Por: Bob Smizik

Parece que o Detroit Red Wings não é tão imbatível assim. Não é impecável em cada faceta do hóquei. Não é treinado pelo maior tático e motivador da história da NHL. Provavelmente foi uma surpresa para alguns descobrir isso, particularmente para o pessoal de Michigan, mas os Red Wings não vão ganhar a Copa Stanley em quatro jogos. Na verdade, talvez ainda eles nem a ganhem.

A vitória por varrida tornou-se uma impossibilidade ontem, com a vitória por 3-2 dos Penguins no terceiro jogo da série melhor-de-sete, na Mellon Arena. O Detroit continua o grande favorito para ficar com o título, depois de dominar rigorosamente os Penguins nos dois primeiros jogos. Mas os Penguins tinham de estar encorajados pela sua atuação. Apesar de estarem atrás, 2-1, na série e de o mando de gelo ainda ser do Detroit, eles podem procurar as palavras do homem que levou o Pittsburgh a seu primeiro título da Copa Stanley, o falecito técnico Badger Bob Johnson, para inspiração.

Quando os Penguins venceram a Copa em 1991, eles ficaram atrás em cada uma de suas quatro séries — em uma delas por 3-2 e em outra por 2-0. Ficar atrás não chegou a preocupar o lendário e otimista Johnson, e este não deixou que isso afetasse seus jogadores. "Você pode perder três jogos e ainda assim ganhar a Copa", dizia, otimista, quando seu time estava atrás.

É uma referência digna de ser lembrada.

O que aconteceu ontem foi que os até então superlativos Red Wings provaram que são mortais, e Sidney Crosby não. Seria legal escrever que Crosby e seus colegas de time reagiram ao retorno ao gelo de casa pegando as coisas como elas foram deixadas na última vez, a goleada por 6-0 sobre o Philadelphia Flyers que garantiu o título da Conferência Leste. Mas não foi o caso.

Ao longo de boa parte do primeiro período, os Penguins pareciam ser o mesmo grupo indefeso que não conseguiu marcar um gol sequer nos dois jogos em Detroit. O rugido de mais uma lotação máxima foi perdido com a mesma perpexidade demonstrada diante da atuação dos Red Wings na Joe Louis Arena.

O jogo já tinha mais de 15 minutos quando os Penguins deram seu segundo chute a gol. Eles passavam com mais freqüência com o disco pela sua própria linha azul, mas não iam muito longe. Parecia a mesma velha história de os Penguins serem brutalmente superados pelos Red Wings.

"Nos primeiros dez minutos estávamos assustados", admitiu o técnico Michel Therrien. "Somos um time jovem. É um processo que temos de encarar. Tentamos mudar o embalo. Tentamos levar mais velocidade ao gelo. Nos dez últimos minutos do primeiro período, assumimos o controle. Levamos esse embalo para o segundo período."

O técnico do Detroit, Mike Babcock, viu a coisa basicamente da mesma maneira e disse: "Depois que eles marcaram, controlaram o jogo pelos 20 minutos seguintes."

Crosby assumiu a responsabilidade de fazer seu time se recuperar. Ele marcou o primeiro gol do jogo aos 17:25 do primeiro período e ampliou para 2-0 aos 2:34 do segundo. Babcock admitiu que viu um adversário diferente no terceiro jogo.

"Eles foram mais rápidos nas disputas pelo disco", disse. "Eles marcaram primeiro, o que os ajudou. Achei que Crosby e [Marián] Hossa foram melhor. Eles tiveram mais energia e controlaram mais jogadas. Dê crédito a eles. Eles acharam um jeito de ganhar o jogo. Tiveram algumas boas chances de gol."

Adam Hall marcou um gol que deu um pouco mais de segurança no terceiro período, e Therrien não tinha como ficar mais feliz pelo atacante cigano.

"Adam Hall marcou o gol mais importante de sua carreira", concluiu.

Os Penguins precisavam de uma injeção de ânimo de seus jogadores secundários e conseguiram-na de Hall e Gary Roberts, que estava no gelo para o terceiro gol. A atuação do goleiro Marc-André Fleury também foi reconfortante para os Penguins.

"Ele fez várias defesas-chave", avaliou Therrien. "Gosto de sua compostura. Estou satisfeito por ele."

No outro lado do gelo, os Penguins podem se animar com o fato de o goleiro do Detroit, Chris Osgood, ter parado de se parecer com um Ken Dryden ou um Terry Sawchuk. Embora os Red Wings tenham jogado muito bem nos dois primeiros jogos, a história recente mostra-nos que talvez eles não sejam tão bons. Eles perderam duas vezes na série de abertura contra o Nashville, no terceiro e no quarto jogos, e duas vezes nas finais de conferência para o Dallas, no quarto e quinto jogos.

Eles são bons, muito bons e possivelmente bons demais para os Penguins. Mas não é garantido que eles vão ganhar esta Copa. Os Penguins mostraram ontem que podem jogar com os Red Wings. A série que ameaçava acabar rapidinho agora parece que vai durar mais um pouco.

Bob Smizik é colunista do jornal Pittsburgh Post-Gazette. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-08 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 29 de maio de 2008.