A Divisão Sudeste da NHL é composta por times que nos últimos anos
chegaram à final da Copa Stanley, como o Washington Capitals (1998)
e até mesmo o próprio Florida Panthers (1996), além de times que conseguiram
chegar à maior conquista do gelo, como o campeão Tampa Bay Lightning
(2004) e o duas vezes finalista Carolina Hurricanes (vice em 2002 e
campeão em 2006). O próprio Atlanta Thrashers só precisa de tempo e
sorte para também chegar lá, pelo andar da carruagem.
Entretanto, o que mais surpreende e assusta nessa divisão é a inconsistência
de seus times, capazes de fazer temporadas brilhantes em um ano e na
temporada seguinte sequer se habilitar a disputar os playoffs, com campanhas
medíocres e vergonhosas.
Na atual temporada os Bolts seguram a lanterna da divisão e de todo
o Leste, há muito tempo já eliminado de qualquer chance de disputar
os playoffs da Copa Stanley. Mesmo com partidas ainda a serem disputadas,
as chances de deixar a lanterna e ser o pior do Leste são remotas para
os antigos campeões da Florida. Nem mesmo os quase 100 pontos de Vincent
Lecavalier ou os 80 pontos de Martin St. Louis foram capazes de alçar
os Bolts a um melhor destino na temporada. Eles não contam mais com
um grande goleiro e isso também contribuiu para o fracasso do time no
ano e para a decepção dos seus fãs e torcedores.
Dos Thrashers ninguém espera nada. Na verdade, espera sim: quando os
donos e diretores vão desistir de brincar de franquia de hóquei em Atlanta
e mandar o time para algum lugar que valha realmente a pena. Você claramente
tem algo errado no seu time quando seu principal jogador marca 52 gols
numa temporada e o segundo lugar tem cerca de um terço disso. Não adianta
Ilya Kovalchuk marcar dezenas de gols se o resto do time não colabora.
Nem mesmo a presença de jogadores conhecidos como Mark Recchi, Bobby
Holik, Todd White ou Vyacheslav Kozlov foram suficientes para salvar
o time de Atlanta do abismo em que se meteu. Ainda falta muito para
que a franquia, que até tem bons valores jovens, possa vir a ser algo
representativo na liga e até mesmo pensar em vencer algo nos playoffs.
O difícil é encontrar alguém que aposte que quando isso vier a acontecer
eles ainda estarão em Atlanta.
Os Panthers da Flórida não assustaram ninguém na temporada, o que aliás
já se tornou bastante comum. Apesar de ter feitos investimentos por
meio de trocas buscando jogadores com bom potencial o time insiste em
naufragar temporada após temporada e novamente fica de fora da briga
pela Copa Stanley. Faltando duas partidas para encerrar a sua temporada
os Panthers não serão os piores times do Leste, mas também não chegaram
a disputar realmente uma das vagas finais aos playoffs. Eliminados da
disputa matematicamente há algumas rodadas, os Panthers não almejam
sequer o segundo lugar da divisão. As boas temporadas de Olli Jokinen
e Nathan Horton deixam uma fagulha de esperança aos torcedores dos arredores
de Miami que dias melhores poderão vir e quem sabe uma mudança de atitude
da diretoria possa ajudar nesse processo.
No topo da Divisão Sudeste os Caps conseguiram reagir no final e disputam
ponto a ponto o título da divisão com os Canes, o que lhes garantiria
não apenas participar dos playoffs mas já entrar de cara em terceiro
colocado. Algo realmente fantástico para um time que até a tarde de
quarta-feira estava fora dos playoffs.
Mesmo com um dos melhores jogadores em atividade na NHL, o russo Alexander
Ovechkin, os Caps correm sério risco de ficar fora da pós temporada.
Ovechkin literalmente tem carregado os Caps durante a temporada e seus
extraordinários 110 pontos, sendo 63 gols, são números
que deixam a maioria dos gerentes da liga ávidos por uma chance de contratar
o garoto prodígio. Suas qualidades são conhecidas e torna-se desnecessário
citá-las novamente, mas quem não tem aquela sensação de desperdício
ao vê-lo jogando com um uniforme do time de Washington? Ovechkin é um
daqueles jogadores capazes de levar sozinho um time aos playoffs e,
com um pouco de ajuda, conquistar a Copa Stanley. É o tipo de jogador
que merece melhor sorte e vestir um manto sangrado como o dos Leafs,
Habs, Red Wings para citar alguns. É uma pena vê-lo jogando em uma cidade
como Washington longe da paixão de fãs e de uma imprensa exigente como
no Canadá e algumas cidades americanas onde o hóquei tem tradição.
Já os Hurricanes, depois de um vice-campeonato e de finalmente terem
conquistado uma Copa, tentam se manter na briga pela divisão e por uma
vaga na pós temporada. A derrota da terça-feira para os rivais e adversários
diretos Capitals pode ter complicado seriamente esses planos. Os Canes
decidirão a vaga contra Bolts e Cats, rivais de divisão, mas que já
estão alijados da disputa. Eles dependem apenas de si mesmos para ir
aos playoffs e se não conseguirem chegar lá terá sido por pura incompetência
deles mesmos, uma vez que para os Caps chegarem lá eles precisam vencer
o que vão jogar e torcer por pelo menos um tropeço dos Canes. Eric Staal,
Ray Whitney e o eterno Rod Brind´Amour têm a obrigação de manter a vaga
aos playoffs e não chegar lá terá o impacto de uma catástrofe em Raleigh.
Cam Ward tem bons números na temporada, mas precisa ser mais consistente
no gol se os Canes quiserem realmente algo mais do que apenas participar
dos playoffs.