Como fica o Anaheim Mighty Ducks sem Sergei Fedorov? Simplesmente com uma folha de pagamento menor. Porque a verdade é que o russo não estava fazendo qualquer diferença no gelo nesta temporada. Mal vinha jogando, aliás.

Ao contrário de vários outros jogadores, Fedorov não foi jogar em outras ligas durante o locaute da NHL. Isso não quer dizer muita coisa, afinal a pré-temporada dele foi excelente. Bom, na verdade, pré-temporada também não quer dizer muita coisa. Temporada rolando, Fedorov se machucou depois de uma meia dúzia de jogos em que foi peça nula. E aí, sem ele, os Ducks melhoraram.

Com a reviravolta orçamentário-financeira da liga e diante da reformulação de expectativas, a gerência viu que o melhor a fazer era livrar-se daquele salário incômodo para o primeiro que aparecesse. Consta que o gerente Brian Nurke não esteve rifando Fedorov — o que eu duvido muito — e que a troca saiu diante de uma sondagem do Columbus. Que seja.

Os Ducks se livram de um peso salarial e de um jogador que não correspondia ao que esperavam e agora, com espaço na folha de pagamento, se qualificam como um dos times que podem agir com agressividade no mercado de trocas. No mais tardar, no dia-limite de trocas. Por exemplo: é possível que Doug Weight seja negociado nesta temporada, e o Anaheim certamente será um dos candidatos.

Enquanto isso o time seguirá sua progressão natural, ainda aguardando o retorno do investimento pesado em Scott Niedermayer. Assim, alguma hora ele deverá deslanchar! De qualquer forma o time vem subindo de produção, ainda que a passos relativamente lentos.

Da chegada de Fedorov a Anaheim

Sergei Fedorov chegou a Anaheim em substituição ao ídolo local Paul Kariya. O então gerente Brian Murray não quis pagar a fortuna que Kariya pedira e decidiu apostar em Fedorov, que estava louco pra ir morar na Califórnia. Assinaram um contrato de US$ 40 milhões por cinco anos. A aposta era que o russo seria o superstar do time, aquele que guiaria o então vice-campeão da Copa Stanley a, quem sabe, um vôo maior.

A temporada de Fedorov em Anaheim foi ruim? Não, longe disso. Os 31 gols e 65 pontos não são pra qualquer um. Mas atendeu às expectativas? Em grande parte da NHL, que, com os pés no chão, sabia das limitações do russo, sim. Mas não em Anaheim, que viu o time sofrer da famosa síndrome do azarão-que-chega-às-finais-da-Copa-e-não-se-classifica-para-os-playoffs-no-ano-seguinte. Não exa-tamente por causa do russo — a temporada do então detentor do Troféu Conn Smythe, o goleiro Jean-Sébastien Giguere, também foi sofrível. Mas em Anaheim esperava-se mais do time com Sergei Fedorov no papel principal.

De volta à Divisão Central, agora no Columbus

Por mais que a troca pareça desequilibrada — e ela efetivamente é —, o fato é que dificilmente algum outro time teria interesse em arcar com o salário dele.

O camisa 91 agora vai jogar na mesma divisão do time que o revelou, o Detroit Red Wings. Certamente há uma boa dose de nostalgia entre Fedorov e antigos companheiros que, juntos, venceram três Copas Stanley, mas isso não vale para a torcida. Ainda que existam alguns torcedores que o aplaudam, a maioria esmagadora adora vaiar o russo quando ele aparece por lá. E assim continuará sendo.

No fim das contas, a troca acabou como uma punição a Fedorov. Não exatamente porque ele foi para um time pior, mas especificamente por dois pontos: primeiro, porque ele gostava de morar (e queria seguir morando) na Califórnia; segundo, porque ele foi para um dos mais horrorosos times da NHL. Ainda que valha aquela lenga-lenga de que os Blue Jackets têm um bom elenco de jovens e tal, Sergei não é o tipo de jogador paciente para ficar paparicando a garotada.

Que ele deverá ajudar o Columbus a subir alguma coisa, nisso eu acredito. Mas acredito também que o resultado final ficará abaixo — mais uma vez — do que a gerência espera. Aliás, arrisco a dizer: ficará BEM abaixo.

A contratação foi uma jogada meio que desesperada de Doug MacLean para fazer o time descolar do fundo do poço, local cativo da franquia desde que surgiu. Eu não acreditava que algum time na liga toparia arcar integralmente com aquele salário de US$ 6 milhões ao ano, mas, enfim, surgiu um. O Anaheim agradece de braços abertos.

Desde que amadureceu na carreira, depois de ser MVP e de conquistar Copas Stanley, Fedorov começou a achar que é mais jogador do que realmente é. A gerência dos Wings implicitamente o avisava de que ele não era tudo aquilo, mas ele insistia que era. Ele achava que nos Ducks finalmente iria reinar absoluto. E foi uma absoluta decepção. Os Blue Jackets agora acreditam na mesma coisa.

O fato é: Sergei Fedorov NÃO é, hoje, um jogador de elite da NHL. O que é de elite da NHL é o salário dele. Trata-se de um grande jogador que joga um hóquei de alta qualidade, mas só quando quer. E não é comum que ele queira.

E os Blue Jackets? No fundo do poço, como antes.


Marcelo Constantino dá as dicas do cinema nacional: "Cidade Baixa", ótimo, bem brasileiro contemporâneo; "Vinícius", de uma beleza e emoção ímpares; e "Cinema, Aspirinas e Urubus", filme diferente e cativante.
CAMISA NOVA Sergei Fedorov já na estréia, na última quarta-feira. O lamentável Columbus Blue Jackets travou um clássico de times medíocres contra o também lamentável St. Louis Blues. E perdeu (Matt Sullivan/Reuters - 16/11/2005)
TIMES PASSADOS Com a camisa do Anaheim Mighty Ducks, jogando em 2003 contra o time que o revelou, o Detroit Red Wings (AP - 03/12/2003)
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Página publicada em 23 de novembro de 2005.