Por: Brian Cazeneuve

Em um jogo que deveria ter tacos, luvas e proteções, o terceiro das finais da Copa Stanley resumiu-se a um patim e a um cotovelo, o que lembra mais algum novo tipo de arte marcial. O pé de Daniel Alfredsson estava no caminho do passe para o meio de Wade Redden ou ele estava imitando seu Pelé interior como uma maneira de sair da má fase que o assola na série? Foi feia a cotovelada de Chris Pronger na cabeça de Dean McAmmond? Pronger, o imponente defensor do Anaheim Ducks, corre perigo de ficar de fora de seu segundo jogo 4 seguido por causa de mais uma pancada na cabeça de alguém na hora errada?

Essas perguntas ficaram sem resposta mesmo depois da vitória do Ottawa por 5-3, que diminuiu a desvantagem dos Sens para 2-1 na série.

Primeiro, Alfredsson: o capitão do Ottawa teve uma atuação miserável no jogo 2, perdendo de maneira incomum o disco por seis vezes. Ele também não estava produzindo nada no ataque. Antes do jogo, o técnico dos Senators, Bryan Murray, pensou em uma solução para os problemas de Alfredsson: "Criar chances de gol de vez em quando e mandar o disco para dentro." Perguntaram a Murray como ele mantém a paciência com isso. "Mantenho por quanto tempo eu quise", respondeu ele. "Mas obrigado pela pergunta."

Talvez Murray tenha sido capaz de inocular um pouco de suas próprias convicções em Alfredsson na hora certa. Com os Ducks na frente, 3-2, no fim do segundo período, Alfredsson achou o seu caminho até o gol e redirecionou o passe de Redden para dentro do gol de Jean-Sébastien Giguère. Que o disco desviou em Alfredsson não há dúvida, mas, mais uma vez, uma jogada duvidosa levantou a lebre de um movimento distingüível de pontapé. Ora, se o Buffalo Sabres estava respondendo perguntas sobre futebol e replays depois de quase todos os jogos, por que outros times não poderiam também? O juiz Dan O'Halloran inicialmente anulou o gol. Os árbitros que analisaram o replay no vídeo mudaram a decisão, validando o gol e dando início a vitória dos Senators por 5-3, sua primeira na série.

"Senti o tempo todo que tinha sido gol", disse Alfredsson depois. "Acho que, da posição do juiz, ele achou que tivesse batido no meu patim. Eu não acho que tenha chutado com o patim. Nem senti chutar o disco. Nem cheguei a levantar meu pé. Eu estava confiante de que o gol serida validado."

Giguère, é claro, tinha uma outra opinião. "Do meu ponto de vista, foi desviado com o patim. A mesma coisa para o juiz e para todo mundo que estava no gelo", reclamou ele. "É claro que é difícil discutir com o replay. Acho que, se foi por meio de vídeo, a decisão deve ter sido correta." Chame isso de diplomacia velada.

De qualquer jeito, cada um dos que viram a jogada pareceu ter visto de forma diferente. No mínimo, a liga tem sofrido ao longo dos playoffs para determinar exatamente o que é um movimento distingüível de pontapé.

Já a pancada de Pronger os árbitros ignoraram totalmente, deixando de puni-lo pelo que deveria ser uma expulsão. Ainda assim, o lance pode ter se tornado um divisor de águas na série. Enquanto McAmmond dava um chute que desviou para o canto. Pronger tentou terminar seu tranco, mas jogou para a frente seu cotovelo esquerdo a fim de impedir o progresso de McAmmond. O cotovelo atingiu McAmmond e mandou o atacante do Ottawa escorregando devagar contra as bordas laterais. Ele deixou o jogo e não voltou. Lembre-se de que Pronger já foi suspenso no quarto jogo da fase anterior, depois de acertar Tomas Holmstrom, do Detroit, com o cotovelo, e dá para adivinhar o que o espera agora que ele é reincidente.

"Não precisa acontecer isso", comentou Murray quando perguntado da pancada. "Eu vi o que aconteceu quando um jogador do Detroit foi acertado assim. Ele foi suspenso. Eu não consigo entender como quatro árbitros deixaram de ver. Dean foi nocauteado. Eu não quero dizer nada, porque não quero reclamar, já que sempre sou chamado de raclamão. Então acho que foi um lance óbvio."

Jogadores dos dois times recusaram-se a especular sobre o que a liga deve fazer, mas Giguère soou como se estivesse praticamente conformado com uma suspensão. "Ele é um de nossos dois principais jogadores", disse Giguère. "É sempre uma grande perda quando ele não está no gelo. Você não quer perder um jogador como ele."

Pronger pouco disse depois, mas insistiu que estava apenas tentando finalizar seu tranco.

De novo, a falta de disciplina dos Ducks levou a melhor sobre eles. Mesmo sem a penalidade contra Pronger, o Anaheim cometeu 12 penalidades, contra 8 do Ottawa. Certamente os Ducks foram descuidados ao perseguir alguns dos jogadores dos Senators, mas sua reputação de atuações ferozes não ajudou nada. "Não creio muitas penalidades tenham sido marcadas porque as pessoas sabem que lideramos a liga em penalidades por briga", filosofou o atacante Todd Marchant, do Anaheim. "É assim que jogamos. Acho que muitas penalidades ocorrem porque você não mexe os seus pés. Desta vez, não tivemos o mesmo comprometimento que tivemos em Anaheim."

Eles terão outra chance amanhã.

Brian Cazeneuve é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 3 de junho de 2007.