Por: Eduardo Costa

Gostaria de escrever algo sobre a grande tarefa que a linha do choque dos Ducks vem realizando, mas alguém, cujo simples nome já evoca magnificência, cuja história dentro do hóquei é de uma transcendência ímpar, já o fez. Senhoras e senhores, todos de pé, pois vou transcrever palavras de sabedoria de Teemu Ilmare Selanne:

"Eu não sei o que dizer sobre esses caras. Eles têm sido inacreditáveis durante toda a temporada. Obviamente estou muito feliz em ver que as pessoas percebem o quão bons eles são. E estou muito contente que Sammy Pahlsson tenha sido nomeado para o Troféu Selke, porque ele é incrível. E o mesmo com toda a linha. Eles têm orgulho de realizar suas funções, e, ofensivamente, eles cumprem quando eles têm que cumprir."

Como se não fosse suficiente ser um dos mestres na nobre arte de colocar discos em redes, Selanne despeja sabedoria com essa afirmação. E sim, Teemu, todos já estão cientes de como esse trio tem sido importante nessa longa caminhada dos Ducks em busca do Santo Graal do hóquei. Eles sufocaram a poderosa 1.ª linha dos Senators no jogo inicial das finais e ainda teve um de seus membros, Travis Moen, decidindo o prélio nos últimos minutos.

E os Senators padeceram do mesmo "mal" na partida seguinte.

Estamos no jogo 2 e, desesperadamente, os Senators buscam o empate. Com 15 segundos restando para o término do tempo regulamentar, Daniel Alfredsson chuta para o empate, mas, no meio do caminho, está o corpo de Moen. Dor? Medo? Nova Schin? Finais da Copa Stanley sem cobertura da TheSlot.com.br? Travis Moen desconhece isso tudo. Ainda mais quando aquele bloqueio poderia garantir a vitória — o que acabou acontecendo e que colocou sua equipe a duas vitórias do paraíso.

Pouco antes desse ato de bravura de Moen, outro membro da trinca que vem monopolizando as atenções dessas finais marcava o único gol da partida. Se a Copa acabar indo para o sul da Califórnia, esse gol entrará para a galeria dos tentos inesquecíveis, das jogadas imortais.

Não sei se meus cinco leitores irão recordar, mas no nosso guia da temporada, descrevi Pahlsson como sendo um dos melhores atacantes defensivos da NHL. Acompanhei a temporada 2005-06 com fartura — graças ao espetacular e filantrópico mundo dos torrents —, e a cada aparição de Pahlsson na telinha do complexo redatorial Sloteano, era visível que o sueco, em pouco tempo, teria todo um planeta se curvando diante de sua faceta (?) voluntariosa. Essa indicação para o Selke poderia ter vindo em 2006, mas antes tarde do que nunca.

É consenso geral que, se os Senators quiserem algo mais do que serem coadjuvantes dos Ducks nessas finais, terão que encontrar um modo de se desvencilhar e ao mesmo tempo anular o trio de choque do time de Anaheim.

A-Train mostra o caminho

Ainda no campo da entrega desmedida, temos Anton Volchenkov. Tenho viva na memória a coletânea (?) de erros cometidos por Volchenkov nos playoffs de 2006, contra os Sabres — em especial, naquele fantástico jogo que abriu a série. Um ano depois e o defensor vem sendo um dos melhores atletas, não só dos Senators, mas de toda essa pós-temporada. E se analisarmos somente as finais, arrisco a dizer que ele vem sendo o melhor integrante do time de Ottawa.

Como Jean Sebastien-Giguere anda exibindo um hóquei superlativo, limitando Ilya Bryzgalov à posição de espectador de luxo no banco dos Ducks, Volchenkov é o único representante russo com participação real nessa Copa Stanley. E ele fez duas partidas soberbas, que beiraram a perfeição. Na primeira partida, qualquer petardo que fosse lançado em direção a Emery, e que estivesse no campo de atuação de Volchenkov, era prontamente bloqueado por ele (dez chutes em toda a partida).

Mas não é só Volchenkov que vem sobrando na turma. Seu par, Chris Phillips, também vem vencendo batalhas interessantes contra Corey Perry e cia. Ambos deram uma aula de posicionamento no segundo jogo, além de trancos, chutes bloqueados e discos roubados. Coisas que nem mesmo duas derrotas foram capazes de mascarar. Agora, basta os companheiros olharem para o comprometimento de A-Train e Phillips e recolocarem os Sens no rumo certo.

Ah, e o que é ainda mais significativo: agora, o ídolo de milhões, de Elektrenai a Novo Hamburgo, Darius Kasparaitis, tem pra quem passar o cedro.

Imprensa (?) ianque

Única, incomparável e inimitável. Essa é a Copa Stanley. Nada se iguala à intensidade das batalhas que levam a sua conquista. Então, nada — exceto concursos de ninfetas com camisetas molhadas, é claro — pode ser tão agradável quanto assistir a uma série que vai, necessariamente, tornar um time imortal.

Mas, antes mesmo do disco cair para o jogo 1, muita gente escreveu sobre a quantidade de televisores que estariam sintonizados no que estava para acontecer no Honda Center; sobre o pouco números de jornais que cobririam a Stanley, e sobre o quão pouco interessante seria uma disputa entre dois times que não atraem tanta atenção da mídia. Nós, que respiramos hóquei, comemos hóquei e bebemos qualquer coisa que faça mal ao fígado (em larga escala), sabemos que se preocupar com isso é um grande desperdício de tempo. A não ser que, em vez de um aquecimento global, tenhamos um intenso congelamento global, capaz de fazer a baía de Guanabara ou o golfo do México virarem lugares propícios para a pratica do hóquei sobre o gelo, vamos ver nosso esporte sempre como uma novidade para os olhos da maioria.

Portanto, se o editor-chefe da seção de esportes do New York Post acredita que essas finais não são interessantes ou se alguém da NBC dá a ordem para "cortar" a exibição de uma partida de playoffs para exibir os preparativos de uma corrida de cavalo, apenas tenho a desejar que a alma de ambos queime eternamente na fogueira dos ímpios.

Eduardo Costa, gremista, anda sumido porque está trabalhando (?) em um projeto (?) inovador (?) para a TheSlot.com.br.
Jeff Cross/Getty Images
Além do Troféu Selke, não seria absurdo imaginar Samuel Pahlsson levando também o Troféu Conn Smythe pra casa.
(30/05/2007)
Jeff Cross/Getty Images
Anton Volchenkov foi o destaque dos Senators nas duas primeiras partidas. Que os outros sigam o caminho.
(30/05/2007)
30/05/2007     00  
Ottawa 0 0 0 0
Anaheim 0 0 1 1
PRIMEIRO PERÍODO — Gols: Nenhum. Penalidades: M. Comrie, Otw (boarding), 2:17; D. Miller, Anh (interference), 4:50; A. Volchenkov, Otw (boarding), 8:05; S. Thornton, Anh (charging), 12:31; C. Pronger, Anh (slashing), 13:24; M. Fisher, Otw (roughing), 18:07.
SEGUNDO PERÍODO — Gols: Nenhum. Penalidades: T. Preissing, Otw (tripping), 18:04; A. McDonald, Anh (hooking), 19:36.
TERCEIRO PERÍODO — Gols: 1. Anaheim, Samuel Pahlsson 3 (sem assistência), 14:16. Penalidades: Nenhuma.
CHUTES A GOL
Ottawa 7 4 5 16
Anaheim 12 14 5 31
Vantagem numérica: OTW – 0 de 4; ANH – 0 de 4. Goleiros: Ottawa – Ray Emery (31 chutes, 30 defesas). Anaheim – Jean-Sébastien Giguere (16, 16). Público: 17.258. Árbitros: Bill McCreary, Brad Watson.
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Página publicada em 31 de maio de 2007.