Por: Humberto Fernandes

"Bem-vindo às finais, Pittsburgh Penguins", era o que não estava escrito no cartaz de um torcedor do Pittsburgh Penguins que estava presente na Mellon Arena na noite de quarta-feira.

Embora o começo do jogo 3 tenha sido uma extensão dos anteriores, com domínio do Detroit Red Wings, permitindo apenas um chute a gol em 15 minutos e mantendo a torcida local apreensiva e em silêncio, os Penguins souberam se recuperar do mau momento, evitaram que o adversário abrisse o placar — o chute à queima roupa de Brad Stuart bloqueado pela defesa teria arruinado a noite — e então se impuseram ofensivamente, pressionando o Detroit em sua defesa.

A ofensiva gerou o primeiro gol do jogo, quando Stuart errou passe na defesa e Sidney Crosby recuperou o disco, aproveitando rebote na sequência. O primeiro gol dos Penguins na Copa Stanley, o fim da invencibilidade de Chris Osgood e a liderança no placar. Ainda no primeiro período os donos da casa por pouco não ampliaram o resultado em vantagem numérica, mas Osgood e Marian Hossa salvaram o Detroit.

A pressão constante dos Penguins, ainda maior após o gol, forçou erros incomuns dos Red Wings, como passes errados, muitos deles interceptados pela turma de preto e dourada e convertidos em mais pressão e novas oportunidades de gol.

O excelente aproveitamento dos especialistas em desvantagem numérica — ou a incompetência dos times quando atuam no 5-contra-4 — diminuiu quando os árbitros marcaram penalidade inexistente de Niklas Kronwall. Aliás, tem sido fator onipresente nesta final o rigor excessivo dos árbitros, contrariando a lógica dos playoffs e prejudicando o jogo. Que fique claro que eles não estão favorecendo qualquer das equipes. O Pittsburgh converteu a chance através de seu capitão, bem posicionado ao lado da trave. Crosby dois, Red Wings zero.

Parte da superioridade dos Penguins pode ser atribuída à vantagem de controlar o confronto das linhas, escolhendo por último os jogadores no gelo. Assim os grandes nomes dos Penguins enfrentaram turnos contra os defensores mais fracos do Detroit e Michel Therrien pôde definir a linha de Jordan Staal contra Henrik Zetterberg. Crosby, por exemplo, teve Nicklas Lidstrom como adversário em apenas 46% de seu tempo de gelo, bem abaixo dos 73,5% do jogo 1, o que faz uma grande diferença.

O Detroit voltou ao jogo quando Johan Franzen decidiu ser Pavel Datsyuk. O sueco se enfiou com disco e tudo no meio da defesa dos Penguins, driblando os adversários até chegar ao gol, o segundo do time em vantagem numérica e o mais bonito desta Copa Stanley.

Mesmo com o gol os Pens não se encolheram e continuaram pressionando, desperdiçando as melhores oportunidades.

No melhor período da série, o terceiro, Pittsburgh e Detroit proporcionaram um espetáculo.

Os Penguins quase marcaram com Hossa, que acertou a trave de Osgood. No lance seguinte o goleiro parou o disco em cima da linha, após deixá-lo escapar ao realizar uma defesa. As equipes trocaram trancos, o que precedeu o terceiro gol do Pittsburgh. Adam Hall, atrás da rede, chutou nas costas de Osgood para marcar. Vale lembrar que no artigo da edição passada este colunista repetiu Don Cherry: "De trás do gol é impossível marcar." Bom, com um pouco de sorte e um goleiro mal posicionado, é possível.

Com prejuízo de dois gols, os Red Wings reagiram. Tomas Holmstrom perdeu o chamado gol feito, ao acertar a trave quando Marc-Andre Fleury sequer aparecia na imagem. Naquele momento a torcida definitivamente entrou no gelo e começou a empurrar os Penguins. O que se viu foi uma grande sequência de trancos punindo os jogadores dos Wings. Uma torcida fantástica, extremamente barulhenta, que esmurrava as bordas e assistia a tudo de pé, muito diferente daquela que presenciou os dois jogos anteriores em Detroit.

Quando não parecia que os visitantes marcariam outro tento, Mikael Samuelsson "jogou" o disco em direção ao gol, quase sem propósito. Brooks Orpik teve a infelicidade de desviá-lo, enganando Fleury. Perdendo por 3-2, os Wings estavam de volta ao jogo.

Dois minutos depois, Evgeni Malkin foi penalizado e o Detroit teve a vantagem numérica mais importante do século. Tão importante que, assim como o pênalti no futebol deveria ser batido pelo presidente do time, o ataque dos Wings no gelo deveria ser formado pela família Ilitch, o que não seria má idéia, já que os atletas gastaram um minuto inteiro para entrar na zona de defesa dos Pens pela primeira vez.

Nos minutos finais, Mike Babcock demorou a substituir Osgood por outro atacante e a pressão foi inútil. O jogo 3 foi dos Penguins e teremos uma série na final da Copa Stanley.


Notas
Não acompanhei os Penguins de perto durante a temporada e não entendo por que Darryl Sydor não é titular da equipe. Duas vezes campeão da Copa Stanley (em 1999 com o Dallas e em 2004 com o Tampa Bay), Sydor é experiente e seguro.

Jogando em Pittsburgh, Fleury não perde no tempo normal desde novembro de 2007.

Duas noites depois de sua melhor atuação pelo Detroit, Stuart respondeu com seu pior jogo. Falhou diretamente no primeiro gol, não marcou Crosby no segundo e esteve fora de posição em outros lances.

O franzino Pavel Datsyuk é o jogador mais duro do Detroit nas finais. Seu tranco demoliu Ryan Malone. No jogo 2 ele já havia encarado Malone e Gary Roberts para defender seus companheiros.

Humberto Fernandes pretende acompanhar a carreira do tenista Thomaz Bellucci.
Jamie Sabau/Getty Images
"Uma Temporada de Sacrifício" é o lema do Pittsburgh Penguins.
(28/05/2008)
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Belíssima imagem da estrela do jogo 3, a fantástica e barulhenta torcida dos Penguins.
(28/05/2008)
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Os vencedores comemoram e os perdedores saem de cena. Vamos para o jogo 4.
(28/05/2008)
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Página publicada em 29 de maio de 2008.