A NHL está de volta.
De cara nova, não só por causa dos uniformes de cada um de seus times, mas também
por causa dos novos logos que muitos deles resolveram estrear. Não deixa de ser uma estratégia de marketing, e que, até aqui, parece estar sendo razoavelmente bem-sucedida nos Estados Unidos, dada a repercussão que as mudanças têm tido na mídia de lá. Tudo que vem para melhorar o esporte mais quente no gelo é válido, mas às vezes parece que a NHL não se dá conta de que há muito mais a fazer que meras alterações cosméticas.
Não estou nem falando das opiniões negativas de vários jogadores, que criticaram o novo tecido das camisas — que, a fim de impedir que o gelo derretido as deixasse molhadas e pesadas, passou a ser mais impermeável, mas isso, por outro lado, passou a impedir que o suor deixasse o corpo. Não, o problema é mais complexo.
Afinal, as mudanças daqui a pouco já não serão mais mudanças; serão o novo status quo, então não se falará mais delas. E é exatamente aí que mora o problema: não se falará mais sobre hóquei, porque o assunto parece que se limitava às novas camisas e aos novos logos. Da divulgação em si ninguém fala.
Ninguém parece se lembrar de que países como o Brasil, sempre um mercado novo em potencial, não assistem a uma partida pela televisão há anos. Tudo bem, poucos de lá se importam com a divulgação do hóquei em um país onde gelo é mais visto dentro de coquetéis na beira do mar do que caindo do céu. Mas eles deveriam se importar com o fato de que nos Estados Unidos a Vs., obscura emissora a cabo, é quem está encarregada de transmitir a grande maioria das partidas.
O hóquei já não é tão popular nas terras do Tio Sam quanto a NHL gostaria, e ainda por cima está fora da ESPN, a meca de transmissões esportivas. Tudo porque a liga, em um momento de soberba na pior hora possível, não aceitou ceder gratuitamente os direitos de transmissão por um ano que fosse. Parece absurda a oferta da emissora? Não se lembrarmos que a oferta foi feita imediatamente após o fim do locaute que varreu da história a temporada de 2004-05.
E menos ainda se considerarmos que o contrato que a liga assinou com a NBC, emissora aberta, praticamente é uma cessão gratuita de direitos de transmissão. Pior: com a emissora estipulando o que quiser. Não é preciso ser um Jack Welch para perceber que não foi uma aposta muito inteligente. Não que a NBC esteja se refestelando em lucros, porque a audiência do hóquei nos Estados Unidos está baixíssima.
A nova aposta do marketing da liga é um jogo ao ar livre em solo americano, similar ao disputado entre Oilers e Canadiens em Edmonton, em 2003.
Será um evento interessante e atrairá a atenção da mídia,
mas só até o dia 1.º de janeiro, quando ele efetivamente ocorrerá. E depois?
Não deixa de ser surpreendente que uma liga que ainda não se reencontrou desde o penúltimo locaute, há já longínquos 13 anos, ainda não tenha ao menos traçado um planejamento tangível para melhorar sua presença nos Estados Unidos, país que por alguns breves meses, em 1994, pareceu disposto a adotar o hóquei como um de seus principais esportes. Enquanto a liga não resolver esse problema, esperar que ela resolva dar atenção a um mercado inexplorado como o Brasil é esperar um pouco demais. Ainda que seja o único país do mundo a ter uma revista semanal gratuita sobre hóquei no gelo.