Por: Alexandre Giesbrecht

Tanto se falou sobre a linha de tranco dos Ducks neutralizando a principal linha dos Senators ao longo dos dois primeiros jogos das finais da Copa Stanley. E num tom de aplauso — a não ser, talvez, pela imprensa canadense —, já que tudo que eles fizeram para parar o poderoso trio formado por Jason Spezza, Daniel Alfredsson e Dany Heatley foi dentro das regras.

Ontem à noite, um outro atacante dos Senators foi neutralizado. Foi parado. Foi nocauteado. Foi neutralizado como espiões neutralizavam adversários políticos em guerras. Foi parado como um carro a 120 km/h pára ao chocar-se com um muro. Foi nocauteado como Tomas Holmström, do Detroit, já o tinha sido duas semanas atrás.

E pela mesma pessoa que nocauteara Holmström: Chris Pronger, dos Ducks.

O lance foi lamentável do começo ao fim. Pronger, percebendo que não conseguiria parar Dean McAmmond dentro das regras, colocou o cotovelo na frente da mandíbula deste. O choque foi feio, e a queda do jogador dos Sens fez muita gente temer pelo pior. Até por isso, ninguém imaginava que Pronger escaparia do banco de penalidades. A única dúvida parecia ser se ele seria expulso ou não.

E qual não foi a surpresa quando nem um minuto sequer foi dado a Pronger!

Curiosamente, nas entrevistas dos jogadores dos Senators após o jogo não havia uma grande indignação com esse fato. Eles estavam revoltados com a atitude de Pronger em si, mas não ouvi nenhum comentário sobre a cegueira temporária dos árbitros. Se, como cogita Allan Muir, Pronger acabar pegando uma suspensão leve, como um único jogo, ele provavelmente será um homem marcado no jogo em que retornar ao elenco dos Ducks.

Toda essa confusão soa ainda mais irônica se levarmos em conta o artigo de sexta-feira de Michael Farber, em que ele conta como Pronger poderia ter sido dos Senators.

"No recrutamento de 1993", conta Farber, "os Senators, que estavam a caminho de sua segunda temporada na NHL, deixaram de escolher Pronger para ficar com um extravagante atacante da Quebec Major Junior Hockey League: Alexandre Daigle. Daigle podia patinar como o vento, falava duas línguas e era bem parecido com [o ator] Luke Perry, do seriado "Barrados no Baile", que era meio que um "American Idol" naquele tempo. Pronger, um defensor alto com um potencial ainda maior, ficou para o Hartford Whalers, que tinha a segunda escolha."

Em um dia, falam-se maravilhas do jogador e cogita-se como ele se daria vestindo o vermelho e preto dos Senators. Dois dias depois, ele é vilanizado pelos mesmos torcedores que, ao ler a matéria de Farber, imaginaram um belo "como seria se" com um final feliz.

Essa, claro, não foi a única polêmica da noite.

Ainda houve o gol de Alfredsson, com o patim. Um lance esquisito, para dizer o mínimo, que mais uma vez levantou a polêmica dos gols com os patins. Disseram que não foi um movimento distingüível de pontapé. Ou seja, não foi um chute como no futebol.

Ora, quem disse isso obviamente não conhece muito de futebol. Realmente, não teve nada a ver com um chute de peito de pé ou mesmo de bico, mas é só olhar com calma para perceber que foi o típico chute de chapa, aquele que jogadores com pouca técnica usam quando uma bola é cruzada por baixo na pequena área. E, macacos me mordam!, o disco foi justamente cruzado na área!

Pode até ser que Alfredsson não tenha tido a intenção de mandar o disco para dentro com seu patim, mas que o movimento que ele faz com o pé dá a entender que era exatamente isso que ele queria, ah, isso dá. E isso em uma semana em que a ética nos esportes foi discutida nos EUA, graças a dois lances no beisebol: Alex Rodríguez, jogador do New York Yankees e também o mais bem pago das grandes ligas, pediu a bola num lance do time adversário, o que contribuiu diretamente para a vitória do seu time, e Norris Hopper, do Cincinnati Reds, colocou a bola na luva de seu colega caído para que o time adversário não marcasse uma fácil corrida.

No caso do Alfredsson, ao menos não se tem certeza se ele realmente foi com a intenção de marcar um gol ilegal. Se foi, então ele se encaixa exatamente nos mesmos casos citados acima, o que demonstraria que ele não aprendeu nada com a discussão (por mais que ele seja sueco e possivelmente não goste de beisebol, a primeira discussão especialmente foi bastante acirrada).

Aliás, assim como Pronger, que já tinha sido suspenso na fase anterior.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, conseguiu finalmente levar sua esposa a um restaurante de comida japonesa.
Reprodução/TV
O momento exato em que McAmmond deu uma "mandibulada" no cotovelo de Pronger.
02/06/2007     00  
Anaheim 1 2 0 3
Ottawa 1 3 1 5
PRIMEIRO PERÍODO — Gols: 1. Anaheim, Andy McDonald 7 (vantagem numérica) (Teemu Selanne), 5:39. 2. Ottawa, Chris Neil 2 (Chris Kelly, Andrej Meszaros), 16:10 . Penalidades: W. Redden, Otw (interference), 3:51; B. May, Anh (interference), 6:01; T. Moen, Anh (diving), 11:29; M. Fisher, Otw (roughing), 11:29.
SEGUNDO PERÍODO — Gols: 3. Anaheim, Corey Perry 5 (Dustin Penner, Ryan Getzlaf), 5:20. 4. Ottawa, Mike Fisher 5 (Anton Volchenkov), 5:47. 5. Anaheim, Ryan Getzlaf 7 (Dustin Penner, Corey Perry), 7:38. 6.Ottawa, Daniel Alfredsson 11 (vantagem numérica) (Wade Redden, Joe Corvo), 16:14. 7.Ottawa, Dean McAmmond 5 (Oleg Saprykin, Christoph Schubert), 18:34. Penalidades: S. Pahlsson, Anh (roughing), 2:04; J. Spezza, servida por M. Comrie, Otw (holding), 2:04; S. Niedermayer, Anh (hooking), 13:44; S. O'Donnell, Anh (cross check), 15:39.
TERCEIRO PERÍODO — Gols: 8. Ottawa, Anton Volchenkov 2 (Antoine Vermette, Chris Kelly), 8:22. Penalidades: C. Neil, Otw (roughing), 2:55; R. Getzlaf, Anh (roughing), 2:55; D. Penner, Anh (roughing), 2:55; C. Perry, Anh (roughing), 2:55; C. Perry, Anh (roughing), 2:55; M. Fisher, Otw (roughing), 2:55; P. Schaefer, Otw (roughing), 2:55; B. May, Anh (tripping), 5:43; P. Schaefer, Otw (interference), 10:41; R. Getzlaf, Anh (holding), 11:05; A. McDonald, Anh (interference with goaltender), 15:29; C. Phillips, Otw (roughing), 19:49.
CHUTES A GOL
Anaheim 8 11 3 22
Ottawa 10 12 7 29
Vantagem numérica: ANH – 1 de 3; OTW – 1 de 7. Goleiros: Anaheim – Jean-Sébastien Giguère (29 chutes, 24 defesas). Ottawa – Ray Emery (22, 19). Público: 20.500. Árbitros: Paul Devorski, Dan O'Halloran.
Edição Atual | Edições anteriores | Sobre TheSlot.com.br | Comunidade no Orkut | Contato
© 2002-07 TheSlot.com.br. Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução do conteúdo escrito, desde que citados autor e fonte.
Página publicada em 3 de junho de 2007.