Durante a pré-temporada muita gente se apressou a apontar o Vancouver Canucks como um dos times a serem batidos para a temporada 2010-11 da NHL. Agora às vésperas do jogo das estrelas e já trilhando a segunda metade da temporada, a quantas anda realmente o tal famoso favoritismo da equipe mais a oeste do Canadá?
É certo que precisamos ver os números e as estatísticas para começarmos a ter uma idéia de como as coisas andam naquele lado da NHL, mas apenas isso não basta. É preciso ver as entrelinhas, os detalhes e as nuances para então realmente ter um ponto de vista definido sobre os Canucks.
Roberto Luongo tem jogado bem na grande maioria das partidas. Atualmente o quinto colocado em número de vitórias na temporada (23 contra 25 do líder no quesito), Luongo também está entre os sete melhores da liga quando comparamos a média de gols sofridos por partida e o percentual de defesas realizadas durante as partidas que jogo até aqui.
Mesmo sendo um jogador de grande importância para a equipe, a presença de um reserva de muito boa qualidade em Cory Schneider deu muita tranquilidade para a equipe, que agora não precisa usar Luongo como um burro de carga. Tendo um excelente reserva, torna possível deixar que Luongo descanse mais e possa chegar mais inteiro nos playoffs. Pelo menos essa é a lógica.
Em 38 partidas na temporada, Luongo registrou até agora 23 vitórias e apenas 8 derrotas no tempo regular. Schneider, por sua vez, começou 12 partidas, com 8 vitórias e apenas 2 derrotas no tempo regular. Certamente o gol não é o problema da equipe até o momento.
As contratações de Dan Hamuis e Keith Ballard na pré-temporada fizeram com que muitos comentaristas desse como certa a troca de Kevin Bieksa. Mas não foi bem assim que a coisa evoluiu. A contusão de Sami Salo certamente acendeu uma luz amarela na gerência dos Canucks, então Bieksa nem sequer foi cotado a ser negociado. Depois disso, logo no começo da temporada os Canucks foram afetados por contusões inesperadas exatamente dos dois defensores contratados, então ficou bem nítido que a gerência não pretendia negociar Bieksa.
A sequência de jogos em uma temporada regular é longa e, por vezes, pode ser extremamente desgastante para uma equipe que pretende ser mais que um mero participante nos playoffs. Contusões em sequência de Aarom Rome, Andrew Alberts, além de Salo, e mais recentemente do excelente Alexander Edler, mudaram totalmente os valores das peças no tabuleiro. De homem-extra, de sobressalente e de totalmente dispensável, Kevin Bieksa se tornou parte essencial para o sucesso dos Canucks na temporada.
Na minha avaliação, a gerência dos Canucks acertou duplamente: uma quando trouxe Ballard e Hamuis, e outra quando manteve Bieksa.
Os Sedin continuam sendo jogadores dominantes, de difícil marcação e que podem decidir uma partida a qualquer momento. Se eles se mantiverem saudáveis até o final da temporada, tudo leva a crer que terão mais um ano de recordes pessoais. E que isso se transfira também para sucesso nos playoffs, se Deus quiser.
Daniel Sedin lidera o time em gols e número de pontos marcados com 27 gols e 64 pontos em 50 partidas, enquanto Henrik tem 50 assistências e 11 gols no mesmo número de partidas. Uma das gratas surpresas tem sido o muito bom desempenho de Ryan Kesler. Empatado na liderança de gols marcados com Daniel Sedin e seus 27 gols, Kesler tem sido nada menos do que fantástico e muitas vezes decisivo. No final do ano ele marcou seu primeiro hat-trick e engatou uma boa sequência de pontos.
Alex Burrows voltou da sua contusão e cirurgia e aos poucos foi reconquistando seu espaço na equipe. Se não demonstrou ainda ser o mesmo jogador explosivo e decisivo, por outro lado mostrou ter se desenvolvido no quesito de jogador de equipe, jogando menos para ele e mais para os companheiros. O que tem sido muito bom para os Canucks.
Quem poderia estar jogando mais eram Mason Raymond e Mikael Samuelsson, mas ainda é cedo para dizer que suas temporadas têm sido decepcionantes.
Mudando para a defesa, Alexander Edler e Christian Ehrhoff têm sido realmente dominantes e fantásticos até aqui, principalmente em situações de times especiais (vantagem e desvantagem numéricas). Ehrhoff tem 28 pontos, sendo 20 assistências, enquanto Edler tem 32 pontos com 24 assistências. Sem falar no ex-descartável Bieksa que lidera o time em mais/menos com 21 positivos e está entre os melhores da liga nesse critério.
Infelizmente para os Canucks, essa semana foi oficialmente que Alexander Edler está fora por tempo indeterminado devido a um problema de coluna, sendo bastante provável a necessidade de tratamento cirúrgico e o seu retorno não tem previsão.
De uma maneira geral, ver os Canucks jogar é algo bastante gostoso, pois o time tem muita velocidade e determinação, contando ainda com um forte poder de reação quando está perdendo uma partida por até 2 ou 3 gols de diferenças. Ao mesmo tempo, os Canucks tiveram colapsos perigosos e injustificados jogando contra equipes consideradas inferiores, notadamente o Calgary e o Minnesota.
Aliás, os torcedores do Vancouver esperam que na primeira fase dos playoffs o time não enfrente de maneira alguma o Minnesota, pois quando joga como visitante os Canucks simplesmente não conseguem render na arena do Wild. Certamente um grande problema para quem pretende ser campeão. Enquanto isso, os Canucks já mostraram poder jogar de igual para igual, ou até mesmo melhor, do que grandes equipes do oeste como o Detroit e o Chicago.
Contra seus arqui-rivais Balckhawks, os Canucks conseguiram uma impressionante vitória em Chicago onde venceram com direito a shutout, e na última partida contra o Detroit o fator que fez diferença foi Jimmy Howard. Os Canucks jogaram muito mais, cansaram de perder gols e o Detroit soube capitalizar na parte final da partida.
Com um time jogando bem e, principalmente, bastante equilibrado, as estatísticas mostram que os Canucks estão entre os 3 melhores ataques a liga e ao mesmo tempo estão entre as 3 melhores defesas. Em vantagem numérica o time de Vancouver tem sido mortal para seus adversários, fazendo-os pagar caro pelas penalidades cometidas, enquanto tem conseguido um bom desempenho matando as próprias penalidades (5° na liga em Pentalty Killing).
Enfim, o Vancouver Canucks tem aparecido como um dos times mais completos até o momento, com um grande goleiro, uma excelente defesa e um ataque perigoso. O que resta saber é se esse bom desempenho da temporada regular vai ser transferido também para os playoffs, porque saber que eles são bons e podem vencer todo mundo já sabe. Porém, se o time não chegar pelo menos nas finais do oeste, não importa o que consigam nos primeiros 82 jogos da temporada, o resultado terá sido um fracasso e eu duvido muito que Alain Vigneault consiga se sustentar no cargo nessa situação.