No final da semana passada o Campeonato Mundial do Hóquei no Gelo, que foi realizado no Canadá, conhecia seus finalistas.
O Canadá enfrentava a Suécia por uma vaga na final do campeonato e levou a melhor na partida. Os donos da casa começaram com todo o gás e partiram para cima da Suécia, com a finalidade de decidir a partida logo no começo. A tática parecia dar certo quando Dany Heatley abriu o placar em vantagem numérica antes de completar 6 minutos de jogo. A partir daí os suecos equilibraram a partida e passaram a imprimir maior ofensividade, levando perigo ao gol canadense.
No final do período os visitantes conseguiram empatar a partida, quando faltavam 44 segundos para o término do primeiro período, quando Anton Stralman mostrou oportunismo e calma para empatar o jogo.
Os canadenses não esperavam o empate e aquilo foi um verdadeiro balde de água fria no ânimo dos campeões do ano passado.
No começo do segundo período os suecos contaram com a sorte e aproveitando um contra-ataque conseguiram virar o placar a seu favor com gol de Niclas Wallin.
Mas os canadenses não iriam deixar o sonho do bicampeonato fugir assim tão fácil e trataram de empatar a partida apenas 72 segundos depois com o gol de Getzlaf, também em vantagem numérica.
Pouco depois os canadenses levaram sua torcida à loucura ao virar o placar para 3 a 2 a seu favor quando Jamal Mayers marcou seu gol.
Apenas 3 minutos depois a Suécia empatava novamente a partida, agora em 3 a 3 com o segundo gol de Stralman na partida.
Para aumentar mais ainda a emoção do melhor período de hóquei de todo o campeonato o Canadá retomou a liderança somente um minuto depois do empate conquistado pelos suecos quando Nash fez um golaço e colocou seu time 4 a 3 na frente.
Para quem acha que a emoção ficou por aqui, o Canadá ainda conseguiu marcar seu quinto gol da partida faltando apenas 6 segundos para o final do período.
Liderando por 5 a 3 os canadenses souberam controlar a Suécia no terceiro período, além de contarem com a sorte a seu favor. Os visitantes ainda chegaram a diminuir a desvantagem marcando seu quarto gol na partida, mas a reação ficou por aí e o Canadá garantia a vaga na finalíssima do campeonato mundial em Quebec.
Na outra semifinal a Rússia não teve dificuldades para despachar a Finlândia, vencendo a partida por 4 a 0. A última vez que a Rússia tinha avançado à etapa final do mundial foi em 2002 e seu último título tinha vindo em 1993, 15 anos atrás.
Os gols da vitória russa foram marcados por Sergei Fedorov, Alexei Morozov, Maxim Sushinsky e Danis Zaripov. A Finlândia não mostrou porque chegou até as semifinais do campeonato e foi presa fácil para os talentosos e disciplinados russos que comemoraram muito a vitória e chance de voltar a disputar o ouro, alguns deles pela primeira vez.
Para resumir a partida, a Finlândia recebeu duas penalidades por jogadores em excesso no gelo enquanto a Rússia deu um baile, uma verdadeira lição de como se joga hóquei em nível internacional.
Graças ao destino, agora Canadá e Rússia iriam disputar o ouro do Campeonato Mundial, colocando frente a frente as duas principais e mais respeitadas escolas de hóquei no gelo do planeta.
Precisando recuperar seu prestígio e orgulho os russos precisavam reconquistar o ouro e novamente se impor no mundo do hóquei, enquanto que o Canadá buscava o bicampeonato no Mundial e quebrar o tabu do país-sede não conquistar o campeonato.
A partida foi o que se esperava de um confronto dessa magnitude. Apenas 1 minuto e 23 segundos depois de iniciada a partida a Rússia tirava o primeiro zero do placar quando Alexander Semin colocou o time visitante na frente do placar. Mas o Canadá não deixou barato e tratou de empatar a partida logo na seqüência chegando, ao empate no gol de Brent Burns.
Aos 9 minutos Martin St. Louis quase colocou o Canadá na frente, mas sua tacada após bater Nabokov encontrou o poste e caprichosamente não entrou. Mas os canadenses conseguiram a liderança quando Chris Kunitz fez o segundo gol dos donos da casa levando a torcida ao delírio.
Tudo parecia se encaminhar para aquele final perfeito a favor dos canadenses quando eles abriram 3 a 1 na partida, aproveitando dupla vantagem numérica, aos 14:51 com o segundo gol de Burns na partida.
No começo do segundo período foi a vez dos russos aproveitarem vantagem numérica e, com Alexander Semin, chegaram ao seu segundo gol na partida cortando a liderança do Canadá para 3 a 2.
Os donos da casa novamente abriram 2 gols de vantagem (4 a 2 então) no meio do segundo período, parecendo novamente que tinham o controle da partida nas suas mãos. Puro engano. No terceiro período os russos trataram de jogar seu melhor hóquei em busca do empate e de tirar a desvantagem de dois gols no placar a favor do Canadá.
Deu certo. Aos 9 minutos a Rússia encostou no placar (4 a 3) com um gol de Alexei Tereshchenko. Ovechkin quase empatou a partida faltando pouco mais de 6 minutos para o final, mas a Rússia não desanimou. Sabendo que perdia por apenas 1 gol e que tinha chances de empatar a partida para pelo menos forçar uma prorrogação os russos trataram de ir buscar o resultado.
E o empate finalmente veio para os russos quando faltando apenas 5 minutos para o final da partida Ilya Kovalchukmarcou o quarto gol dos visitantes, silenciando a torcida em Quebec.
O que parecia improvável agora era realidade. A Rússia saíra de um déficit de 4 a 2 no começo do terceiro período para um empate em 4 a 4 no final do período. O Canadá não conseguiu mais reagir no período e a partida seguiu para o tempo extra.
Na prorrogação o Canadá recebeu uma penalidade discutível, quando Rick Nash colocou o puck no banco da Rússia e os árbitros precisaram de uma conferência para definir a penalidade. Quis o destino que justamente nessa oportunidade de vantagem numérica Ilya Kovalchuk colocasse o puck no fundo das redes adversárias, sentenciando a vitória russa e a quebra do jejum de títulos da Rússia. Depois de 15 anos novamente a Rússia conquistava o maior degrau no Campeonato Mundial, deixando os donos da casa canadenses com a prata.
Festa russa e decepção canadense, frente uma casa lotada com quase 14 mil torcedores.
Para registrar ainda, o bronze conquistado pela Finlândia na partida pelo terceiro lugar contra a Suécia.
O destaque individual do campeonato foi o atacante canadense Dany Heatley, escolhido o melhor jogador do torneio e que quebrou os recordes de gols marcados num mesmo campeonato (12, anteriormente era 11 de Eric Lindros em 1993) e também o total de pontos (20, empatando com a marca de Steve Yzerman em 1990).
A conquista do campeonato pela Rússia agora deixou o país empatado com o Canadá na briga pelo maior número de títulos conquistados: 24 para cada lado.
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Página publicada em 21 de maio de 2008.