No ano passado, depois do jogo 2 a Copa já parecia destinada às mãos do Carolina Hurricanes. Eles não só tinham vencido as duas partidas, como ainda jogaram muito melhor e, a partir do fim do jogo 1, não puderam mais contar com seu goleiro titular.

Dá para traçar um paralelo com o que aconteceu em Anaheim nos três últimos dias, não? A maneira com que os Ducks dominaram os Senators dá a entender que estes não têm a mínima chance. Eles não estão sem o goleiro titular — aliás, o goleiro titular é justamente o único do time que está jogando tudo que pode —, mas a primeira linha parece ter sumida tal qual estivesse na enfermaria, contundida.

É até estranho poder comparar melhor essa série com o que aconteceu nas finais do ano passado e não conseguir achar uma única semelhança com o que aconteceu nas finais do Leste deste ano, uma série que terminou há pouco menos de duas semanas. Os Senators que jogaram ali e destruíram o Buffalo Sabres não parecem ter nada a ver com os Senators que têm sido massacrados pelos Ducks nas finais da Copa Stanley. É como se estivéssemos comparando o Ottawa Senators que foi campeão quatro vezes nos anos 1920 aos risíveis Senators de meados dos anos 1990 (apesar do mesmo nome, são franquias diferentes).

Até as finais do Leste, os Senators vinham bastante embalados, passando como um rolo compressor por seus adversários, não importando se eram os Penguins de Sidney Crosby, os Devils de Martin Brodeur ou os Sabres de... bem, de vários jogadores muito bons. Eu tanto falei no "fogo nos olhos" que os Senators pareciam ter ao longo das outras fases, e não mais que de repente, esse fogo se apagou.

O pior é que esse fator especificamente independe dos Ducks. Por mais que o time californiano esteja jogando muito bem, em especial o seu goleiro e sua linha de tranco, isso não deveria afetar o desejo de vitória dos canadenses. Uma coisa é perder para um time melhor; outra, bem diferente, é perder para um time melhor sem esboçar grandes sinais de vida.

Olhando por esse lado, não deixa de ser surpreendente que a vantagem dos Ducks em cada um dos dois jogos tenha sido de apenas um gol. Qualquer um que tenha visto apenas os lances que a ESPN mostrou em seu site pode até pensar que o jogo foi razoavelmente parelho, por causa das duas boas chances dos Sens que são mostradas. O problema é que essas foram as duas únicas boas chances dos Senators. O número ridículo de chutes a gol (16, sendo apenas nove nos dois últimos períodos) é muito revelador.

Talvez até isso seja uma tática dos Senators. Deixar o goleiro Jean-Sébastien Giguère tranqüilo, enferrujado e depois partir para cima em Ottawa. Lá os Senators terão a palavra final na escolha das linhas e poderão, ao menos por alguns segundos (até os Ducks trocarem de linha com o disco andando), livrar seu trio principal de Samuel Pahlsson, Rob Niedermayer e Travis Moen.

Por falar em Niedermayer, tendo visto o seu estilo de jogo desde o começo da década, é estranho vê-lo citado como exemplo de um jogador "pegador". Ele chegou à liga conhecido por seu talento, mas que só demonstrou em algumas poucas ocasiões e, por isso, passou a ser conhecido mais pela apatia e pelo desinteresse.

É, talvez as coisas mudem mesmo. Se até Niedermayer conseguiu virar um porradeiro temido, por que os Senators de duas semanas atrás não poderiam virar os Senators de ontem?

• Capa
• Como mudam as coisas...
• O reconhecimento
• Os números do jogo 2
• A supremacia dos Ducks
• Linha de tranco energiza os Ducks
• Acabou para os Sens?
• Notas rápidas do jogo 2
• O boletim do jogo 2