Por: Fábio Ivo Monteiro

O núcleo de uma equipe de hóquei profissional é geralmente composto de um número médio de 15 atletas, enquanto outros cinco ou dez jogadores existem como peças móveis.

Entre convocações, cortes, negociações e lesões, as peças que dão uma margem ao seu elenco sofrem mais viradas que um disco em um jogo do Toronto Maple Leafs, e você cresce acostumado a ver isso — essa é uma das realidades do trabalho.

No momento, as equipes estão lidando com essas peças, tentando fazer os remendos e os ajustes certos para se colocarem no topo da liga, ou, pelo menos, chegarem aos playoffs. Uma movimentação no elenco, feita por um gerente geral, é parecida com uma troca de nomes feita em vídeo-game. E assim vidas são misturadas como cartas em um baralho.

Estamos vendo novas dessas cartas, de todas as partes do mundo, sendo adicionadas às mãos de cada time, como o "aparentemente não-gordo" Kyle Wellwood indo para San Jose, Marek Svatos se juntando ao Nashville, e Evgeni Nabokov, que deve encontrar um novo time norte-americano antes de você acabar de ler esta coluna.

Quando você entra no vestiário e há uma mala de outro time sendo desfeita no seu vestiário, o assunto vira a "fofoca de corredor", como nos tempos do colegial. Todos querem — quer dizer, precisam — saber a biografia do cara, porque a vida de todos será afetada por ele.

A menos que ele seja um grande nome, você começa a procurar informações sobre o sujeito — a busca começa, normalmente, pelos treinadores, que são a rara ligação entre o escritório do técnico e o vestiário.

"Qual o nome dele? Qual é a posição? Onde está ele?"

E, como um atacante de segunda linha, tudo o que você está esperando como resposta é que ele não seja atacante, um ano mais novo que você, um centímetro mais alto e que atue na mesma posição que a sua.

Uma nova contratação pode ser uma coisa boa para uma equipe em dificuldades, uma vez que proporciona um salto para um grupo que espera dizer algo como "desde que negociamos Butch Goring, nos tornamos insuperáveis" em um futuro próximo.

Ter um novo companheiro de equipe é parecido como ganhar um presente no Natal. Todos dão um pouco mais de atenção a ele durante os treinamentos, para ver exatamente o que esta novidade pode fazer. Você, de repente, tem uma nova arma para implantar, e você precisa saber como ela pode ser usada melhor.

A maioria dos novos jogadores parece em grande forma nos primeiros dias de treinamento, pois eles sabem que todos estão assistindo. Há um enorme incentivo para tirá-los do ritmo de treino e colocá-los em ritmo de jogo.

(O novo cara quase sempre se atira contra os jogadores de qualidade no início, para que treinadores e o gerente geral possam comprovar que tomaram a decisão certa em trazer o novo jogador.)

O problema é que o gerente geral não deve exagerar em toda a questão de ajuste do elenco, a menos que ele realmente queira mudar a ideologia da equipe. Eu estive em um time que trouxe tantos novos rostos que eles meio que se uniram e começaram a formar suas próprias panelinhas.

O novo cara se torna velho quando parece que todo dia chega um novo companheiro ao time. Enquanto isso, sua equipe pode lutar para encontrar uma nova identidade com os novos jogadores, ou começa a se perder na antiga.

E isso toma o tempo necessário para o time engrenar. Você não quer ficar preso tentando chegar aos playoffs enquanto busca descobrir não apenas o que seus companheiros podem fazer, mas também o quê você se tornou como um grupo.

Identidade de uma equipe é algo grande no hóquei, como quando você descobre, com uma pitada de orgulho, que recebeu a alcunha de "time que trabalha duro e topa qualquer parada" ou a de "time de habilidade e com uma vantagem numérica mortal". Os gerentes gerais têm de ter cuidado para não agitar demais enquanto se aprofunda o elenco para a segunda metade da temporada.

Sim, talvez um time como o San Jose, que fez algumas adições ao elenco e que é mais suscetível a fazer outras, precise de uma nova identidade — essa é a dura decisão que Doug Wilson deve encarar daqui para frente.

Meu palpite é que os jogadores no vestiário imaginem que seus times são muito bons e acreditam uns nos outros. Logo, preferem ver uma ou duas pequenas alterações que uma revisão completa do elenco.

Como estamos entrando na época equivalente aos playoffs para os gerentes gerais, os ajustes de elenco estão em andamento. Eles estão sob pressão — como ficou provado pelas citações ridículas de Dean Lombardi sobre Mike Murphy — e estamos prestes a descobrir que pode se sobressair na marra.

Justin Bourne escreve para o blog Puck Daddy. O artigo original foi traduzido por Fábio Ivo Monteiro.

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Página publicada em 23 de janeiro de 2011.