Uma final justa. Justa talvez não seja a palavra — toda final pressupõe-se justa —, mas é pra enfatizar o domínio que cada time teve sobre sua conferência. Em momento algum os dois times estiveram atrás em suas séries.
Certamente as opiniões quanto ao favorito desta final devem se dividir. Mas o certo é que, pela primeira vez desde 1997, o Detroit Red Wings não é favorito na final da Copa Stanley. É também a primeira final, desde 1997, entre duas cidades consideradas grandes mercados de hóquei. E, pela primeira vez desde a era Mario Lemieux, o Pittsburgh Penguins chega à final.
A chegada dos Penguins à final coroa o belo trabalho da gerência, renovando bruscamente a equipe ainda no fim da era anterior ao novo Acordo Coletivo de Trabalho, recrutando o que havia de melhor e contratando pontualmente para preencher lacunas nesta temporada. Some-se a isso a breve - porém, ao que tudo indica, suficiente — experiência nos playoffs passados, e você tem um time pronto para levantar a Copa. Visto como essencialmente ofensivo, o Pittsburgh calou muitas bocas nesses playoffs com um hóquei de primeira qualidade em qualquer setor do gelo. Jogou com paixão. Ofensiva e defensivamente foi dominante. Dominou amplamente todas as séries, jamais esteve sequer perto de ser ameaçado e perdeu nada mais que apenas dois jogos até aqui. Dois jogos! Arrasou quem apareceu pela frente.
Os Red Wings também demonstraram um amplo domínio em sua conferência, ainda que tenha passado por dois "apagões". O time chegou a estar relativamente ameaçado após perder os dois jogos em Nashville na primeira fase, mas aquele foi o ponto mais distante do que podemos chamar de domínio sobre a Conferência Oeste. Abriu 3-0 na série contra o Dallas Stars — time que eliminou dois dos maiores favoritos à Copa deste ano, San Jose Sharks e Anaheim Ducks —, relaxou, mas fechou a série em Dallas no jogo 6, com um definitivo 4-1.
Ambas as equipes têm duplas dinâmicas. De um lado, Sidney Crosby e Evgeni Malkin, ainda muito jovens, ainda com praticamente uma década de glórias pela frente. Do outro, Pavel Datsyuk e Henrik Zetterberg, ambos não tão jovens, não tão veteranos — e Datsyuk já tem a Copa de 2002 no currículo. A final dirá qual dupla é melhor, embora a tendência seja apontar a dupla dos Pens como a mais mortal e a dos Wings como mais completa.
No gol temos o embate entre a juventude de Marc André Fleury e a experiência de Chris Osgood. Fleury é um misto de realidade e esperança de um grande goleiro; de ser o goleiro da chamada geração Crosby. Osgood carrega a esperança de, perto do fim da carreira, conquistar sua terceira Copa exatos dez anos depois de quando foi campeão como titular.
Na defesa é onde muito apontam a superioridade do Detroit. No papel, observando apenas os nomes, de fato parece superior. Mas os supostos desconhecidos de Pittsburgh, liderados pelo sempre ótimo Sergei Gonchar, provam o contrário: os Pens permitem muito poucos gols por jogo.
No fim das contas, talvez a chave para cada um seja marcar um gol primeiro. O histórico de ambos os times mostra que, quem abre o placar, vence quase 90% das partidas. Mas, por outro lado, esses números estão aí mesmo para serem desprezados e contrapostos.
Embora Detroit e Pittsburgh não tenham se enfrentado na temporada normal
— e desconsiderando a possibilidade de surpresas do tipo a final de
1995 —, esses times têm tudo para protagonizar a melhor final que a
NHL já viu desde 1994. Desde então, a melhor final a que assisti foi
entre Carolina Hurricanes e Edmonton Oilers, em 2006. O melhor jogo
7 de final foi entre Tampa Bay Lightning e Calgary Flames, em 2004.
Que Detroit e Pittsburgh superem isso.
Jim McIsaac/Getty Images Sidney Crosby recebe o troféu de campeão da Conferência Leste. |
Julian H. Gonzalez/DFP Nicklas Lidstrom recebe o troféu de campeão da Conferência Oeste. |