O Boston Bruins vai voltar.
Talvez não às finais da Copa Stanley, considerando o quanto é difícil repetir o feito, mas definitivamente em relação ao seu elenco, esse vai ser talvez o único campeão da NHL desde o locaute não afetado pelo teto salarial.
Todos os jogadores, com exceção de Mark Recchi, que está se aposentando, e Tomas Kaberle, agente livre irrestrito, podem voltar e com dinheiro sobrando para substituí-los.
Dezesseis dos 20 jogadores que disputaram as finais ainda estão sob contrato, e apenas Recchi, Kaberle, Michael Ryder (o outro agente livre irrestrito digno de nota) e Brad Marchard (agente livre restrito) não estão.
Considerando que o teto salarial vai subir cerca de US$ 4 milhões e Marchand assine por algo em torno de US$ 3 milhões ao ano, o gerente geral dos Bruins, Peter Chiarelli, ainda vai ter cerca de US$ 8 milhões para substituir Recchi, Kaberle e Ryder.
(E esse raciocínio inclui os US$ 4 milhões do contundido central Marc Savard, que provavelmente vai continuar como exceção por contusão de longo prazo
e permitir ao Boston gastar ainda mais.)
É um grande contraste em relação à reconstrução que o campeão de 2010, o Chicago Blackhawks, teve que fazer, negociando meia-dúzia de jogadores devido ao teto salarial. Eles sofreram para se classificar aos playoffs como o oitavo colocado da Conferência Oeste e perderam em sete jogos na primeira fase para o Vancouver Canucks.
Como os Bruins foram construídos
Ao contrário do Chicago e vários outros times proeminentes, os Bruins não são um time construído com perdas intencionais (N.T: no inglês, tanking) e recrutamento de jovens prospectos de ponta.
Considere que Tyler Seguin, recrutado em segundo lugar geral no último verão com a escolha adquirida do Toronto Maple Leafs, é o único jogador de primeira rodada dos Bruins.
Em vez disso, Chiarelli usou uma estratégia baseada mais nas trocas, assumindo no fim das férias de 2006 após o gerente geral interino Jeff Gorton já ter assinado com um par de grandes agentes livres, o capitão Zdeno Chara e Savard.
No único recrutamento de Gorton, os Bruins escolheram Phil Kessel na primeira rodada, Milan Lucic na segunda e Marchand na terceira. Ele também trocou Tuukka Rask. (Kessel depois foi trocado pela escolha que se tornaria Seguin quando suas demandas salariais estavam muito altas.)
Depois daquele ponto, Chiarelli assumiu no lugar de Gorton, fazendo uma pequena troca depois da outra para eventualmente terminar com muitos dos 21 jogadores que venceram a Copa na noite de quarta-feira.
Em fevereiro de 2007, ele trouxe Andrew Ference em uma troca que mandou Brad Stuart e Wayne Primeau para o Calgary Flames.
Alguns meses depois,
Chiarelli negociou por Adam McQuaid, enviando uma escolha de quinta rodada para o Columbus Blue Jackets, e assinou com Shawn Thornton.
Após de os Bruins terminarem a primeira temporada de Chiarelli com apenas 76 pontos, ele demitiu o treinador Dave Lewis e trouxe Claude Julien, com quem o Boston tem média de 101 pontos por ano nas últimas quatro temporadas.
No verão de 2008, ele assinou com Ryder por um contrato de muito dinheiro, reunindo o ex-Habs com seu ex-técnico e trocou Matt Hendricks por Johnny Boychuk.
Em 2009, Recchi teve seu contrato renovado por um ano e US$ 1 milhão,
depois de ter chegado no dia-limite de trocas. Tim Thomas, David Krejci, Savard e Lucic receberam um bom aumento em seus novos contratos para continuar em Boston. Daniel Paille foi adquirido por duas escolhas.
No começo de 2010, um par de reservas e uma escolha de segunda rodada
renderam Dennis Seidenberg, que estava sofrendo na obscuridade com o Florida Panthers mas imediatamente se juntou a Chara na primeira dupla de defesa dos Bruins.
Poucos meses depois, Chiarelli negociou com os Panthers de novo, trocando Dennis Wideman e duas escolhas do recrutamento por Nathan Horton e Greg Campbell, duas peças fundamentais da corrida nos playoffs deste ano.
Então, em fevereiro, com o dia-limite de trocas se aproximando, ele adicionou mais três jogadores com Kaberle, Chris Kelly e Rich Peverley, melhorando a profundidade do Boston tanto no ataque quanto na defesa.
E mesmo com alguns erros no caminho, no fim, esse é o grupo com o qual Boston venceu.
Poucos remanescentes
Os únicos atuais Bruins que estavam no time de 2005-06, o ano anterior à chegada de Chiarelli, são Patrice Bergeron e Thomas — dois pilares, para ser claro.
Além de Bergeron, que já era um destaque do time, Krejci era a única escolha digna de nota antes de Gorton e Chiarelli
no time de 2011.
A grande maioria do elenco foi reunida ao redor da liga, um crédito para os olheiros de Boston.
Em uma era em que muitas franquias estão optando pelo longo caminho de reconstrução através do recrutamento, Chiarelli tornou os Bruins favoritos em dois anos e meio e venceu a Copa cinco anos depois de ser contratado.
Um balanço dos Bruins desde 2005-06
Remanescentes: três (Bergeron, Thomas, Krejci)
Agentes livres: três (Ryder, Chara, Thornton)
Trocas: 12 (Horton, Peverley, Recchi, Ference, Kaberle, Boychuk, Seidenberg, Paille, Kelly, Campbell, McQuaid, Rask)
Recrutamento: três (Marchand, Lucic, Seguin)
James Mirtle escreve para o The Globe and Mail. O artigo original foi publicado no dia 16 de junho e traduzido por Humberto Fernandes.