Por: Allan Muir

Falaram para mim depois da derrota do Ottawa no jogo 2 que a história não está do lado dos Senators. Eu respondi dizendo que o presente também não está ajudando muito.

Por 54 minutos e 16 segundos, os Senators, superados em quase tudo, ao menos conseguiram se enganar. Uma boa jogada. Um erro descuidado de algum jogador dos Ducks. Um lance de sorte. Era só disso que eles precisavam para abrir o placar e sair de Anaheim com um empate na série.

Mas quando o lance de sorte apareceu, a pouco mais de cinco minutos do fim do jogo, o destino sorriu — como deveria — para os Ducks, sempre esforçados e trabalhando duro. E, depois que Sami Pahlsson marcou o gol da vitória por entre as pernas de Joe Corvo, passando por Ray Emery, o melhor time saiu com a vitória por 1-0 e uma merecida liderança de 2-0 na série.

Agora, os Senators têm de encarar a realidade: nada além de uma histórica virada vai salvar seus sonhos de conquistar a Copa. Por 30 vezes, o time da casa ganhou os dois primeiros jogos das finais desde que a melhor de sete foi introduzida, em 1939. Apenas um desses times, os Blackhawks de 1971, deixaram de capitalizar nessa vantagem para conquista a Copa Stanley.

Foi necessário um Montreal Canadiens recheado de futuros membros do Hall da Fama para vencer as probabilidades contra os Hawks naquele ano. E, mesmo com Emery fazendo sua melhor imitação de Ken Dryden — ele parou 30 chutes em uma atuação estelar ontem —, seus indiferentes e descuidados colegas não têm como ser confundidos com Jean Beliveau, Frank Mahovlich ou Yvan Cournoyer.

Como no jogo de abertura, os Sens foram desmantelados pela atuação claudicante de seus melhores atacantes. Mesmo eles tendo sido separados durante boa parte do jogo, a outrora linha principal do Ottawa, com Jason Spezza, Daniel Alfredsson e Dany Heatley, mais uma vez falhou na hora de gerar qualquer tipo de ataque. E, pelo segundo jogo seguido, eles estavam no gelo quando do gol da vitória nos minutos finais do jogo, marcado por um dos atacantes do Anaheim cuja missão era marcá-los e puni-los.

Na verdade, foi um descuido quando Heatley perdeu o disco na linha azul ofensiva — uma das 11 perdas de disco do trio ontem —, um desconcertante passe livre dado a Pahlsson por Alfredsson, que permitiu ao central do Anaheim carregar o disco por 30 metros antes de selar a vitória.

O lance deve ter sido particularmente incômodo para os Senators. Eles vieram para a série preocupados em parar Teemu Selanne, o homem dos 48 gols, e Ryan Getzlaf, a estrela em ascensão, mas a linha de tranco do Anaheim é que dominou o jogo em ambas as partidas. Ela tem 20 chutes contra 11 da linha principal do Ottawa ao longo dos dois jogos, e não só já tem dois gols contra nenhum da grande linha adversária, como esses dois gols foram os da vitória. Os porradeiros dos Ducks têm dominado facilmente seus oponentes, anulando sua vantagem na velocidade com uma marcação feroz que ainda acabou com o famoso jogo de transição deles. Com sua linha principal tropeçando, os Sens falharam na tentativa de criar qualquer tipo de ataque secundário.

Apesar do espancamento, o técnico dos Senators, Bryan Murray, permanece curiosamente otimista de que tempos melhores estão por vir quando a série continuar, no sábado, em Ottawa.

"Eu sei de uma coisa", disse Murray na entrevista coletiva após o jogo. "Nós vamos dar duro [no jogo 3]. Nós vamos ser competitivos."

Murray é claramente um adepto do poder do pensamento positivo. Ou isso ou ele tem uma máquina do tempo em Ottawa que vai trazer de volta aqueles Senators incansáveis e agressivos que pareciam quase invencíveis duas semanas atrás.

Aqueles jogadores do passado são exatamente o que Murray precisa para manter sua palavra. Os jogadores que ele tem à disposição hoje não parecem ter um futuro muito promissor.

Allan Muir é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
Jim McIsaac/Getty Images
O técnico Bryan Murray garante que seu time vai ser competitivo no jogo 3.
(30/05/2007)
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Página publicada em 31 de maio de 2007.