Os fãs mais novos do Detroit Red Wings, quando perguntados da maior
linha que já viram jogar, com certeza lembrarão dos "Russian Five",
onde o time colocava ao mesmo tempo Slava Fetisov, Vladimir Konstantinov,
Igor Larionov, Sergei Fedorov e Slava Kozlov, uma combinação sólida
na defesa e explosiva no ataque, repleta de talento em cada ponta. Juntos
foram pilares da conquista de 1997, a primeira em mais de 50 anos de
fila. Outros ainda lembrarão da "Grind Line", formada por
Kirk Maltby, Darren McCarty e Kris Draper, que com seu jogo físico
e a atitude de nunca desistir, atormentavam os adversários com sua marcação
cerrada. Mas com certeza os mais saudosos lembrarão mesmo da "Production
Line", a "Linha de Produção", termo tão famoso na automobilística
Detroit, que designava um novo conceito de produção no início dos anos
10, implantado por Henry Ford em sua fábrica de carros, e que revolucionou
o sistema industrial. Assim, quando no final dos anos 40, Sid Abel,
Gordie Howe e Ted Lindsay entravam juntos no gelo do antigo Olympia
de Detroit, o "velho celeiro vermelho", ou em qualquer outra
arena da NHL, era certeza que os gols sairiam em seqüência, uma verdadeira
linha de produção de pontos. Mas antes de falarmos da história da linha,
vamos conhecer melhor seus membros.
Sid Abel
Na ponta-esquerda, Sidney Abel, ou apenas "Sid". O jogador
que começou sua carreira nos Wings em 1938 — embora com passagens
por equipes das ligas inferiores — era conhecido não apenas pela
sua criatividade e habilidade, características marcantes em seu jogo.
Mas seu espírito competitivo, que o levava a encarar os adversários,
desferindo trancos se fosse preciso, o fez um verdadeiro herói em Detroit.
Em 1942, sua segunda temporada completa com os Wings, atingiu a marca
de 49 pontos em 48 jogos, lhe valendo indicação para a segundo time
da NHL naquela temporada. No ano seguinte, com apenas 24 anos, herdou
o "C" de capitão de Syd Howe e levou os Wings à conquista
da Copa Stanley, feito repetido também nas temporadas de 1950 e 1952,
somadas a cinco títulos de temporada regular. Individualmente, foi eleito
o Jogador Mais Valioso da NHL em 1949 — o primeiro Wing desde
Ebbie Goodfellow em 1940, e o segundo na história —, ano onde
também foi indicado para o primeiro time da NHL — em 1950 recebeu
nova indicação —, sendo o primeiro jogador a receber tal indicação
em duas posições diferentes, já que em 1949 foi indicado como central.
Neste ano, foi o líder em gols da liga, com 28 em 69 jogos.
O "Boot Nose", apelido dado após desferir um potente soco que acabou por fraturar o nariz de outra lenda da NHL, o "Foguete" Maurice Richard, ainda jogaria nos Wings até 1952, até ser negociado com o Chicago Blackhawks, onde assumiria também o posto de treinador do time, que foi revitalizado após sua chegada. Posto esse que assumiria posteriormente no seu Detroit, na temporada 1957-58, e lá ficou por uma década além do que foi gerente geral entre 1962 e 1971. Com Abel no comando, os Wings fizeram quatro finais de Copa Stanley. Fora do gelo também foi consultor do Los Angeles Kings, treinador e gerente geral do St. Louis Blues, mesmas funções exercidas no Kansas Cit Scouts. Nos anos 70 e 80 também atuou como comentarista de rádio nas transmissões dos jogos de Detroit. Foi eleito para o Salão da Fama do Hóquei em 1969, e sua camisa 12 está pendurada no teto da Joe Louis Arena. Na eleição dos 100 maiores jogadores da história da revista The Hockey News, figura na posição 85. Faleceu em fevereiro de 2000, prestes a completar 82 anos.
Ted Lindsay
O "Terrível" Ted Lindsay se juntou ao elenco dos Red Wings em 1944, aos 19 anos, após uma campanha de destaque com o Oshawa Generals que conquistara a Copa Memorial daquele ano, e embora de estatura mediana (1,77 m) para os padrões da NHL, mesmo àquela época, desenvolveu uma reputação de jogador vigoroso, que jamais se intimidou perante oponentes maiores que ele. Justamente essa agressividade, somada a tantas marcas em um rosto que não tinha a proteção de visores ou capacetes — segundo ele, após mais de 400 pontos levados, não mais continuou a contar —, lhe renderam tal apelido. Mas terrível também era seu jogo ofensivo, onde em 14 temporadas com a camisa vermelha, em dez delas marcou mais de 20 gols. Sua combinação de gols e garra jamais havia sido vista até então na NHL, ainda mais para um jogador que não tinha um porte dos mais avantajados. Nesses 14 anos, a máquina dos Wings conseguiu oito títulos de temporada regular e quatro Copas Stanley. Em duas dessas conquistas (1954 e 1955), Lindsay inclusive levantou a Copa como o capitão do time, após ser designado para o posto com a saída de Abel. Veio a temporada de 1957, que se tornaria um "divisor de águas" na carreira de Lindsay. No gelo, a que foi individualmente sua melhor temporada, liderando a liga com 55 assistências e atingindo seu recorde pessoal de 85 pontos, em uma temporada de 70 jogos. Fora dela, Ted mostrou outra faceta "Terrível": a de jogador polêmico, que defendeu como poucos a causa dos seus colegas de profissão.
Em uma época onde contratos basicamente inexistiam, os jogadores ficavam presos a seus times por toda uma carreira, e onde os salários eram baixíssimos, Lindsay foi um precursor na criação de uma associação de jogadores, que buscava um mínimo de condições de trabalho dignas, como um salário mínimo, fundo de pensão para os jogadores após encerrarem a carreira — que ficavam a mercê do pouco que ganharam durante a curta carreira —, etc. A associação no entanto foi vista como uma afronta pelos donos das equipes, que viam nela uma ameaça ao seu lucro cada vez maior. Punições como menos tempo de gelo ou demoção para ligas menores surgiram para Lindsay e outros líderes do movimento, como Doug Harvey do Montreal Canadiens. Assim, ao final da temporada de 1957, Lindsay foi negociado para o Chicago Blackhawks — o então patinho feio da liga —, em uma transação descrita pelo próprio Lindsay como "uma retaliação" por sua luta em fortalecer a União de Jogadores. Nos Hawks ainda jogou três temporadas até se aposentar. Mas o coração vermelho falou mais alto, e três anos depois, já com 39 de idade mas ainda jogando o esporte e treinando com os Red Wings freqüentemente, Lindsay, apoiado por seu ex-companheiro de linha, Sid Abel, já treinador dos Red Wings, disputou uma temporada final pelo time de Detroit. Embora no início a idéia fosse vista com certa antipatia pela comunidade em geral, o impacto foi o mesmo de sua época mais gloriosa. Detroit conquistou naquela temporada de 1965 o título da temporada regular, fato que não acontecia desde que ele saíra da equipe. Ele ainda planejou disputar a temporada seguinte, mas Detroit não poderia protegê-lo no recrutamento de desistência daquele ano, e o risco de ser recrutado por outro time fez com que Lindsay abandonasse de vez o gelo. Mas como um Red Wing, seu eterno desejo. Ainda na organização, foi nomeado gerente geral em 1977, quando os Wings eram uma franquia em declínio, e levou o time a uma subida de produção que o levou ao prêmio de Executivo do Ano na NHL. Assim como seu colega Abel, ainda dirigiu os Red Wings, por uma temporada (1980-81), mas sem sucesso e sem conseguir a vaga aos playoffs, abdicou desse cargo na temporada seguinte.
Sua carreira de talento no gelo e controvérsia nos bastidores lhe renderam
em 1966 a indicação para o Salão da Fama, onde também causou polêmica
ao recusar o convite para participar do banquete cerimonial, que à época
era fechado apenas aos homens, pois Lindsay queria que toda sua família
estivesse a seu lado. Prova de sua força, a partir do ano seguinte o
banquete passou a ser aberto a ambos os gêneros. Em novembro de 1991,
sua camisa 7 foi imortalizada pelo time que o consagrou, e em 1998 a
revista The Hockey News o elegeu como o 21.º melhor jogador de todos
os tempos.
Gordie Howe
Um jovem de 16 anos em 1944, e um pai de família, no alto de seus 52 anos em 1980. Em comum, a paixão pelo esporte e paixão que seu jogo despertava na torcida, além do alto nível que demonstrava a cada atuação. Atravessando eras, estilos, gerações, Gordie Howe redefiniu o hóquei, estabeleceu marcas, conquistou títulos e fãs, talvez o mais famoso deles, Wayne Gretzky, que imortalizou o número 99 em homenagem ao igualmente imortal 9 de Howe. O título de "Sr. Hóquei", como ficou mais famoso, não poderia estar em melhores mãos. Ao entrar para o time de Detroit em 1946, Howe impressionou pelo porte físico — 1,83m e 93 kg, um tamanho imponente perante os jogadores daquela época —, que o deu reconhecimento como um dos mais durões jogadores da NHL, daqueles que nunca fugia da briga — até o idolatrado Maurice Richard foi vítima de seus golpes —, e também pela capacidade de atacar e fazer gols, seu manejo preciso do taco, tanto com a mão direita quanto com a esquerda, e seu controle do disco, sendo quase impossível roubar-lhe o disco em uma disputa. Tal diversidade no seu jogo criou o famoso termo "Gordie Howe hat trick", que consistia de um gol, uma assistência e uma briga.
Quem lê sobre Gordie Howe imagina que para ter jogado por 34 anos na
NHL, o ápice do hóquei, sua carreira foi tranqüila do ponto de vista
médico, mas poucos sabem que na temporada de 1950, ainda um jovem ponta-direita,
Howe quase teve sua carreira, e até sua vida, prematuramente encerrada,
ao colidir de cabeça na mureta e desmaiar após um choque com Ted Kennedy
dos Maple Leafs. Howe sofreu uma fratura de crânio que os médicos consideraram
como o encerramento de sua carreira. Mas Howe era um guerreiro, e no
comemoração do título dos Wings, que venceram a adversidade da perda
de Howe para superar os Maple Leafs e os Rangers rumo à Copa Stanley,
ambos em prorrogação de jogo 7, Howe apareceu no gelo do Olympia para
celebrar, mesmo que timidamente, com seus companheiros de time. E para
completar a miraculosa recuperação, na temporada seguinte ainda faturou
o troféu Art Ross como o maior pontuador da liga. Aliás, pontuar nunca
foi um problema, tanto que foram seis Art Ross. De 1950 a 1971, o menor
número de gols em uma temporada foi 23, nada mau em uma época de poucos
gols e menos jogos por temporada. Para completar, de 1950 a 1971 Howe
sempre esteve entre os cinco maiores da NHL em pontuação.
E assim, com gols e agressividade — embora com o passar das temporadas ele tenha reduzido o número de brigas —, Howe foi a cada ano personificando o jogador completo, que fazia gols, dava assistências, ajudava a marcação, enfim, tudo que se esperava — e até mais — de um astro da NHL. Até o tempo de gelo de Howe impressionava. Era normal vê-lo jogando por 40, 45 minutos em uma partida onde a média de um jogador ficava na casa dos 25. Foi quando outra característica começava a surgir: a longevidade. Howe viveu os bons e maus momentos dos Wings. Nos anos 50, a equipe a ser vencida, com quatro Copas Stanley (1950, 1952, 1954 e 1955). Nos anos 60, já sem o brilho da década anterior, mas sempre presente, Howe continuava a desfilar seu hóquei em uma NHL que viveu inclusive sua primeira expansão, marcando o fim da era dos "Seis Originais". No entanto, Howe sempre deixou sua marca, com temporadas de 60, 70, 80, pontos, que foram lhe valendo praticamente todos os recordes da NHL durante sua carreira. Curiosamente, o Sr. Hóquei teve que esperar 23 temporadas para conseguir chegar a marca dos 100 pontos na carreira, quando a NHL já possuía 12 equipes e os trancos já não dominavam o jogo como nos anos 50. Nesta temporada de 1968-69, Howe inclusive alcançou sua melhor marca em assistências, com 59, que somadas aos seus 44 gols, lhe deram 103 pontos, o melhor total de sua carreira.
No entanto, um problema crônico no pulso lhe permitiu jogar apenas mais duas temporadas, totalizando incríveis 25, sempre com os Red Wings. Red Wings esses que seguiram no seu dia-a-dia, lhe dando um cargo executivo na equipe. Mas a paixão pelo hóquei falou mais alto, e Howe, aos 45 anos, e dois após encerrar a carreira, recebeu um convite do Houston Aeros para jogar na WHA, liga rival da NHL nos anos 70. Mais que a oportunidade de voltar a jogar, Howe teria a honra de jogar ao lado de seus filhos Mark e Marty, que haviam sido contratados pela equipe. Howe então submeteu-se a uma operação no pulso para voltar a ter condição de jogo. E na temporada 1973-74, Howe e seus filhos atuaram juntos naquela que seria o maior retorno pós-aposentadoria na história esportiva norte-americana. Como se não bastasse, e provando que o talento de Howe superava a barreira do tempo, ele marcou mais uma vez 100 pontos em uma temporada (faria 102 em 1976), e levou os Aeros a títulos consecutivos em 1974 e 1975. E ainda havia mais, já que com a queda do Aeros, Gordie e seus filhos foram para o poderoso New England Whalers, que com a fusão das ligas, acabou se tornando o Hartford Whalers na NHL. E Howe fez então o que parecia impossível. Disputar, aos 52 anos, uma temporada completa da NHL. Ele participou em todos os 80 jogos da temporada, anotando 15 gols e 26 assistências, e recebendo indicação para o Jogo das Estrelas, que naquele ano foi na Detroit que o acolheu por tanto tempo. Sua apresentação naquele jogo é talvez até hoje a mais demorada na história, tamanha a salva de palmas que recebeu do público emocionado na Joe Louis Arena, que já era a nova casa dos Wings, no lugar do antigo Olympia. Sua assistência neste jogo foi igualmente aplaudida de pé, naquela que foi sua 23.ª e última aparição no Jogo das Estrelas.
Uma carreira de 33 temporadas profissionais, quatro Copas Stanley, duas Copas AVCO (o título da WHA), sete títulos de Jogador Mais Valioso (seis na NHL e um na WHA), seis títulos de Maior Pontuador da NHL, 25 Jogos das Estrelas (23 na NHL e um na WHA). Todos os recordes de gols, assistências, pontos, jogos, possíveis e imagináveis da NHL quando se aposentou. Indicado ao Salão da Fama em 1972, um ano após sua primeira aposentadoria (sendo dispensado do período de espera de três anos para receber a nomeação). Teve sua camisa 9 aposentada pelos Red Wings e pelos Whalers. O terceiro maior jogador da história da NHL segundo a The Hockey News. Esse foi o Sr. Hóquei, um homem que atravessou eras, literalmente — afinal, jogou na NHL pós-guerra, nos "anos dourados", as décadas de 50 e 60, e a era da expansão da NHL, que mais que triplicou o número de equipes durante sua carreira —, e principalmente, sempre em um nível de excelência e uma combinação de estilos únicos até hoje.
A "Production Line"
Agora que você já conhece os membros da mais famosa linha ofensiva da história do Detroit Red Wings, vamos contar um pouco da sua história, e de como Abel, Lindsay e Howe tornaram-se um verdadeiro tormento cada vez que entravam juntos no gelo.
Em 1946, com a chegada de Gordie Howe, os Wings tinham os três juntos pela primeira vez, mas jogando separados. Foi preciso a chegada do novo treinador, Tommy Ivan, que substituíra o lendário Jack Adams, para que ele visse no trio uma combinação letal. Afinal, ele tinha em Lindsay o ponta de força, que brigava pelos discos. Em Abel, o central — mesmo improvisado —, um exímio patinador e com grande visão de jogo, capaz de distribuir passes precisos. E Howe, bem, era o jogador completo, capaz tanto de brigar pelo disco como passar e, principalmente, finalizar a gol. Além disso, a velocidade de Howe e Lindsay supririam a certa lentidão de Abel, o mais veterano da linha. Some-se a amizade e o respeito que havia entre eles, e Ivan estava começando a montar a combinação ideal.
Percebendo essa química, os três desenvolveram uma jogada que maximizou
as características de cada um. Pela primeira vez na NHL, os pontas enviavam
o disco para o canto do rinque, de forma a que o seu rebote viesse na
frente do gol adversário, onde o outro ponta estaria esperando para
uma tacada a gol, ou um passe para a finalização do central que vinha
na corrida. Como àquela época os goleiros ficavam mais plantados na
frente do gol, invariavelmente essa jogada que fora treinada à exaustão
acabou sendo uma marca registrada do trio, sendo responsável por gerar
muitos gols para os Wings.
E se em 1948 os três já lideraram os Wings na pontuação ao final
da temporada, em 1949 a NHL já começava a sentir a força da "Linha
de Produção" de Detroit, com Lindsay e Abel empatados na terceira
colocação na pontuação, com 54 pontos para cada um — Roy Conacher
de Chicago liderou a liga nesse ano com 68 pontos. Veio a temporada
1949-50 e a consagração do trio de ouro de Detroit. Em um feito jamais
alcançado até hoje, os três artilheiros da liga foram justamente
Ted Lindsay (23 gols e 55 assistências, para 78 pontos), Sid Abel (34
e 35, 69 pontos) e Gordie Howe (35 e 33, 68 pontos). A partir de 1951,
foi Gordie Howe quem assumiu as rédeas da artilharia, capturando o seu
primeiro de quatro troféus Art Ross em série, marcando 43 gols e 43
assistências, totalizando 86 pontos. Abel com 61 pontos e Lindsay com
59, terminaram em quarto e sétimo lugares, respectivamente.
No ano seguinte, mais domínio do trio de Detroit, com Howe e Lindsay dominando a artilharia com 86 e 69 pontos respectivamente. Abel com 53, ficou em sétimo lugar no geral. Entretanto, esta viria a ser a última temporada de Abel em Detroit, pois após o término desta campanha, ele foi negociado com o Chicago Blackhawks, onde iria inclusive iniciar sua carreira de treinador. Era o final da "Production Line", a Linha da Produção em Detroit. Quer dizer, em termos, porque a saída de Abel, teve como uma de suas causas o surgimento de outro nome que viria a fazer história nos Wings: Alex Delvecchio, que se tornaria um habilidoso criador de jogadas, e que jogaria por incríveis 23 temporadas com a camisa vermelha e branca. Delvecchio, ao passar a integrar o elenco dos Wings, foi designado para ser o substituto de Abel na "Production Line", que passou a receber o nome de "Production Line II", que ainda conseguiu manter o nível de domínio da sua antecessora.
Com a saída de Ted Lindsay em 1957, a segunda versão da Linha de Produção chegou também ao seu final. Mas como os fãs em Detroit sempre guardaram um carinho especial por esse termo, por tudo que significou para a cidade, no gelo e nas indústrias, eles ainda chegaram a homenagear uma terceira linha ofensiva com este nome. Em 1969, com a chegada de Frank Mahovlich de Toronto, um jogador grande, talentoso e rápido, e já um consagrado artilheiro, Delvecchio e Howe (quem mais?) acolheram o novo ponta-esquerda da equipe e formaram a terceira e última "Linha de Produção", curiosamente, a única onde Gordie Howe conseguiu atingir os 100 pontos em uma temporada. Igualmente dominante, mas já sem toda a aura que a linha original possuía. Uma linha única, com três jogadores que pareciam mesmo jogar em uníssono, e que tinham funções específicas, e onde cada etapa era única, como em uma fábrica de automóveis da Ford, porém no gelo do Olympia, com o intuito de produzir não carros, mas gols. E Copas Stanley.
Sidney "Sid" Gerald Abel
Ponta-esquerda, nascido em 22/02/1918 em Melville, Saskatchewan, Canadá.
Falecido em 07/02/2000.
1,80 m e 77 kg.
Carreira pelos Wings (1939 a 1943 e 1945 a 1952):
Temporada regular: 570 jogos, 184 gols, 279 assistências, 463 pontos e 366 minutos de penalidades.
Playoffs: 93 jogos, 28 gols, 30 assistências, 58 pontos e 79 minutos de penalidades.
Títulos e premiações:
Primeiro Time da NHL: 1949 e 1950.
Segundo Time da NHL: 1942.
Troféu Hart: 1949.
Troféu Wales (campeão da temporada regular): 1943, 1949, 1950, 1951 e 1952.
Copa Stanley: 1943, 1950 e 1952.
Robert Blake Theodore "Ted" Lidsay
Ponta-esquerda, nascido em 29/07/1925 em Renfrew, Ontario, Canadá.
1,76 m e 74 kg.
Carreira pelos Wings (1944 a 1957 e 1964 a 1965):
Temporada regular: 862 jogos, 335 gols, 393 assistências, 728 pontos e 1.423 minutos de penalidades.
Playoffs: 123 jogos, 44 gols, 44 assistências, 88 pontos e 181 minutos de penalidades.
Títulos e premiações:
Primeiro Time da NHL: 1948, 1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1956 e 1957.
Segundo Time da NHL: 1949.
Troféu Art Ross: 1950.
Troféu Wales: 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955 e 1965.
Copa Stanley: 1950, 1952, 1954 e 1955.
Gordon "Gordie" Howe
Ponta-direita, nascido em 31/03/1928 em Floral, Saskatchewan, Canadá.
1,83 m e 93 kg.
Carreira pelos Wings (1946 a 1971):
Temporada regular: 1.687 jogos, 786 gols, 1.023 assistências, 1.809 pontos e 1.643 minutos de penalidades.
Playoffs: 154 jogos, 67 gols, 91 assistências, 158 pontos e 218 minutos de penalidades.
Títulos e premiações:
Primeiro Time da NHL: 1951, 1952, 1953, 1954, 1957, 1958, 1960, 1963, 1966, 1968, 1969 e 1970.
Segundo Time da NHL: 1949, 1950, 1956, 1959, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967.
Troféu Art Ross: 1951, 1952, 1953, 1954, 1957 e 1963.
Troféu Hart: 1952, 1953, 1957, 1958, 1960 e 1963.
Troféu Lester Patrick: 1967.
Troféu Wales: 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1957 e 1965.
Copa Stanley: 1950, 1952, 1954 e 1955.
Fonte: LegendsofHockey.net Sid Abel, o segundo jogador à esquerda, como membro do segundo Time de Estrelas da NHL em 1949. |
Fonte: LegendsofHockey.net E aqui, Abel treinando seu Red Wings, durante a temporada 1960-61. |
Fonte: LegendsofHockey.net No vestiário, após eliminar os Maple Leafs em uma série de playoffs. Abel era o técnico, Lindsay e Howe comandavam o time no gelo. |
Fonte: LegendsofHockey.net Ted Lindsay, mostrando seu lado "terrível" contra um Maple Leaf. |
Fonte: SportsArtifacts.com Em 1957, Ted Lindsay e Gordie Howe eram dois dos maiores astros da NHL, como comprovou a revista "Sports Illustrated" nesta edição. |
Arquivo TheSlot.com.br Gordie Howe não cansava de marcar gols pelos Red Wings. Os Maple Leafs cansaram de levar tantos gols dele... |
Fonte: LegendsofHockey.net Prova de respeito: até o grande Maurice Richard (à esquerda), contemporâneo de Gordie Howe na NHL, rendeu-se ao talento do Sr. Hóquei: "Ele é capaz de fazer de tudo", disse o "foguete" Richard ao se aposentar. |
Fonte: HoustonAeros.com Em 1973, a oportunidade única de jogar ao lado dos filhos fez Howe retornar ao hóquei profissional aos 45 anos. |
Fonte: LegendsofHockey.net Sempre um "All-Star": Howe (camisa 9) com a seleção da NHL para o Jogo das Estrelas de 1962. |
Arquivo TheSlot.com.br Em 1980, a consagração. Em seu 23.º Jogo das Estrelas, Howe recebe a ovação da torcida na sua Detroit, contemplando uma carreira que atravessou cinco décadas. |
Fonte: HickokSports.com Howe, Abel e Lindsay juntos em um treino dos Red Wings. Tamanho entrosamento revolucionou a NHL nos anos 40 e 50. Era a nova "Linha de Produção" de Detroit. |
Fonte: Wikipedia.org Eternos: Lindsay (7), Abel (12) e Howe (9), têm seus números imortalizados na Joe Louis Arena — ao lado, o 10 de Delvecchio, sucessor de Abel na "Linha de Produção", além do 1 de Terry Sawchuk e do 19 de Steve Yzerman. |