Por: Thiago Leal

Se até mesmo um jogador de nível baixo para médio como um certo... W... Wa... espera... Wayne... Gr... nossa, que nome complicado... er... Wayne Gretzky... sabia que "você perde 100% dos chutes que você não chuta", qual o mal que faz chutar a gol? Ora, se o objetivo de um jogo é marcar gols, o normal a se fazer para isso é... chutando a gol! Descobrindo isso apenas no Jogo 3 das finais da Copa Stanley, o Ottawa Senators faz frente pela primeira vez ao Anaheim Ducks e mantém viva sua chance de lavantar o caneco.

Bastou um pouco de ofensividade, e os Senators impediram que sua primeira Copa Stanley disputada fosse perdida de forma precoce. O problema não é que os simpáticos Sens só tenham atingido uma superioridade ofensiva no Scotiabank — uma coisa que, tecnicamente, deveria ser considerada normal. O problema é que no Honda Center os rubro-negros de Ontário não tiveram praticamente ofensividade nenhuma diante de um jogo agressivo dos Ducks, em constante vantagem numérica.

O Jogo 2, um 1-0 de roer os dentes, definido a pouco mais de cinco minutos do fim do terceiro período, foi desastroso por parte dos Senators. Chutar apenas 16 vezes contra os 31 tiros que seu goleiro Ray Emery viu pela frente é praticamente apelar para a sorte — e, a não ser que você esteja jogando esportes como pôquer, roleta ou uma emocionante partida de caça-níquel, muito popular nas redondezas de Nevada, a sorte não te ajuda muito. Aliás, até ajuda: em tomar apenas 1-0, se bem que, vitória ou derrota em playoffs, o número de gols em um jogo não faz diferença; o Detroit Red Wings que o diga.

E o que é mais preocupante nas duas partidas iniciais é: os Sens estiveram em vantagem numérica mais vezes que os Ducks. Ora, e por que não chutam, seus infelizes? Assim vão me deixar irritado e me fazer estourar os pontos conseguidos em cirurgia na última quinta-feira!

Desta vez, depois de voltar tontos de Anaheim, os Senators decidiram jogar de forma mais sólida na defesa e contribuir com nosso bom amigo Emery.

Primeiramente, os Sens continuaram a jogar limpo — ou, pelo menos, menos "rispidamente" que o Anaheim — e mantiveram a superioridade em vantagens numéricas. E, desta vez, justificaram o termo "vantagem". Os Senadores da capital canadense dominaram ofensivamente o jogo e, como todo trabalho duro é recompensado, a recompensa tardou um pouco, mas veio.

Depois de sofrerem o primeiro gol com pouco mais de cinco minutos de jogo, com a sensação Andy McDonald marcando mais um ponto, os Sens reagiram já no final do período e a dupla X-X, Chris Kelly e Chris Neil, empatou a partida, sendo assistência do primeiro e tento do segundo, sem esquecer a participação do nosso bom amigo eslovaco Andrej Meszaros, que também participou com assistência e pôs um pontinho no bolso — este colunista acredita que todo eslovaco é um bom amigo. Assistam a "O Albergue" e confirmem.

A situação repetiu-se no segundo período, e a linha de fraldas-enxutas dos Ducks, com Corey Perry, Dustin Penner e Ryan Getzlaf, exatamente nessa ordem em gol-assistência-assistência, fez 2-1, confirmando o entrosamento da meninada. E, mesmo com os Sens empatando novamente, com Mike Fischer, assistido pelo russo Anton Volchenkov, os meninos Getzlaf, Penner e Perry, agora em ordem invertida, puseram o Anaheim em vantagem novamente. Nesse troca-troca de pontos, os Ducks, que já tinham 2-0 na série, estavam em vantagem. Afinal, acabariam por ganhar o jogo 3, praticamente fechando a tampa do caixão.

A brincadeira acabou quando o capitão Daniel Alfredsson empatou novamente a partida, num período em que os Ducks eram superiores ofensivamente. Dois minutos depois, a pouco menos de dois minutos para o fim do segundo período, os Sens marcaram com Dean McAmmond e assumiam em definitivo a liderança do jogo. Os Sens assumiam a vantagem, em chutes e em, ora bolas, gols! Chutar = marcar, entendeu?

No terceiro período, a franquia canadense chegou aonde eu quero dizer e dominou o jogo em chutes. Ora, quanto mais você se mantém no ataque, chutando, menos seu adversário chuta. E menos chances de gol ele terá, certo? E a defesa vermelha trabalhou muito bem desta vez. Emery finalmente descansou, bebeu sua agüinha enquanto a moçada dos patins se matava bloqueando chutes e parando os brutamontes do Anaheim. Os três chutes que os californianos desferiram sequer assustaram.

E, para não correr riscos, Volchenkov marcou, na metade do período, o gol que sacramentou a primeira vitória dos Senators na série.

Ao final, os Sens deram 29 chutes contra 22 do Anaheim. Sete chutes que fizeram a diferença? Ora, e por que não? Nesses sete estão incluídos os cinco gols vencedores da partida — ou não?

Basta um trabalho sólido dos defensores, como neste terceiro período do jogo 3, e um pouco mais de vontade lá na frente, chutando sempre que necessário, e a vantagem vai pro seu lado. Não estou dizendo que seja fácil, mas só se consegue tentando. Uma coisa é você dar 20 chutes e não vencer o jogo por causa da parede Giguère. Outra é terminar o jogo com míseros 16 chutes contra 31 de seus adversários, e até aliviado por só ter tomado 1-0. A coisa está difícil lá atrás? Então tente descontar na frente. Fica o exemplo do que o Anaheim fez neste jogo 3, que foi o que o Ottawa não fez nos jogos 1 e 2. Não tema. Chuta, que é macumba!

Thiago Leal pede desculpa pela ausência nas duas últimas edições e as justifica, respectivamente, por problemas corporativos (leia-se demissão) e cirúrgicos (leia-se pontos, sangue, curativos e dor, muita dor).
anaheimducks.com
Senators botam pressão em cima de Giguère: o melhor ataque é um bom... ataque.
(02/06/2007)
A. Ringuette/Freestyle Photo/OSHC
Essa é nossa! Daniel Alfredsson empata a partida pela terceira vez e tira os Ducks da liderança em definitivo.
(02/06/2007)
anaheimducks.com
Coisa linda de se ver: torcida canadense de hóquei ou torcida inglesa de futebol. Paixão comovente, em ambos os casos.
(02/06/2007)
02/06/2007     00  
Anaheim 1 2 0 3
Ottawa 1 3 1 5
PRIMEIRO PERÍODO — Gols: 1. Anaheim, Andy McDonald 7 (vantagem numérica) (Teemu Selanne), 5:39. 2. Ottawa, Chris Neil 2 (Chris Kelly, Andrej Meszaros), 16:10 . Penalidades: W. Redden, Otw (interference), 3:51; B. May, Anh (interference), 6:01; T. Moen, Anh (diving), 11:29; M. Fisher, Otw (roughing), 11:29.
SEGUNDO PERÍODO — Gols: 3. Anaheim, Corey Perry 5 (Dustin Penner, Ryan Getzlaf), 5:20. 4. Ottawa, Mike Fisher 5 (Anton Volchenkov), 5:47. 5. Anaheim, Ryan Getzlaf 7 (Dustin Penner, Corey Perry), 7:38. 6.Ottawa, Daniel Alfredsson 11 (vantagem numérica) (Wade Redden, Joe Corvo), 16:14. 7.Ottawa, Dean McAmmond 5 (Oleg Saprykin, Christoph Schubert), 18:34. Penalidades: S. Pahlsson, Anh (roughing), 2:04; J. Spezza, servida por M. Comrie, Otw (holding), 2:04; S. Niedermayer, Anh (hooking), 13:44; S. O'Donnell, Anh (cross check), 15:39.
TERCEIRO PERÍODO — Gols: 8. Ottawa, Anton Volchenkov 2 (Antoine Vermette, Chris Kelly), 8:22. Penalidades: C. Neil, Otw (roughing), 2:55; R. Getzlaf, Anh (roughing), 2:55; D. Penner, Anh (roughing), 2:55; C. Perry, Anh (roughing), 2:55; C. Perry, Anh (roughing), 2:55; M. Fisher, Otw (roughing), 2:55; P. Schaefer, Otw (roughing), 2:55; B. May, Anh (tripping), 5:43; P. Schaefer, Otw (interference), 10:41; R. Getzlaf, Anh (holding), 11:05; A. McDonald, Anh (interference with goaltender), 15:29; C. Phillips, Otw (roughing), 19:49.
CHUTES A GOL
Anaheim 8 11 3 22
Ottawa 10 12 7 29
Vantagem numérica: ANH – 1 de 3; OTW – 1 de 7. Goleiros: Anaheim – Jean-Sébastien Giguère (29 chutes, 24 defesas). Ottawa – Ray Emery (22, 19). Público: 20.500. Árbitros: Paul Devorski, Dan O'Halloran.
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Página publicada em 3 de junho de 2007.