheim. Crosby tornar-se-ia o embaixador mais popular da NHL ainda bem jovem e injetaria mais vida no esporte em seu maior palco.

Foi assim ontem na palpitante Mellon Arena.

É difícil dizer que estava mais feliz depois da vitória dos Penguins por 3-2 sobre o Detroit Red Wings no jogo 3 (estou excluindo os delirantes 17.132 pagantes, presenteados com a 17.ª vitória seguida no gelo do bairro de Lower Hill). Foram os Penguins, que precisavam mostrar ao menos que podem ser competitivos contrs os poderosos Red Wings? Ou foram os cartolas da NHL, que praticamente conseguiam ouvir os aparelhos de televisão ser desligados ao redor da América do Norte quando o Detroit ganhou os jogos 1 e e2, por 4-0 e 3-0, com uma facilidade metódica e entediante?

Não posso falar pelo comissário da NHL, Gary Bettman, que supostamente tirou folga para brindar a tudo relacionado com Crosby até a manhã de hoje em Pittsburgh. Mas posso dizer o que os Penguins estavam pensando quando os dois gols de Crosby deram ao time sua primeira vitória em finais de Copa desde 1992, quando Crosby tinha quatro anos de idade.

"Eu amo esse cara", exagerou o ponta Max Talbot. "Dou mais velho que ele e, ainda assim, admiro-o. Que líder verdadeiro. O resto de nós só podemos segui-lo."

Chame Crosby do que quiser — Sid the Kid, O Capitão, O Rosto da NHL —, mas saiba isso: ontem ele carregou os Penguins e a liga nas costas e ainda achou força e energia para uma atuação memorável. Quase parecia que era para acontecer desse jeito. Evgeni Malkin poderia ter sido a estrela, mas não foi. Ou Marián Hossa. Ou Henrik Zetterberg ou Chris Osgood, ambos do Detroit.

Mas não, foi Crosby.

Seguindo o script, não?

"Não há dúvidas de que você espera que seu melhor jogador jogue seu melhor jogo", disse o técnico dos Penguins, Michel Therrien. "Certamente Sid fez isso [ontem]."

Um pouco antes, Crosby falou da importância de marcar o primeiro gol: "Não vou mentir. O primeiro seria uma boa sensação."

Do jeito que aconteceu, uma sensaão melhor do que Crosby poderia imaginar.

"Finalmente!", comemorou ele, descrevendo o que passou pela sua cabeça depois de ele marcar aquele gol no fim do primeiro período.

A linguagem corporal de Crosby disse muito mais.

"Dava para ver a intensidade e a paixão dele", observou o defensor Ryan Whitney. "Você não vê ele comemorar com os punhos cerrados daquele jeito muitas vezes. Ele sabia o que este jogo significava para nós."

Quando se passa tanto tempo sem gols como os Penguins passaram — 120 minutos assustadores naqueles dois jogos fúteis na Joe Louis Arena, em Detroit, e mais de 17 minutos tensos ontem —, você começa a imaginar se vai marcar de novo, especialmente contra a sufocante defesa dos Red Wings. Mas havia Crosby, aproveitando o rebote de um chute de Hossa e vencendo Osgood para abrir o placar. E houve Crosby de novo no começo do segundo período, aproveitando o rebote de outro chute de Hossa e mandando para dentro em vantagem numérica para abrir 2-0.

De repente... temos novamente uma série.

Asa chances continuam contra os Penguins. Para ganhar a Copa, ele ainda precisam ganhar três dos próximos quatro jogos contra um grande time, dois deles de volta em Detroit.

Mas, graças a Crosby, ao menos eles têm uma .

Engraçado, Crosby foi criticado depois das duas derrotas em Detroit. Ele tinha marcado apenas dois gols em 12 jogos, desde a série contra o Ottawa na primeira fase. Mas os críticos não entenderam. Ele não chegou a desaparecer na Joe Louis Arena como Malkin, Hossa e tantos outros. Ele teve um total de nove chutes a gol nas duas partidas. Ele nunca parou de se esforçar, nunca parou de tentar criar para seus colegas, nunca parou de exercer sua marcação.

O garoto claramente leva a sério a tarja de capitão. Assim como ele leva a sério esse negócio de ser a cara da NHL.

Scott Burnside, colunista de alcance nacional do site ESPN.com, criticou Mario Lemieux em um artigo na terça-feira por isolar-se e não fazer mais pela NHL durante as finais da Copa. Burnside foi atazanado pelos torcedores dos Penguins, mas ele estava certo em sua crítica. A postura de relações públicas de Lemieux sempre tem sido questão de conveniência — a dele.

Ainda bem que a liga tem Crosby. Dia após dia, ele encara a mídia que cobre o hóquei e promove o esporte. Para parafraseá-lo em sua resposta à pergunta se ele algum dia vai se cansar disso: "Ora, eu estou em uma posição muito boa aqui. Estou nas finais da Copa, fazendo o que eu amo. De qualquer forma, há coisas piores para se fazer do que falar sobre hóquei.

E você se pergunta por que Crosby é tão amado nos escritórios da NHL?

Bettman e seu pessoal nunca vão admitir isso publicamente, mas eles adorariam ver Crosby sob os holofotes por mais quatro jogos fabulosos como o de ontem.

Não preciso nem dizer que os Penguins tem exatamente o mesmo sonho.

Talvez ambos tenham o jogador de que precisam para fazer isso acontecer.

Ron Cook é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 29 de maio de 2008.