Por: Allan Muir

O Ottawa Senators ganhou uma vaga nas finais da Copa Stanley em grande parte graças a, ao longo de no mínimo três fases, ter evitado transformar maus períodos em maus jogos.

Pelo visto, já era essa seqüência, hein?

Depois de um começo empolgante que desmentia o tão falado intervalo de nove dias sem jogos, os Sens acabaram por ter sua pior atuação nos playoffs ao perder o jogo de abertura da série para o Anaheim, por 3-2. A máquina que parecia tão azeitada ao despachar Pittsburgh, New Jersey e Buffalo em apenas 15 jogos foi dominada a partir da metade do primeiro período de uma partida que não foi tão parelha como o placar final pode sugerir.

A ferrugem teria sido um fator determinante? Essa vai ser a desculpa elegante. Certamente não se viu quase nenhuma evidência do jogo conciso e confiante — especialmente na transição — que definiu os sucessos anteriores dos Senators. Mas este não foi simplesmente um caso em que os Senators, descansados demais, se esqueceram dos detalhes que os trouxeram a este ponto. Não, este resultado deve-se à execução quase perfeita por parte dos Ducks, que mais uma vez provaram a eficiência de malhar um adversário até a submissão.

A imponente linha de tranco do Anaheim, com Sami Pahlsson, Rob Niedermayer e Travis Moen liderou as tropas de novo, dando como resposta ao seu desafio mais duro destes playoffs a caçada à linha de 58 pontos composta por Jason Spezza, Dany Heatley e Daniel Alfredsson. Apesar de Spezza e Alfredsson terem cada um arrebatado uma assistência no gol em vantagem numérica de Wade Redden, no segundo período, o trio outrora incontrolável foi passado para trás e teve pior rendimento em igualdade numérica.

Olhando-se para a frente, há lições para ambos os times aprenderem enquanto esperam pelo jogo 2, amanhã.

Se os Sens quiserem evitar cair em um buraco de 2-0 na série antes de voltar a Ottawa, sua linha principal não pode simplesmente jogar melhor. Eles têm de ser os melhores jogadores do time, trazendo a intensidade, a energia e o comprometimento com a defesa que eles demonstravam antes. Spezza cometeu alguns erros não-forçados e foi meio mole com o disco a noite inteira, um problema que também comprometeu a eficiência de Alfredsson. Eles não conseguiram sobrepujar a linha de tranco e o par formado por Scott Niedermayer e Chris Pronger, perdendo o disco freqüentemente na zona neutra e não se adaptando a um estilo de lançamento e correria quando se tornou óbvio que o plano original não estava dando certo. Os Ducks não devem mudar de tática, então os três terão de fazer algum ajuste.

Redden e Andrei Meszaros têm de se apresentar para o jogo. A segunda dupla defensiva, tão confiável nas três primeiras fases, somou -5 no jogo 1 e ambos os seus componentes falharam no lance que deu origem ao gol da vitória. Os Sens também precisam de mais energia de jogadores como Chris Neil, Antoine Vermette e Chris Kelly. Os três têm de complicar a vida dos defensores dos Ducks como o Anaheim fez com o Ottawa.

No outro vestiário, a mensagem do técnico Randy Carlyle tem de ser "Continuem fazendo o que que vocês estão fazendo." O jogo físico incansável dos Ducks reduziu a eficácia dos defensores do Ottawa, deu origem aos três gols — que tal aquele belo turno de Drew Miller no primeiro periodo? — e criou várias outras chances de gol. Os Ducks chegaram a dar 11 chutes a gol contra nenhum dos Sens em um impressionante espaço de 18 minutos, cortesia de fortes jogadas na zona neutra e de um esforço em conjunto na linha azul. A linha formada por Brad May, Shawn Thornton e Todd Marchant tirou o máximo proveito de seu tempo limitado no gelo, com vários turnos castigantes para o adversário, incluindo um que virou a maré a favor do Anaheim no primeiro período. Sua disposição de fazer o trabalho sujo na frente do goleiro Ray Emery provou que ele é tão vulnerável aos efeitos do tráfego como Dominik Hasek, Roberto Luongo e Nicklas Backström. Dada sua tendência de gerar rebotes, lotar a cozinha de Emery vai ser vital para o sucesso dos Ducks.

Apesar do resultado, a atuação dos Ducks não foi impecável. Como tem sido o caso ao longo dos playoffs, o Anaheim cedeu oportunidades de vantagem numérica demais, incluindo três faltas que foram retaliações. Uma quarta, de Ryan Getzlaf, foi ainda mais irritante, já que a jovem estrela inexplicavelmente atacou Mike Comrie pelas costas três vezes antes de finalmente ser pego pelo apito. Os Sens fizeram os Ducks pagar com dois gols em sete chances, três a mais do que o Ottawa teve a oferecer. Se eles podem levar consigo algo de positivo deste jogo, é que sua equipe de vantagem numérica pode ser efetiva. O Anaheim tem de diminuir as oportunidades que dá de graça se quiser manter os Sens sob controle.

Com ainda mais em jogo, a segunda partida deve ser um confronto ainda mais intenso. Os Ducks sabem o que é necessário para ganhar. Os Sens ainda têm muito a provar.

Allan Muir é colunista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 29 de maio de 2007.